“O BBB foi a maior experiência da minha vida, mas, a maior decepção”
- 10 de março de 2020
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- Thamires Mattos
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Alberto Cowboy é o entrevistado dessa edição. Participante do Big Brother Brasil 07, uma das temporadas mais marcantes do reality, Cowboy foi o 11º eliminado, com 85% dos votos. Saiu da casa após se opor ao triângulo amoroso, formado por Diego Alemão, Íris e Fani Pacheco. Alemão acabou ganhando o prêmio.
Atualmente, Cowboy é cantor sertanejo. Este ano anunciou dupla com a cantora Cleo, formando a dupla Cleo e Cowboy. Nesta entrevista, ele fala sobre o confinamento, as relações entre os brothers e a produção, sua visão do reality em geral e da edição 07, e, claro, suas visões e opiniões sobre o BBB20.
Gabriel Buss (GB): Como foi a seletiva na época? Como foi o preparo para entrar na casa?
Alberto Cowboy (Cowboy): A inscrição ainda era feita pelo correio. A Globo selecionava alguns candidatos e nós íamos até o Rio de Janeiro para uma entrevista. Era a chamada “cadeira elétrica”, naquele tempo. Lá, passávamos por alguns testes, entre eles, o psicológico. Após isso, ocorria uma nova entrevista com a produção do programa. Era muito interessante.
A preparação para entrar na casa é a padrão. Ficamos durante sete dias “pré-confinados” em um quarto de hotel trancados. Essa já é uma grande preparação, e serve como período de adaptação. É interessante!
GB: Os primeiros dias dentro da casa foram tranquilos? Eram quantos participantes na época?
Cowboy: Os primeiros dias dentro da casa são de alegria. Você ainda não tem noção de como vai ser o jogo. Não sabe quem vai votar em você. Então, todo mundo é amigo, é uma festa, alegria absurda e unânime entre as pessoas. Porque está todo mundo feliz por estar ali, não tem desavença, não tem nada. É ótimo! Na minha edição, o BBB 07, éramos em 16 participantes.
GB: Quais fatores contribuíram para a sua saída?
Cowboy: Essa é uma pergunta meio complexa. Existe uma série de coisas que aconteceram e me levaram a crer que eu não ganharia. Na verdade, eu não diria que contribuíram para a minha eliminação, mas contribuíram para que o Big Brother fosse ganho por uma determinada pessoa.
Dentro da casa, fomos percebendo à época, que foi se criando um direcionamento da produção para o triângulo amoroso (Diego Alemão, Iris e Fani Pacheco). Eles começaram a ter mais visibilidade. Nós começamos a ficar cada vez mais apagados lá dentro. Passamos a ser meros coadjuvantes. Portanto, começamos a nos movimentar para, talvez, ter uma chance. Fizemos um movimento de defesa, de querer eliminar o triângulo amoroso, para termos uma chance de chegar à final. Nessa articulação, eu acabei tomando a frente, então muitos falam que me tornei o líder do mal (risos), que me tornei um vilão. Isso contribuiu. Acho que o fator determinante foi a Globo ter investido nesse triângulo. Não houve uma atitude minha, algo específico que tenha culminado na minha eliminação. Não acredito nisso.
GB: Qual a sensações que você enfrentou no confinamento? Com o passar do tempo, as emoções vão ficando cada vez mais a flor da pele?
Cowboy: O confinamento tem essa característica. Nos faz aflorar muito todas as sensações. Se você gosta, você gosta muito. Se está triste, fica muito triste, aquilo te abala realmente. O ócio também, que você acaba ficando à toa. Isso acaba sendo uma oficina para o “diabo”. Faz você pensar em muitas coisas.
Existe sim um desiquilibro. Ninguém fica 100% equilibrado no confinamento. Isso é fácil de você observar. Às vezes a pessoa tem uma crise de choro, de uma hora para outra. É uma pressão muito grande o fato de você estar isolado. Você está fora do seu meio comum, do seu espaço, da onde você vive. Longe da família, amigos. É realmente uma sensação única! Só quem passa por isso consegue entender. Não dá para explicar. As sensações ficam de fato muito afloradas. Elas vêm com uma intensidade muito grande. Não sei dizer se isso é um ponto positivo ou negativo.
GB: Depois que saiu da casa, como lidou com as pessoas? Porque o BBB traz uma fama aos participantes. Muitas pessoas te abordavam? Ainda hoje pessoas te param na rua?
