O jornalismo pelos olhos de “Black Mirror”
- 18 de maio de 2022
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A veiculação da notícia em meio ao avanço tecnológico
Lucas Pazzaglini
“Black Mirror”, a série de antologia científica que examina a sociedade moderna tem crescido e conquistado muitos fãs. A produção britânica, criada por Charlie Brooker e comprada pela Netflix, traz temas obscuros e satíricos sobre os impactos imprevistos das novas tecnologias.
O nome, que pode ser literalmente traduzido como “Espelho Preto”, faz referência às milhares de telas que estão presentes no nosso cotidiano, hoje em dia. Computadores, celulares, tablets e televisões fazem parte da problemática que a série aborda. Uma prova de que o conteúdo do “show” é assertivo é o fato de você estar lendo essa análise em um dos aparatos tecnológicos citados acima.
Cada episódio conta uma história diferente, e cada uma é mais estranha que a outra. Mas, para nossa sorte, o episódio de estreia já fala sobre como o jornalismo se insere em meio às novas tecnologias, e esse fato se torna muito significativo durante o desenrolar das cenas.
“O Hino Nacional”
Considerado um dos episódios mais grotescos da série, pelos próprios fãs, “The National Anthem”, o primeiro episódio, constrói uma história, no mínimo, bizarra. Tendo como pano de fundo o sequestro da princesa britânica, Susannah, a história se desenrola levantando questões de ética e a atuação da internet no jornalismo.
O episódio começa com a publicação de um vídeo que mostra a princesa chorando e contando a exigência do sequestrador para sua liberação: que o primeiro-ministro tenha relações sexuais com um porco em rede nacional.
O vídeo é derrubado da internet em apenas 8 minutos pelo governo britânico mas, não foi o suficiente, pois ele já havia sido baixado e visualizado por mais de 50 mil pessoas no YouTube, além do assunto estar nos “Trending Topics” do Twitter.
Por mais que queira veicular o assunto, a imprensa é censurada pelo governo e não lhes é permitido comentar a história. A partir disso, o episódio trabalha questões éticas dentro do jornalismo como: até onde um jornalista iria por um furo.
O foco do episódio varia em diversos momentos, mas o jornalismo tem papel principal dentro da contextualização da história.
A Crítica
Black Mirror mostra um retrato fiel da realidade em meio a uma história inimaginável. Enquanto os jornais oficiais não têm a liberdade de compartilhar o assunto, a internet segue polvorosa comentando e criando teorias.
Em um determinado momento, o primeiro-ministro, personagem principal do episódio, questiona o avanço da publicação nas redes e pergunta qual o procedimento para reduzir esse alcance. A resposta que ele recebe é:”Isso tudo é novo, primeiro-ministro. Não existe um procedimento.”
Por mais que façam parte do nosso dia a dia, ainda não temos certeza de quais são os limites das redes sociais e suas leis. Com o avanço da tecnologia e o domínio das mídias sociais, cada um virou seu próprio jornalista. A acelerada troca de informações tende a tornar o jornalismo tradicional obsoleto. A capacidade de se reinventar é uma das maiores necessidades dentro desse mercado atualmente.
Se você está à procura de uma série crítica, essa é a escolha certa, mas é necessário ter um psicológico estável e um estômago forte, porque os retratos de cada episódio assustam por se parecerem demais com o mundo real.