O. J. Simpson: o julgamento do século
- 23 de agosto de 2022
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Suspeito de assassinar Nicole Simpson e seu amigo Ronald Goldman, O. J. Simpson enfrenta o julgamento dos séculos, o que acabou levantando pautas importantes até os dias atuais.
Bruna Schaun
Ganhar ou ganhar! Não existe a possibilidade de não vencer este caso. Diziam os advogados dos dois lados da moeda. As vítimas ficam em segundo plano. Não importa se as famílias nunca irão saber quem foi o assassino. O que importa é proteger o cliente e se tornar a equipe de advogados mais famosa do país. Parabéns! ganharam o julgamento do século.
Sobre o que estamos falando, afinal?
Foi no dia 12 de junho de 1994 que a polícia de Los Angeles encontrou o corpo de Nicole Brown Simpson e Ronald Goldman em um condomínio de luxo em Brentwood, na Califórnia. Ao se aproximarem das vítimas, perceberam que os dois foram mortos a facadas. A pergunta que não queria calar era: Quem poderia ter feito isso? Um assassino em Brentwood, uma cidade que até então era tão calma.
Logo que a investigação começou, os policiais perceberam que a casa de Nicole (residente do local) não estava bagunçada, o que anulou a possibilidade de ter sido um assalto. Nicole não era uma mera cidadã da Califórnia. Ela era também a ex-mulher do famoso jogador de futebol americano e estrela de cinema, Orenthal James Simpson (O.J.). Juntos, eles tinham dois filhos.
Com medo de que O. J. soubesse do assassinato de sua ex-mulher por canais de notícias, três dos detetives que estavam na cena do crime decidiram ir até a casa de Simpson para avisá-lo pessoalmente do ocorrido. Os detetives não imaginavam que teriam muitas surpresas até chegarem lá. Simpson não estava em casa, havia viajado para Chicago na mesma noite. Ao entrarem no pátio de O. J. tudo ficou estranho e ele se tornou o maior suspeito.
As pistas se completam
O que tornou O. J. suspeito foi a junção de todas as pistas que haviam na sua casa e sua viagem repentina para Chicago. Foram encontrados na casa um rastro de sangue até o quarto de Simpson, marca de sangue no carro, sangue nas meias no quarto de O. J. e uma luva. O problema é que também havia sido encontrado outra luva que parecia formar um par com a anterior na cena do crime.
Um dia depois do ocorrido, Simpson volta para Los Angeles. A polícia convicta de que O. J. era o assassino, já o esperava com um mandado de prisão. Ao chegar em casa, não só a polícia o esperava, como também um grande número de repórteres. Tirando ele de onde as câmeras o podiam ver, Simpson foi algemado. Mas… jornalistas não seriam jornalistas se não fossem curiosos. Então, mesmo com a descrição dos policiais, o momento em que algemaram O. J. foi capturado pelos rápidos dedos de um repórter atrás do tão sonhado furo.
O julgamento começou. Existiam muitas provas que incriminavam Simpson, o caso estava praticamente ganho, O. J. estava a um passo da cadeia. Não havia escapatória, mas havia dinheiro. Dinheiro suficiente para contratar os melhores e mais famosos advogados.
A equipe dos sonhos
Robert Shapiro era o advogado principal. Ele foi montando a equipe com estratégia, mas no final do julgamento, já não tinha tanta autoridade assim. Acontece que não tinha como negar que Simpson era suspeito e por isso, deveriam achar uma brecha, como o fato dele ser um homem preto.
O racismo até os dias de hoje é uma pauta muito relevante, uma tecla para ser batida quantas vezes forem necessárias. Não se pode negar que existem muitos casos nos quais pessoas são mortas ou presas simplesmente pela cor da pele. O fato de isso já ser algo recorrente em 1994 fez com que uma hipótese fosse criada: e se fosse uma armadilha para incriminar O. J. pela sua cor?
Aos poucos a equipe dos defensores de Simpson foi sendo montada com maestria e representatividade. Robert Shapiro, Robert Kardashian, Johnnie Cochran, F. Lee Bailey, Carl E, Gerald Uelmen e Alan Dershowitz completavam o “time dos sonhos”. Por fim, Simpson foi inocentado desses homicídios. O júri o julgou assim. Sim! tudo poderia ter sido mesmo uma armação policial contra um homem negro SE tivessem argumentos relevantes para isso.
Nicole Simpson era agredida constantemente pelo ex-marido. Foram constatadas oito vezes em que ela ligou para a polícia pedindo socorro. Ela foi negligenciada. A polícia não estava contra Simpson.
O que tornou o julgamento algo tão grandioso não foi o que aconteceu com essas duas pessoas, muito menos a busca por justiça pela morte de ambas. O que tornou este o julgamento dos séculos foi as importantes pautas que ele levantou. O racismo, a xenofobia, o preconceito contra imigrantes, a violência contra a mulher, a negligência policial e o fato do ser humano geralmente focar no que é menos importante. Como, o modo de se vestir da advogada de acusação de Simpson.
Hipoteticamente
Atualmente, Simpson está com 75 anos. Ele ficou detido por nove anos por participar de um assalto a mão armada. Em 2006, Simpson deu uma entrevista na qual ele conta como “hipoteticamente” o crime pode ter acontecido. Esta entrevista foi catalogada como uma suposta confissão de Simpson. Até hoje, não se sabe quem realmente assassinou Nicole e Ronald. Foram levantados outros suspeitos, porém, nada teve um ponto final. Só se sabe que mesmo quando todas as provas apontam apenas para um réu, ainda assim, tudo é questionável.