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Xícara com moedas.

Um país em colapso – Entrevista

  • 20 de outubro de 2021
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As crises econômica, social, política e humanitária enfrentadas pelo Brasil estão se agravando cada vez mais. Como chegamos aqui e como podemos sair? 

Giovanni Manzolli 

 

O povo brasileiro vem sendo bombardeado por uma série de crises que parecem se agravar a cada dia que passa. Se não bastasse enfrentar a pandemia de Covid-19, ainda precisamos tentar abastecer nossos carros com o litro de gasolina ultrapassando os R$ 7,00. Também é preciso usar a criatividade culinária para tentar substituir a caríssima carne bovina em nossa dieta do dia a dia, isso se sua única opção não for disputar os ossos nas sobras do açougue do bairro. O ministro da economia não vê problema algum em o botijão de gás estar “um pouco” mais caro. O presidente da república parece ter fechado os olhos para a miséria enfrentada pela população mais vulnerável economicamente. Esse colapso parece não apontar para um fim tão esperançoso ou próximo. Para entender como chegamos aqui e como, talvez, possamos sair dessa fria, nessa edição, o Canal da Imprensa trás uma conversa sem rodeios com o cientista político e professor da Universidade Federal do ABC (UFABC), Ivan Filipe de Almeida Lopes Fernandes.    

 

Canal da Imprensa – O Brasil está no topo da lista de países que mais exportam alimentos no mundo. Por que, então, há brasileiros disputando ossos e restos de carne em supermercados? 

Ivan Filipe de Almeida – Nós tivemos uma década muito desastrosa, na qual o esboço de recuperação que havia se concretizado no governo Temer foi jogado no ralo com a péssima administração que é feita hoje pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, que desorganizou a economia. Isso se soma à péssima condução do governo federal da pandemia, que tornou os efeitos da pandemia mais agudos do que na maior parte dos países semelhantes ao Brasil. Não existe um plano econômico. A soma desses efeitos atingiu em cheio a parte mais vulnerável da população, que não está tendo acesso aos produtos mais básicos. Você tem um forte choque nos preços dos produtos alimentares. Então, está muito mais caro o dia a dia no mercado. O aumento do preço foi associado a uma redução na oferta de emprego, a uma redução nas possibilidades da população mais vulnerável de ter ganhos. Por isso você tem esse cenário terrível das pessoas disputando restos para se alimentar. 

 

CI – Esse conflito econômico vem de outros governos, mas por que ele explodiu na gestão Bolsonaro? 

IFA – Eles explodiram no governo Bolsonaro porque, primeiro: a pandemia que foi um choque exógeno, que não estava sob o controle do governo. O segundo ponto é a resposta ineficiente, ineficaz e incompetente do governo sobre a pandemia; o governo não soube atuar sobre a pandemia, na miopia de que negar a disceminação do vírus reduziria a crise econômica. Um terceiro ponto que combina com a explosão da crise econômica é o aumento do risco político do país decorrente da instabilidade política de um presidente que tenta golpear as instituições democráticas. Isso fez com que o risco político da economia aumentasse. Aí você tem um efeito em cascata do encarecimento de uma variável importante da economia que é o dólar, o câmbio, o preço dos produtos importados. Você tem um conjunto muito idiossincrático de equívocos do governo em todas as áreas, que produzem esse colapso econômico.  

 

CI – Como o senhor avalia a condução do governo federal na crise sanitária instalada com a pandemia da Covid-19? 

IFA – A condução do governo com a pandemia é a pior possível. Os dados de pesquisas com as quais eu mesmo tenho trabalhado mostram, inclusive, que nos municípios brasileiros onde o presidente teve mais votos, são municípios onde se teve menor isolamento social e há uma maior quantidade de contaminados e mortos. O governo, de maneira incisiva, desde o princípio da pandemia minimizou o risco do coronavírus, desestimulando que as pessoas adotassem ou cumprissem com as normas de isolamento social. O governo dificultou a compra de vacinas e atrapalhou os atores políticos que trabalhavam para a criação de saídas vacinais. E, até o momento, o governo continua desestimulando o uso de máscaras, aumentando a disseminação do vírus. A conduta do governo federal em relação à pandemia é péssima.      

 

CI – De onde vem esse descrédito à ciência que vemos na sociedade brasileira, para o qual o presidente da república e seus aliados no governo fazem coro? 

IFA – Eu não acho que é um descrédito à ciência da sociedade brasileira, há um descrédito à ciência dos partidários do presidente, dos grupos políticos mais próximos da presidência, dos eleitores e cidadãos mais sensíveis às mensagens enviadas pelo atual mandatário. Então, existe uma política anticientífica, uma política de desconstrução do sistema de pós-graduação e pesquisa nacional, um subfinanciamento das universidades, um subfinanciamento das agências de fomento, que prejudicam o andamento da ciência. Após a eleição ou por um processo de impeachment, boa parte desse mal estar que há com a ciência seria dissipado, a não ser que o mesmo grupo político permaneça no poder, e aí, se terá um cenário para a consolidação dessa visão anticientífica do mundo mais forte que terá consequências de longo prazo para o Brasil que serão muito graves para as próximas gerações.  

 

 CI – Qual a solução que o senhor vislumbra para sairmos dessa crise humanitária, social, econômica e política que vivemos no Brasil hoje? 

IFA – Você tem um governo incapaz. Um governo que gera divisão, que gera um mal estar, que não fomenta a recuperação econômica, a produção científica nem a proteção ambiental e não fomenta a inserção brasileira mais qualificada na política internacional. Então, a solução, de imediato, que resolveria a ferida mais quente, seria um impeachment do presidente Bolsonaro ou sua derrota eleitoral em 2022, que acarreta um ano a mais de agonia da sociedade brasileira. E, depois, uma reconstrução de um projeto nacional. O que falta no Brasil, além da extrema tragédia que é o atual governo, é um norte claro, para o qual todos os atores olhem. 

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