Cowboy: Como eu saí como vilão da “novela”, eu tive que aprender muito rápido a lidar com tudo que estava acontecendo. Graças a Deus, fui muito abençoado e tudo foi muito tranquilo. Apesar de ser o “vilão”, as pessoas me abordavam muito na rua, eu diria, de forma bem carinhosa. Existia sim uma piada ou outra, mas a maioria possuía um respeito pela minha pessoa, por minha participação. O quanto foi marcante, significativo. Eu realmente expunha minha opinião, me fazia ser ouvido. Então, havia muito respeito e fui lidando com isso da melhor maneira possível. Até mesmo com aquela pessoa que me criticava, chegava dizendo que não gostava de mim, no final, após conversarmos, ainda queria tirar uma foto comigo. Perguntava também sobre o programa. Havia um respeito.
Eu respeitava muito as pessoas, porque eu sabia que era algo natural. Ninguém realmente me conhecia, o verdadeiro Alberto. Elas conheciam aquele Alberto que foi passado na TV, que não reflete 100% daquilo que eu realmente sou.
O BBB traz essa fama imensa aos participantes. Mesmo após a perda de audiência nos últimos anos, ainda é muito assistido e comentado. Faz com que o anonimato de uma pessoa vire um estrelato da noite para o dia. Quando você sai, as pessoas lhe abordam a todo momento. Você não tem paz, nem para almoçar em um shopping. Lembro de um episódio que fui almoçar com minha namorada e ela era ex-BBB também. Nós não conseguíamos comer. Sempre que sentávamos para comer em um lugar público, como uma praça de alimentação, chegavam pessoas para tirar fotos. Entre uma e outra, era uma garfada. Às vezes, tirava foto ainda mastigando. Mesmo assim, sempre respeitei muito o público. Nunca deixei de tirar uma foto. Acho que sempre que pediam, era uma demonstração de carinho. Fez parte da época. Não sei se eu conseguiria lidar com isso para sempre. Talvez eu aprenderia a evitar lugares públicos, como os famosos. Apesar de terem passado 13 anos, eu ainda sou abordado na rua, casas noturnas, restaurantes. As pessoas ainda me reconhecem. É gratificante. Claro, diminuiu, mas, existe.
GB: Como o BBB contribuiu para sua vida? O que você leva de mais importante daquela edição?
Cowboy: Aprendi muita coisa com o que aconteceu e acontece até hoje na minha vida. A maior lição que eu levo do que aconteceu comigo foi que num certo momento do jogo, que eu não concordava, me fizeram ter uma decepção muito grande, e eu caí numa tristeza. Isso acabou me apagando do jogo. Eu parei de brincar com as pessoas. Fiquei de fato muito triste ao ver que as coisas não eram muito bem como eu esperava que fossem. Essa mudança que eu tive foi negativa.
Então, a melhor lição que eu levo, é que: se as coisas não saem como você planeja ou esperava, não mude, não abaixe a cabeça, tente não se entristecer, porque o astral não pode cair. Siga firme, permaneça sorridente. A vida é mais do que isso. Deus está por você. O que quer que aconteça ao meu redor, eu continuo sendo o mesmo Alberto, tendo a mesma energia e vontade. Isso que é importante.
GB: Vendo o BBB20, o que mais você sente que mudou no reality?
Cowboy: Mudou muita coisa. Na minha época, não tinha “big fone”, não tinha “xepa”, nem “VIP”. Naquela edição, não tinha ninguém conhecido. Esse ano foi algo inédito, colocaram pessoas conhecidas. Na edição 07, não houve muro separando as pessoas. Não havia monstro. Tem muita coisa que não tinha. Mídia é mídia. Muita coisa é feita e criada de forma artificial para que coisas aconteçam dentro da casa, na tentativa de parecer orgânico. Porque separam a casa com muro no início? Para que formem grupos. A produção tem esse interesse, já que os atritos acabam se tornando maiores. É isso que dá audiência. Participar hoje seria uma experiência bem diferente.
GB: Está na torcida por algum brother da edição 20?
Cowboy: Não tenho nenhuma torcida específica. Torço para que as pessoas participem de uma maneira bacana. Que mostrem realmente quem são, com qualidade e defeitos como todos temos. Se a pessoa errou, eu torço para que ela veja e admita o erro. Se for o caso, peça desculpa. Acho isso legal. Algumas situações assim têm acontecido. O Babu, esses dias, pediu desculpa para a Mari. Eu vejo o Prior melhorando um tanto no seu próprio comportamento e dentro da casa. Isso é bacana de se ver. É uma análise crítica do próprio ser humano.
Somos todos humanos, e você criticar o defeito de um ser que está ali na TV é, talvez, uma falta de autoanálise. Sei o quanto tenho defeitos. Todos temos. E é muito bom você ver um ser humano melhorando. Eu acho uma experiência fantástica. O BBB20 está sendo diferente, bacana.