
I’m Still Here: o Brasil em cena, sem legenda!
- 5 de março de 2025
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- Theillyson Lima
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A indicação de “Ainda Estou Aqui” ao Oscar movimentou a indústria internacional do cinema e gerou debates tanto na mídia quanto no público.
Julia Viana
A indicação do filme Ainda Estou Aqui (I’m Still Here), dirigido por Walter Salles e estrelado por Fernanda Torres, ao Oscar de Melhor Filme Internacional gerou ampla repercussão na mídia internacional. A narrativa, que retrata os impactos da ditadura militar brasileira na vida de uma família, tem sido elogiada pela crítica, mas também analisada sob diferentes prismas. A seguir, exploramos como os principais veículos internacionais estão abordando a indicação e a relevância do filme no cenário global.
A repercussão internacional
A cobertura da imprensa internacional tem sido majoritariamente positiva, destacando a força emocional da trama e a qualidade técnica do filme. O New York Times publicou um artigo detalhado sobre a trajetória da produção, enfatizando a sensibilidade com que Walter Salles aborda um período turbulento da história brasileira. A matéria também elogia a atuação de Fernanda Torres, descrevendo-a como “comovente e profundamente envolvente”.
Já a rede de rádio National Public Radio (NPR) destacou a importância do filme para a memória histórica e o impacto que pode ter no público internacional. Segundo a análise da emissora, Ainda Estou Aqui não é apenas um drama familiar, mas uma obra que resgata a luta por justiça e a resistência contra regimes autoritários, temas que ressoam globalmente.
Por outro lado, a New Yorker ofereceu uma crítica mais equilibrada, reconhecendo a força narrativa do longa, mas apontando que o filme suaviza alguns aspectos mais brutais da ditadura, tornando-o “emocionalmente eficaz, mas menos desafiador do que poderia ser”. Esse ponto de vista levanta um debate sobre a abordagem artística versus a representação histórica crua.
A agência de notícias AP News (The Associated Press) adotou um tom mais factual, relatando a ascensão do filme nos festivais internacionais e sua recepção calorosa por parte da crítica e do público. A matéria enfatiza que a indicação ao Oscar reforça a posição do Brasil no cinema mundial e destaca a parceria entre Walter Salles e Fernanda Torres como um dos pilares do sucesso do longa.
A relevância da atuação
Entre os aspectos mais elogiados pela crítica estrangeira está a performance de Fernanda Torres. O Los Angeles Times descreveu sua interpretação como “a melhor de sua carreira”, ressaltando sua capacidade de transmitir dor e resiliência com sutileza e intensidade. O jornal também menciona a mobilização de fãs brasileiros nas redes sociais, que têm apoiado a atriz e torcido por um possível reconhecimento maior na temporada de premiações.
O reconhecimento da atuação de Fernanda Torres não se restringe apenas à crítica especializada, mas também se reflete na repercussão dentro da indústria cinematográfica. Sua performance é um dos pontos altos do filme em festivais internacionais, como Cannes e Toronto, onde Ainda Estou Aqui recebeu aplausos entusiasmados e elogios à sua abordagem sensível da história.
Além disso, segundo o site Yahoo Entertainment especialistas apontam que a força do elenco contribuiu significativamente para a ascensão do longa na temporada de premiações, aumentando sua visibilidade entre os votantes da Academia. Esse reconhecimento internacional pavimentou o caminho para a indicação ao Oscar, surpreendendo até mesmo a equipe de produção. O produtor do longa afirmou que, apesar das expectativas, a nomeação ainda “parece extraordinária”, reforçando o impacto da conquista para o cinema brasileiro.
O impacto global e as expectativas para o Oscar
A revista Variety, uma das publicações mais influentes no meio cinematográfico, dedicou uma matéria à trajetória internacional do filme, analisando sua recepção em diferentes mercados. Segundo o artigo, a universalidade da história e a carga emocional da narrativa têm sido fatores decisivos para a aceitação positiva do público estrangeiro.
Além disso, Ainda Estou Aqui tem sido comparado a outros filmes indicados ao Oscar ao longo dos anos que abordam memórias traumáticas de diferentes nações. Especialistas apontam que o longa pode ter um impacto semelhante ao de Roma (2018), de Alfonso Cuarón, que também retratou uma experiência pessoal dentro de um contexto político mais amplo.
A NPR, em sua segunda análise sobre o filme, discutiu as chances reais de vitória na cerimônia do Oscar. Apesar da forte concorrência, a crítica sugere que Ainda Estou Aqui tem uma vantagem emocional e política que pode pesar na decisão final dos votantes da Academia.
A cobertura internacional de Ainda Estou Aqui tem sido majoritariamente positiva, destacando a profundidade emocional do filme, a direção sensível de Walter Salles e a atuação brilhante de Fernanda Torres. No entanto, algumas críticas apontam para uma abordagem um tanto suavizada dos eventos históricos retratados. Independentemente das diferentes percepções, a indicação ao Oscar já representa uma vitória para o cinema brasileiro, consolidando sua presença no cenário mundial e reforçando a importância do cinema como ferramenta de memória e resistência.