A nova onda de bilionários brasileiros
- 25 de agosto de 2021
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A herança, a família e a inovação explicam os bilhões de reais no bolso de poucos
Ana Clara Silveira
Em cada ano, novos nomes surgem no mercado e se destacam entre os demais. A Forbes costumeiramente divulga listas com hierarquias de jovens promissores, bilionários e outros temas que podem revelar mais do que o sucesso de alguns e insucesso de tantos outros. No caso dos ricos brasileiros, há um ciclo que se repete: a herança, a família, a inovação ou a mistura deles.
Nascido em berço de ouro
Muitos sonham em nascer em meio a um império construído e estabelecido. A sorte lançada deu a Pedro de Godoy Bueno a chance de se tornar bilionário com o “empurrão” do pai. Filho do dono da empresa de planos de saúde, a Amil, se viu aos 15 anos tendo que convencer ao pai de que deveria trilhar outros caminhos, além de ter uma vaga como estagiário.
Com 16 anos começou a cursar Economia no Rio de Janeiro e aos 20 anos participou do programa Trainee do Banco BTG Pactual. Pouco tempo depois, a venda da Amil para uma empresa norte-americana fez com que o lucro da venda fosse utilizado pelo jovem como uma ferramenta para ampliar seus horizontes. Nesse contexto, nasce uma gestora de investimentos que dá origem a DASA – grande meio do sucesso financeiro de Pedro.
Sendo considerado o CEO mais jovem de uma empresa com capital aberto no Brasil, aos 24 anos, se tornou promissor na gestão dos negócios da família. A morte do seu pai, Edson Bueno, voltou os holofotes ainda mais para o jovem que provou por inúmeras vezes ser capaz de administrar e expandir os negócios do pai. A prova da eficiência no trabalho confirma o potencial de Pedro, mas não anula as condições favoráveis que encontrou para se tornar destaque na “Forbes Under 30” e ser parte da lista de bilionários do Brasil.
Família de sucesso
A história de certa forma se repete na família Safra. É bem provável que você tenha ouvido falar neles e na fortuna que acumulam. De fato, o nome do banqueiro libanês, Joseph Safra, é mais conhecido porque a riqueza da família foi resultado de grande parte das suas decisões.
Mas antes de destacá-lo, vale lembrar a motivação do seu pai, Jacob, para vir ao Brasil. As instabilidades na região do Oriente Médio e possível tensão de uma terceira guerra mundial fez com que ele decidisse migrar para um país mais tranquilo. Estabelecido em São Paulo, a família judaica já tinha séculos de tradição no setor bancário e utilizou essa experiência para engatar o empreendimento no Brasil.
Discreto e tradicional em suas atitudes, Joseph manteve a segurança do banco. Com outros irmãos fora da jogada por tensões e acordos, os filhos de Joseph passaram a comandar totalmente o banco após a morte do pai, dando sequência aos negócios. A família é conhecida por ações de filantropia e incentivo a medicina, arte e outras vertentes. Com a repartição do capital, os filhos de Joseph ocupam diversas posições da lista dos bilionários brasileiros.
Facebook e inovação
Por fim, as ideias fora da caixa também têm nomeado novos bilionários, como Eduardo Saverin, cofundador do Facebook. A rede social faturou bilhões e garantiu ao jovem o 2º lugar entre os mais ricos do Brasil, segundo a lista da Forbes de 2021.
O empreendedorismo já fazia parte da família, mas não de forma expressiva. A mudança dos pais para Miami em meio à crise econômica brasileira abriu espaços e deu oportunidades para Eduardo. O ingresso no curso de Economia em Harvard foi o primeiro passo, seguido da presidência da Associação de Investimentos da mesma universidade.
A relação entre ele e Mark Zuckerberg não é tão notória ou conhecida. Apesar das instabilidades, a porcentagem que Eduardo tem na empresa associada aos lucros de outros investimentos fazem com que ele se torne bilionário.
Facilitadores para a fortuna
As explicações para a riqueza são muitas. O caminho traçado envolve oportunidades, investimentos e empreendedorismo. Mas há certos facilitadores que são inegáveis. Embora seja possível alcançar riquezas partindo do nada, a probabilidade é muito menor do que tendo o financiamento da família, por exemplo.
Há quem tente se convencer de que a meritocracia seria o ponto de virada para a realidade brasileira. Mas, convenhamos, é impossível querer equiparar todos os erros de percurso do país com esse discurso, em especial, porque grande parte dos bilionários citados teve mais oportunidades do que a grande maioria dos brasileiros.
Quanto a isso, já se sabe que nascemos da exclusão, da vontade de expatriados de enriquecerem, das tentativas da metrópole portuguesa de nos fazer entregar tudo que tínhamos. Difícil tornar a nossa economia razoavelmente competitiva e nos fazer pensar em coletividade, divisão de patrimônios e contribuições sociais quando nossas primeiras relações, há não tantos anos, foi de exploração. O cenário não é promissor, mas ainda há quem consiga fazer parte da lista de grandes bilionários, mas claro, com certo empurrãozinho.