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“Prefiro sempre contar a história com todos os lados”

  • 4 de setembro de 2019
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  • Thamires Mattos
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Rebeca Queiroz

Monica Santanna é jornalista formada pelo Centro Universitário de Brasília (Uniceub). Atuou na Radiobrás, Correio do Brasil e sucursal do jornal O Dia em Brasília. No Paraná, trabalhou para a Folha de Londrina e foi correspondente da Folha de S. Paulo, com passagens nas filiais de O Estado de S. Paulo, Jornal do Brasil, O Globo e Veja. Em 1997, criou a NQM Comunicação, em sociedade com o jornalista Sérgio Wesley Stauffer. Desde 2017, ocupa a Assessoria Especial do prefeito de Curitiba, Rafael Greca de Macedo. Durante seu período no Folha de Londrina, Monica cobriu um caso emblemático: o desaparecimento e morte do menino Evandro Ramos Caetano, em Guaratuba, Paraná. Ela teve a chance de entrevistar as supostas mandantes do crime: Celina e Beatriz Abagge. Confira a matéria aqui. Mãe e filha, já presas, tinham muito a dizer. Mônica detalhou técnicas de entrevista e investigação com a repórter do Canal da Imprensa Rebeca Queiroz.

Rebeca Queiroz: Antes de ter contato com as Abagge, o que você achava do Caso Evandro?

Mônica Santanna: O caso Evandro era um caso policial de relevância porque tratava do desparecimento de uma criança, uma situação que era frequente no Estado do Paraná à época, e por ser o segundo menino que desaparecia no município de Guaratuba no período de seis meses. A investigação se fazia necessária para saber do paradeiro do menino e do que teria acontecido.

RQ: Qual foi a sua maior preocupação em tentar entrevistá-las?

MS: Minha preocupação ao entrevistar a Celina e Beatriz Abagge era que elas pudessem contar a história na visão delas. Até então, tínhamos apenas informações confusas e desencontradas da prisão, por parte da Polícia Militar e da Polícia Civil.

RQ: Ao seu ver, a sua entrevista deu uma reviravolta no caso?

MS: Não sei dizer se deu a reviravolta, mas foi a primeira vez que elas falaram de viva voz sobre a tortura que teriam sofrido para confessar o crime e da inocência delas. Eu fiquei feliz em ter dado a elas a oportunidade pela primeira vez.

RQ: O que seu editor-chefe achou quando viu que você tinha conseguido a entrevista?

MS: Havia um misto de apreensão e ansiedade em saber se elas aceitariam a entrevista, e com o conteúdo resultante. Na verdade, foi o êxito de um processo de negociação iniciado com os então advogados delas, Moacir Correia e Ronaldo Albizu. Todos nós também consideramos um fato importante porque a Folha de Londrina era reconhecida pela sua atitude firme nas investigações jornalísticas, superando até mesmo grandes veículos nacionais que tinham sucursal na cidade. Lamento apenas que não tenha tido a visão de inscrever a reportagem num prêmio à época.

RQ: Você já lidou com casos parecidos? Pode citar algum?

MS: Tive que fazer reportagem sobre alguns casos policiais ao longo da minha carreira, como o dos turistas israelenses que foram confundidos com fugitivos de uma cadeia no centro de Curitiba, e o desabamento do prédio em Guaratuba (mais uma vez a cidade cruzou o meu caminho jornalístico). Mas o Caso Evandro foi o de maior relevância, junto à chacina de Carambeí, município a 130 km de Curitiba, onde três pessoas foram mortas e outras quatro ficaram feridas, todas da mesma família, em um suposto assalto no ano de 1989.

RQ: Como tratar uma pessoa condenada em entrevistas? 

MS: Com todo o respeito que qualquer pessoa merece em qualquer situação.

RQ: Como abordar as perguntas necessárias sem desrespeitar o condenado?

MS: As técnicas de reportagem variam conforme cada situação. Eu sempre fiz as perguntas necessárias, misturadas às mais simples, dentro de um contexto e sem agressão, como se estivéssemos conversando num ambiente neutro. Mas eu era uma repórter firme, inclusive no tom da voz.

RQ: Você acha que a mídia tem uma abordagem justa em relação a esses casos?

MS: Eu acho que as vezes há uma tendência a se investigar pouco ou de maneira mais superficial. E é muito fácil comprar a versão da acusação. O caso da Escola Base, em São Paulo, foi um divisor de águas para o jornalismo investigativo, onde aprendemos o que não fazer em casos de grande repercussão.

RQ: Qual o papel do jornalista investigativo na abordagem desses casos perante a justiça brasileira?

MS: Eu acho que o jornalista investigativo tem que contar a história com todas as partes envolvidas, em que cada uma apresenta a sua versão e opinião. O conjunto de todas as matérias servirá para que o leitor, ouvinte ou telespectador tire as suas conclusões. Sempre pensei assim.

RQ: Você acha que a mídia influência a justiça nesses casos enigmáticos?

MS: A mídia tem um papel importante nos casos de relevância e pode influenciar se não tiver a isenção necessária para contar uma história. Eu prefiro sempre contar a história com todos os lados.

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