O mundo é outro
- 7 de maio de 2020
- comments
- Thamires Mattos
- Posted in Sessão Cultural
- 0
A percepção 360º das salas aproxima a experiência virtual do real de forma muito significativa
Ana Clara Silveira
As cortinas e portas se fecharam por tempo indeterminado. Talvez, esse seja o ponto de maior instabilidade humana: a incerteza. Os espetáculos, os museus e obras de arte, se falassem, diriam estar saudosos dos olhares presentes e atentos às suas narrativas, cores e intensidade. A pandemia nos fez transformar ideias, e ainda não sabemos a proporção que isso tomará. O biólogo e divulgador científico Átila Marinho, em entrevista à BBC Brasil, afirma que “o mundo mudou, e aquele mundo (antes do novo coronavírus) não existe mais. A nossa vida vai mudar muito daqui para a frente, e alguém que tenta manter o status quo de 2019 é alguém que ainda não aceitou essa nova realidade”.
Nessa inédita construção da percepção de mundo, a arte não apenas permaneceu, como provou ser necessária. Embora ficar em casa – mesmo para quem pode – seja um desafio, a quarentena nos deixou algumas mensagens: a importância da conexão, o sentimento de comunidade que carregamos, e, finalmente, a necessidade que temos de apreciar e consumir arte. Recordes de buscas em plataformas de streaming, lives de artistas e espetáculos têm sido batidos. A CNN divulgou que o número de visitas ao site da Pinacoteca de São Paulo teve um aumento de 500% no mês de março.
A arte encontrou meios excepcionais de chegar até você… O circo, a pintura, a escultura, a poesia, a música. O encontro não fica limitado ao espaço em que esses elementos físicos e autores estão. Assim, enquanto os artistas te convidam para conhecer a casa deles em um show transmitido pelas plataformas digitais, os museus abriram as portas virtuais e conduzem os interessados por um passeio magnífico e seguro.
Se, por um lado, a “aura” – sentimento provocado pela obra em quem a vê presencialmente – defendida por Walter Benjamin se perde com a nova possibilidade da realidade virtual, a reprodutibilidade técnica das obras de arte não se torna uma incoerência, mas se fortalece e pontua positivamente. Muitos museus disponibilizaram a visita virtual em seus sites. A percepção 360º das salas aproxima a experiência virtual do real de forma muito significativa, embora não seja possível afirmar que o sentimento se iguale. Para que sua perspectiva sobre esse mundo seja possível, separamos três ambientes de visitação virtuais a museus. Bom passeio!
Pinacoteca do Estado de São Paulo: O museu tem um dos principais acervos do Brasil. Suas obras têm foco na produção artística brasileira do século 19 até a atualidade. As principais salas podem ser visitadas com apenas alguns cliques. São encontradas obras do artista Almeida Júnior, Cândido Portinari e outros. Vale conferir no Google Arts & Culture.
Galeria Uffizi: O museu está no localizado no berço do Renascimento. Florença, na Itália, foi considerada a cidade precursora do movimento em todo o mundo. Por conta disso, se encontram esculturas de nomes como: Leonardo da Vinci, Michelangelo, Rafaello, Caravaggio e Botticelli. Vale conferir no Google Arts & Culture.
Museu de Arte Ohara: O museu é conhecido por ser o primeiro a ter obras ocidentais no Japão. Localizado em Kurashiki, também disponibilizou a visita 360º. Artistas como Léon Frédéric e Paul Gauguin são autores de obras encontradas no local. Vale conferir em Google Arts & Culture.
Enfim, a verdade é que, os espetáculos, os museus e obras de arte, se falassem, diriam para que você os visite virtualmente para conhecer as suas narrativas, cores e intensidade. Ainda é possível. O mundo é outro.