Manifestações políticas: a arte grita “não!”
- 5 de outubro de 2022
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- Theillyson Lima
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Dizem que a música é uma ferramenta política. Por esse motivo, muitos artistas se manifestam em seus shows. Mas será que é correto usar a música como forma de protesto?
Camylla Silva
Seja qual for o momento, usamos a música para distrair e entreter os assuntos mais sérios do nosso cotidiano. Ela tem um poder de despertar em nós sentimentos e sensações, transmitindo as mais diversas mensagens. Além disso, a música pode ser um registro histórico, falando sobre vários problemas de uma determinada época, e construindo uma característica única de um lugar.
Algumas músicas conseguem fazer você entrar no ritmo, pegar o controle da TV e cantarolar alegremente, outras já trazem críticas que te fazem refletir em alguma situação que está sendo vivida. É desta forma que alguns artistas aproveitam de suas músicas, como uma ferramenta para favorecer os políticos, questionando e enfrentando. O que, em muitos casos, divide a sociedade em dois lados distintos.
Música como forma de protesto?
A música pode trazer também para a maioria das pessoas conceitos que estão longe da realidade, pois durante muito tempo ela foi utilizada como forma de alertar a humanidade para várias questões que afetam o mundo, como discriminações e opressões. Para alguns artistas e músicos, a música não deve falar de coisas, como: políticas públicas, econômicas, sociais e principalmente governamentais. Mas em outros casos há artistas que expressam através das músicas suas opiniões, seja na própria canção ou em suas apresentações.
Pode notar, é fato que quando é misturado alguma música com assunto de política, tudo fica mais chamativo e “importante”. Em meio a campanha de Donald Trump, muitos artistas comentaram sobre a sua candidatura através de shows e passeatas, como Bruce Springsteen que estreou uma turnê na Austrália em meio a manifestações políticas.
Durante seu primeiro show da turnê, o cantor disse: “Parece algo muito distante, mas nossos corações e nossos espíritos estão com todas as milhões de pessoas que marcharam ontem, e a E Street Band faz parte da nova resistência”. Um dia depois do acontecido, milhares de pessoas se reuniram nas ruas de Washington, estados dos EUA e várias capitais de todo o mundo criticando a posse de Trump.
Billie Joe Armstrong, Katy Perry, Miley Cyrus, entre outros cantores, usaram as redes sociais e clipes para também se manifestar contra Donald Trump. Principalmente Madonna, que foi expulsa de uma estação de rádio depois de discursar sobre Trump ter se tornado presidente. “Estou com raiva. Sim, estou indignada. Sim, pensei muito em explodir a Casa Branca. Mas eu sei que isso não vai mudar nada”, disse a artista na Marcha das Mulheres.
Já aqui no Brasil, poucos meses antes das eleições, vários artistas se manifestaram. O cantor Nando Reis foi para os noticiários políticos depois de criticar o governo de Jair Bolsonaro e incentivar seus fãs a fazerem o mesmo. Além de Nando, Daniela Mercury e Manu Gavassi se envolveram em confusões.
Pabllo Vittar também se manifestou durante o Festival Lollapalooza, exibindo uma bandeira com a foto de Lula. No fim, os acontecimentos reacenderam questões muito importantes sobre os limites para as manifestações políticas em shows e músicas. Foi proibido pelo ministro Raul Araújo do Tribunal Superior Eleitoral, que os artistas se manifestassem “a favor ou contra qualquer candidato” no festival.
Não é questão de expressar opinião. Tem limites que são ultrapassados pelos artistas tanto nas músicas quanto nas apresentações, e isso acaba afastando os seus fãs ou criando “inimigos” dependendo do posicionamento político. Como grandes influências, o incentivo e opinião dos artistas podem afetar a personalidade e a opinião pessoal do seu público, fazendo com que eles se dividam.
Música é arte, música é cultura. E não há nenhuma esperança para a cultura envolvendo a política em canções ou shows. Existe um ditado popular que diz: “política, futebol e religião não se discutem”. É meio bizarro ter que incluir “música” também, né?