BBC News Brasil: uma cobertura analítica da tomada de poder do Talibã
- 15 de setembro de 2021
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A corporação pública de comunicação da monarquia britânica, que oferece serviços em diversos países e idiomas, investiu em análises históricas e contextuais dos fatos.
Giovanni Manzolli
Foi na calada da madrugada do domingo 15 de agosto de 2021 que tropas do grupo fundamentalista islâmico, Talibã, tomaram a capital do Afeganistão, Cabul. Quando o sol nasceu, os olhos de todo o mundo voltaram para o caos instalado na capital afegã. Veículos de imprensa de inúmeros países começam a noticiar os fatos. É crucial observar os vários discursos formulados por veículos de comunicação de todo o globo, para entender como um fato é construído no imaginário social.
Por isso, neste texto, vamos acompanhar as narrativas da BBC News Brasil, o serviço em português da corporação pública de comunicação financiada pelo governo britânico. Cabe aqui uma breve contextualização histórica sobre o veículo de mídia em questão. A BBC foi criada em 1922, por uma carta da monarquia da Inglaterra. Seu sistema inclui inúmeras emissoras de rádio, emissoras de televisão e canais de notícias e esportes, além de jornais online. A companhia começou sua atuação no Brasil em 14 de março de 1938, pelas ondas de rádio.
Agora, vamos compreender como a BBC News Brasil tem relatado os fatos sobre a tomada de poder do Talibã no Afeganistão. O primeiro texto sobre a crescente tomada de poder que está disponível no portal de notícias online da BBC News Brasil é de 9 de setembro de 2019. O texto fala sobre a repentina mudança de atitude do ex-presidente norte-americano, Donald Trump, que suspendeu as negociações com o grupo extremista, apesar de parecer que chegariam a um acordo.
O título da matéria: “Guerra no Afeganistão: 5 perguntas para entender o conflito armado mais longo já travado pelos EUA”. O maior diferencial que pude notar ao observar este e outros conteúdos noticiosos da BBC News Brasil é o fato de que a maior parte possui um lead, isto é, elas se baseiam em um fato recente, mas sempre vão discorrer sobre o ocorrido em forma de análise, principalmente histórica.
Aparentemente o objetivo é auxiliar o leitor a compreender de forma mais clara o contexto que envolve o fato noticiado. Outro título questiona: “como o Talibã avançou tão rapidamente após saída dos EUA”. Nesta matéria, o jornalista Jonathan Beale, correspondente de defesa da BBC News, parece investigar, não só o histórico do conflito entre os EUA e o Talibã, mas também fala sobre as estratégias de guerra, sobre como o grupo radical consegue armamento e tantos outros aspectos que capacitam o leitor a tirar conclusões sobre como o conflito chegou onde chegou.
Mídias sociais e canal do YouTube
Chegando ao fim de nossa reflexão, é importante notar o trabalho feito pela BBC News Brasil nas mídias sociais e em seu canal do YouTube. Ali há pequenos documentários de 3 a 5 minutos que buscam entrevistar afegãos, além de noticiarem os fatos da mudança de governos de forma mais sintetizada. Alguns repórteres brasileiros também fazem análises das notícias, mas em formato de vlog. Nas mídias sociais o conteúdo é mais resumido. Alguns vídeos publicados no canal do YouTube também vão parar na timeline do Facebook e do Instagram. As legendas dos posts parecem reproduzir os leads das matérias do site da BBC Brasil, como uma forma de instigar o internauta a querer mais informações e buscar o texto completo.
As coberturas de guerras são sempre desafiadoras. Quando um governo totalitário assume o poder é sempre difícil angariar dados e informações, pois muito do que se faz é encoberto ou se contam meias verdades. Portanto o trabalho que a BBC News Brasil realiza, bem como inúmeros veículos de comunicação mundo afora, é de imprescindível importância. Compreender a realidade do outro e se mobilizar para ajudar quem está em necessidade faz parte da vida em comunidade. Só saberemos de quem precisa de ajuda se essas histórias chegarem até nós. Portanto, esses grandes conflitos vividos pelo povo do Afeganistão devem ser documentados e amplamente noticiados.