Passa a grana
- 14 de abril de 2020
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- Thamires Mattos
- Posted in Sessão Cultural
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O seriado “A Divisão”, criado por José Junior, conta a história da Divisão Antissequestro da Polícia (DAS), organizada para combater a onda de sequestros no Rio de Janeiro
Amanda Januário
“ISSO É ASSALTO!” Foram essas as palavras que Carolina Dias Leite, de 18 anos, ouviu. Depois de ter sido abordada por bandidos, tinha certeza que não se tratava de um simples assalto, mas de um sequestro. Tentou se acalmar e agir da forma mais racional possível. Não respondeu o que os bandidos queriam ouvir, mas se esquivou de dar informações que prejudicariam a sua família.
O sequestro de Carolina foi incomum. Ficou por apenas 24 horas desaparecida e não foi maltratada. O resgate ocorreu rapidamente após policiais receberem uma queixa pelo Disque Denúncia. Entretanto, esse não foi o cenário da maioria dos sequestros no Rio de Janeiro. Violência, corrupção e mortes construíram cenas de terror na Cidade Maravilhosa.
A década de 1990 tirou a noite de sono de muitas famílias. Sequestros pareciam ser o “negócio do momento”: arriscados, mas, altamente lucrativos. Não eram só os familiares das vítimas que não dormiam bem. Policiais militares e civis deram o sangue para tentar combater os crimes. O problema é que as coisas estavam misturadas demais. Não se tinha muita clareza em quem era “mocinho” ou “bandido”: a corrupção entrara na segurança pública.
O seriado “A Divisão”, criado por José Junior, conta a história da Divisão Antissequestro da Polícia (DAS), organizada para combater a onda de sequestros no Rio de Janeiro. Os protagonistas são os policiais Mendonça e Santigo. Um é caracterizado como honesto e violento. O outro, corrupto e inteligente. E é essa dupla que consegue dar fim ao negócio que antes era tão lucrativo.
É preciso ter sangue frio pra assistir a série sem desviar o olhar. Contudo, ela retrata com precisão a violência, corrupção e terror que envolvia o esquema de sequestro. A agonia era constante nas vidas das vítimas e familiares sem saber se ocorreria tudo bem. Esses trocariam toda sua fortuna pela liberdade dos seus queridos. Entretanto, só contribuiriam para o incentivo do crime.
A DAS, criada em 1997, conseguiu dar cabo aos inúmeros casos de sequestro até ano de 2000. Suas regras básicas? Não pagar a recompensa aos sequestradores e busca incessante pelas vítimas. A postura adotada pela DAS foi apoiada por governantes que, por muito tempo, temeram o que os sequestros poderiam acarretar ao país e a seus mandatos. Só assim, sob extrema pressão, bandidos de dentro e fora do governo perceberam que o sequestro não compensa.