Receita para o bilhão
- 25 de agosto de 2021
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Muitos almejam enriquecer, mas não sabem como fazê-lo. O pesquisador e professor de contabilidade, Waggnoor Macieira dá o caminho das pedras para quem quer o sucesso financeiro.
Govanni Manzolli
Ser bilionário. Esse é um sonho que certamente a maior parte da população mundial adoraria realizar. Muitos até tentam, mas não obtém sucesso. Há uma enorme variedade de youtubers e influencers digitais metidos a gurus do bolso cheio que sempre tem conselhos fabulosos que prometem te fazer rico em pouquíssimo tempo. Mas, será que esses dizeres são realmente eficientes? Será que existe um caminho exato para o sucesso financeiro? O que fazer para ter uma grana a mais vivendo em um país tão desigual quanto o Brasil? Esses e outros questionamentos serão respondidos por Waggnoor Macieira Kettle. Ele é graduado em Ciências Contábeis pela Fundação Visconde de Cairu (BA) e doutor em educação pela Universidade Metodista de Piracicaba (SP), com ênfase no ensino da Contabilidade. Hoje ele exerce a função de Diretor Acadêmico no Centro Universitário Adventista de São Paulo (UNASP), campus EAD.
Canal da Imprensa – Quando falamos sobre enriquecimento, é impossível deixar de notar a má distribuição de renda no Brasil. Por que tanta desigualdade?
Waggnoor Macieira – Há vários fatores que concorrem para que isso aconteça. Posso citar três: A) Monopólio ou oligopólio: sistema onde um ou poucos dispõem de determinada exploração de bens ou serviços no tocante à comercialização, o que gera poder na precificação, ou falta de concorrência no mercado. Isso quase sempre gera uma concentração de riqueza em determinados grupos de pessoas; B) A falta ou ineficiência de políticas econômicas no que se refere às ofertas de emprego/trabalho, gerando assim, o distanciamento ou diminuição da distribuição de renda; C) Valorização exagerada em algumas atividades profissionais, enquanto outras são demasiadamente desvalorizadas, contribuindo também para a segmentação de classes sociais.
CI – Como ficam as oportunidades de enriquecimento da população brasileira no pós-pandemia?
WM – De modo geral a pandemia trouxe prejuízos para muita gente e por diversas razões. Entretanto, para outros, o espírito empreendedor e inovador ressurgiu. Por conta da crise, seja pandemia ou outra, muita gente se vale desse fator e procura se reinventar, gerando assim, oportunidades de trabalho e lucro. Um exemplo apenas: empresas que tinham alto custo no aspecto de logística (transporte, alimentação, ocupação de espaço, etc.), com a pandemia passaram a adotar em quase 100% as atividades de seus colaboradores no sistema home-office. Isso determinou diminuição absurda de seus custos, logo, aumentando o seu lucro. Claro que nem todos podem agir assim, mas a lição que fica é que, mesmo na crise, há como ser criativo e gerar valor. Aliás, muitos são despertados quando há crise.
CI – Na atualidade há muita informação sobre como se tornar rico. Uma das “receitas milagrosas” apresentadas por influencers na internet é investir na bolsa de valores e no tesouro direto. Essas são vias eficazes ou apenas discursos bonitinhos?
WM – De fato a internet está recheada desse tipo de “receitas”, mas não há receita com 100% de assertividade para se ficar rico. Acredito no trabalho duro e inteligente, com aproveitamento de determinadas oportunidades e que podem fazer de alguém bem sucedido. A aplicação em bolsa, embora ainda não seja plenamente parte da cultura do brasileiro, é um caminho que pode gerar valor pra vida de pessoas, e isso tem acontecido. No entanto, é um tipo de investimento que requer paciência, boa dose de “sorte”, e digo isso (sorte), pelo fato de que ao se “apostar” em determinada empresa, adquirindo suas ações, o investidor está apostando nos resultados dela. A depender dos inúmeros fatores econômicos que flutuam na economia do país, essa empresa pode ou não colher bons resultados. Por exemplo: se for uma empresa do agronegócio, ela está sujeita a fatores como mercado internacional, importação/exportação, em contar dos fatores climáticos, etc. Portanto, afirmo que em todo investimento, seja ou não em bolsa, deve-se considerar alguma dose de risco.
CI – A dificuldade de gerir as contas pode ser considerada resultado da falta de educação financeira para os brasileiros?
WM – Acredito que esse é um fator importante e que tem a ver com essa dificuldade. Basta observar o currículo das nossas escolas, não temos a educação financeira implantada. Quando se dá importância a isso, a tendência é que a população tenha mais informações e mais consciência do que deve fazer com seu dinheiro, mais informações de onde e como aplicá-lo. Tudo tem que ver com a educação, inclusive a área financeira.
CI – No Brasil temos algumas personalidades que concentram boa parte do capital nacional, como Flávio Augusto, dono do time de futebol norte-americano Orlando City, o dono da Chilli Beans, Caito Maia, a empresária Luiza Helena Trajano, proprietária do Magazine Luiza e por aí vai. Estes são alguns exemplos de pessoas que enriqueceram muito em pouco tempo. Hoje algumas delas vendem cursos sobre como ganhar dinheiro. Esse caminho prodigioso realmente serve para qualquer um ficar rico ou isso é um grande mito?
WM – Acredito que existam pessoas “vocacionadas para a riqueza” e outras que aprendem e constroem seu “império”. Explico: as vocacionadas seriam aquelas que nascem com sangue comercial, sabem vender, convencer e se dão bem dentro do que é lícito e correto; outras se informam e desenvolvem o conhecimento na direção de agregar valor ao patrimônio pessoal. Em ambos os casos, penso que há interesse, sabedoria e esforço investidos. Alguém poderia lembrar daqueles que ganham prêmios altíssimos em loterias etc., mas isso não quer dizer que elas serão ricas enquanto viverem, pois muitas recebem essas premiações e dentro de algum tempo perdem tudo, ou quase tudo. Essa é a prova de que a sabedoria em saber lidar com o dinheiro, multiplicá-lo é tão importante quanto saber como ganhá-lo.
CI – Qual o principal conselho que o senhor pode dar para quem deseja ter uma carteira mais recheada, mas que, como grande parcela da população brasileira, tem um orçamento que não dá lá muitas alegrias?
WM – Nem sempre a carteira mais recheada está em sintonia com aquilo que dá prazer em fazer. Este é um ponto. Se o interesse é apenas ter dinheiro, precisa aproveitar as oportunidades que a vida lhe apresenta, e isso passa pelos estudos, fazer cursos extras, oportunidades de trabalho, aprimorar-se profissionalmente e ter sabedoria nas escolhas de onde e como se investir o recurso. Uma dica clássica é: nunca investir tudo em um só lugar, ou seja, diversificar seus investimentos. Fica a dica!