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A política que o brasileiro recebe
Uma análise sobre as notícias de política no Brasil.
Lana Bianchessi
A famosa frase “política não se discute” está presente em muitas conversas em que a política já está sendo discutida, talvez não do jeito mais adequado, mas ainda sim a conversa acontece. Todo mundo tem o seu viés político, seja conservador ou um pouco mais liberal, e a nossa vida sempre vai estar rodeada e ligada com a política. É impossível ignorar a influência que as questões políticas exercem na vida de cada um e de cada brasileiro.
Aqui neste texto vou analisar dois principais jornais de referência do Brasil que estão em circulação há muito tempo: a Folha de S. Paulo e o Correio Braziliense. Entre os dias 24 a 30 de abril observei, por meio da editoria de Política, quais são as formas jornalísticas que eles usaram para abordar temas e discutir assuntos.
A Folha
A Folha de São Paulo, mais conhecida como a Folha, é o segundo jornal com mais circulação no país, com 366.087 assinantes impressos e digitais. Foi fundada em 1921 em oposição ao principal jornal de São Paulo na época, o Estado de S. Paulo. O jornal foi criado com o intuito de ser mais liberal e com foco nos cidadãos urbanos de São Paulo. Hoje, só fica atrás do jornal O Globo.
A primeira coisa a se observar no jornal em geral é a forma em que as manchetes são colocadas, sem muito esforço no enquadramento de cada notícia no site. Muitas são colocadas uma em cima das outras e as julgadas mais importantes são publicadas com tamanho maior no título, o que deixa um pouco confuso quando se olha de primeira.
Falando da editoria Política: não é uma das primeiras que aparece quando você clica para ver uma editoria específica no site, antes dela têm categorias como acervo, opinião, fotografia e colunas. Isso é um pouco relevante por mostrar que não é a editoria que o veículo quer que você veja primeiro, talvez mostrando que ela é um pouco menos relevante que as outras que estão acima.
Dentro desse clique na editoria Política, existem duas subcategorias, uma com o nome Jair Bolsonaro e a outra com o nome Lula. Isso mostra uma certa polarização política da parte do veículo. Afinal, por mais que os nomes possam ser os mais pesquisados no tópico de política, não acho que seria apropriado colocar uma subcategoria somente desses nomes. Talvez isso fique mais fácil para o leitor, porém, reforça a ideia de polarização que já é existente e problemática no nosso país.
A média de matérias entre essa semana foi de 8,7 matérias por dia, sendo o dia 27 (quinta-feira) o mais agitado, com 12 matérias. Nesse dia, os assuntos giraram em torno do presidente Lula, as decisões dele sobre alguns tópicos e notícias sobre alguns outros deputados e políticos.
O enfoque geral da editoria, baseando-se nessa semana, é notícias nacionais e mesmo quando é falado sobre outros países, como Rússia, Ucrânia e Portugal, é focado no presidente do Brasil. O veículo possui também a editoria Mundo, então, esses tópicos envolvendo política poderiam estar nessa outra editoria para não desprender a atenção do leitor.
O Correio Braziliense
O Correio foi o primeiro jornal da capital do país e continua em função até hoje, com 63 anos desde a fundação e surgiu como resposta a um desafio feito pelo então presidente Juscelino Kubitschek. É um jornal impresso e também digital, mas não possui custo para visitar as matérias do site, o que facilita o acesso para todos. É um dos jornais referências no país e possui mais notícias nacionais do que locais.
Sobre a estética da editoria Política: como qualquer outra do site, somente duas são destacadas por vez e as menos recentes ficam em fileiras abaixo. Ficou mais organizado para minha visão e realça somente aquelas duas notícias principais, podendo ser as mais recentes ou as mais lidas do dia.
É a segunda editoria que aparece quando clicamos para ver as editorias específicas, abaixo somente da Cidades DF. Isso mostra que logo depois de ser um jornal local, o veículo se preocupa em mostrar a política para o brasileiro com mais rapidez, fazendo o clique para editoria ser um dos primeiros a ser visto.
Nessa semana de análise, a média de matérias foi de 30 por dia. Pelo contraste de números com a Folha, até pensei que algumas seriam com um conteúdo raso e curto por ter muitas matérias, mas na verdade todas tem uma ótima profundidade e trazem tópicos relevantes e factuais.
Existem algumas matérias publicadas seguidas com a mesma imagem e o título um pouco diferente, sendo a mais recente contendo algum conteúdo apurado depois ou com um aprofundamento do assunto com outro viés. É interessante essa preocupação e assistência de dar a notícia completa, mesmo que depois de publicada, não só editando a matéria mas criando outra com outra perspectiva. Isso chama atenção novamente para a matéria que foi postada mais recentemente, do que só alterar a já publicada chamaria.
Outros formatos
Os dois jornais que eu analisei contém outros formatos de notícia, como colunas, blogs e newsletter. A Folha possui mais conteúdos com essas categorias do que o CB, com blogs e newsletters específicas sobre política.
Inclusive, o jornal tem um número bem grande de newsletters, cada uma focada em um assunto e um público-alvo e com dias diferentes de entrega. Sendo a newsletter de política, chamada de Painel, entregue nos e-mails cadastrados de segunda a sexta. Isso ajuda o leitor a receber somente a notícia sobre política, por exemplo.
O Correio, por outro lado, só tem uma newsletter, na qual existem notícias variadas do dia. Ele também não possui tantos blogs voltados especificamente para a política, mas possui dois principais sobre o assunto. Não existe uma categoria somente para colunas, o que dificulta um pouco o acesso a elas, mas pode se perceber uma sobre opinião que expressa em alguns momentos cenários políticos.
A Folha de S. Paulo, por outro lado, possui até uma categoria chamada “Entrevista da 2º”, em que toda segunda-feira é publicada uma entrevista com um especialista sobre um assunto de destaque da semana envolvendo política. Além de conter muitas colunas e blogs, eles são bem separados e a maioria com duas linhas de descrição sobre os textos, o que facilita quais são de política e quais não são.
Explorar esses diferentes formatos ajuda o leitor a receber o máximo de conteúdo sobre política, sendo ela no dia-a-dia, com poucas ou muitas informações e sobre somente um acontecimento ou vários em sequência.
Política se discute sim!
Mesmo que seja difícil falar sobre política com pessoas de partidos políticos ou ideologias diferentes, o mais correto seria entender sobre todos os partidos e vieses para conseguir discutir de forma saudável e com bons argumentos para defender o seu pensamento. Para isso, temos que receber as mais variadas notícias sobre política para sermos realmente informados sobre o assunto. Mas como buscar isso sendo que nem todos os jornais que seguimos cumprem esse papel?
Destes jornais em que eu analisei, os dois foram concisos e abordaram os principais assuntos sobre política na semana, por mais que o Correio Braziliense tenha trazido mais conteúdos que a Folha de S. Paulo.
Mas, o ideal seria procurar diferentes jornais, com preenchimento de cada produto para ter algo mais completo. Mesmo que alguns veículos sejam mais completos que outros, nenhum pode entregar todos os conteúdos intuitivos sobre a política, pois cada um tem seu viés e partido político, mesmo sem deixar a posição explícita.
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