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Aparência e credibilidade

  • 24 de setembro de 2025
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  • Theillyson Lima
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A influência das mídias digitais sobre o jornalismo pode por a credibilidade em jogo. 

Príscilla Melo

Quando se pensa na profissão do jornalista qual imagem vem a sua cabeça? Alguns imaginam um indivíduo de postura séria, devidamente vestido com uma roupa formal de cores neutras, com cabelo cortado e sem barba. Ou ao menos era o que se imaginava tempos atrás.

Mas os tempos mudaram, e o visual também. Hoje é extremamente comum ver repórteres, tanto homens quanto mulheres, com camisetas comuns, de cores variadas e às vezes até estampadas. E não é só isso, coisas que antes eram consideradas tabus para o visual dos jornalistas, se tornaram normais, como joias variadas e até tatuagens.

E esses são apenas alguns pontos nas várias mudanças estéticas que estão acontecendo no cenário jornalístico atual. E a pergunta que fica é, por que isso está acontecendo?

Uma questão de prioridade

A televisão vive de imagem, por isso, a maneira como os transmissores de notícias se apresentam, interfere diretamente na percepção que os telespectadores têm a respeito do profissionalismo da rede televisora. Devido a esse fator, a aparência dos jornalistas sempre foi um ponto muito relevante para as emissoras, que sempre tiveram protocolos rígidos sobre a imagem destes profissionais. 

Mas como toda regra tem uma exceção, emissoras como a Globo têm mostrado mais flexibilidade em relação a alguns aspectos nos últimos anos. William Bonner, por exemplo, já quebrou um dos protocolos sobre sua aparência estipulados pela emissora. 

Em 2021, o ex-apresentador do Jornal Nacional surpreendeu o público ao aparecer de barba, após um período de férias. Em entrevista dada a um colunista do jornal O GLOBO, ele explicou que costumava deixar a barba crescer durante as férias, mas logo ao voltar a rotina de trabalho se depilava, seguindo a tradição do Jornal Nacional, que sempre foi apresentado por homens sem barba. 

Ainda assim, Bonner decidiu inovar. Segundo ele, essa mudança representou um novo momento de sua vida, e apesar dos antigos costumes da rede de televisão, essa foi uma decisão bem aceita pela administração. Mostrando uma adaptação a uma nova época, se comparada com a Globo da década de 60, que não via a barba com bons olhos.

Exigências

A jornalista e apresentadora Maria Cândida, ao comentar sobre o início de seu trabalho como repórter na rede Globo em 1994, no podcast ‘‘PodSanta’’, revelou que teve seu cabelo cortado, pois cabelos curtos eram o padrão da Rede Globo na época.

De acordo com Maria, o padrão consistia em deixar as repórteres com a aparência sempre ‘arrumada’ para imprevistos naturais nas gravações nas ruas, como vento e chuva. Ao ser questionada pelo apresentador do podcast, se ficou chateada na época, a jornalista afirmou: ‘‘Chorava, chorava, o cara cortava e eu chorava… porque era minha identidade meu cabelo comprido’’, destacou.

A emissora nunca admitiu ter imposto nenhum padrão de cabelo para as repórteres e apresentadoras.

A informalidade é a nova regra?

Em contraste com esse lado tradicional e pouco flexível do jornalismo do passado, hoje temos um jornalismo cada vez mais liberal e permissivo em relação ao visual dos jornalistas. 

Em 2015, quando o boletim jornalístico ‘‘G1 em 1 minuto’’ estreou, a jornalista Mari Palma e outros jovens apresentadores chamaram atenção por seu figurino despojado. Os looks eram compostos por camisetas de bandas e filmes, jeans e tênis. Além disso, tatuagens estavam à mostra, assim como piercing, brincos, colares e alargadores. Um cenário bem diferente do que se tinha anteriormente.

Em casos mais recentes temos a Cazé TV, transmissora de esportes cuja maior característica é a informalidade, que é um dos principais fatores para sua grande popularidade entre o público jovem. Além da linguagem informal voltada para o humor, semelhante ao existente nas redes sociais, a vestimenta também é um ponto a ser considerado.

Os apresentadores aderem a um estilo casual formado por camisetas e jeans, padrão que também se estende aos repórteres. Durante a transmissão ao vivo do jogo entre Palmeiras e Al Ahly em junho (19), uma jornalista chamou atenção por estar de cabelo amarrado e usando uma blusa de time com sua barriga à mostra, algo que com certeza faria os antigos jornalistas tradicionais se reviraram em seus túmulos.

O que mudou?

A linguagem visual e verbal do jornalismo está migrando pouco a pouco para a informalidade. Esse fator se deve a alta das redes sociais e dos influenciadores digitais. 

Os tradicionais valorizavam o vocabulário rebuscado, a entonação e a transmissão de autoridade através da combinação desses elementos com as roupas formais, que acabavam por gerar um distanciamento entre telespectador e o transmissor de notícias. Já na atualidade, os jornalistas buscam ser mais descontraídos através de sua maneira de falar e de vestir, trazendo um sentimento de identificação para o público que assiste.

Essa estratégia de interação mais ‘natural’ com o público ganhou força por meio dos influenciadores digitais, que procuram fugir ao máximo da formalidade, seja nas palavras, na postura ou nas vestimentas, a fim de criar um ambiente de familiarização, o famoso ‘‘gente como a gente’’, no Instagram, TikTok e YouTube. 

Dessa forma, a alta das redes pressionou o jornalismo a flexibilizar sua forma de comunicação, para atrair novamente o público, principalmente o jovem, para sua programação, evitando parecer antiquado ou distante.

Quem molda quem?

Mas afinal, quem molda quem? É o jornalismo que molda a mídia ou a mídia molda o jornalismo? Ambos. 

O jornalismo foi por muito tempo o centro da mídia, criando padrões de linguagem, estética e credibilidade. Na Globo, por exemplo, o famoso ‘‘padrão de qualidade’’ impôs uma maneira de fazer televisão que virou padrão de referência em todo o Brasil. Na mesma instância, hoje a mídia e os influenciadores são quem têm o maior peso na divulgação das informações e o jornalismo é quem precisa se adaptar para não perder a relevância. 

Se reinventar é necessário, ainda mais quando a mídia muda a forma como o público se comporta. Entretanto, deve haver um limite claro entre até que ponto se deve chegar para se adequar a nova forma de comunicação, um ponto de equilíbrio entre os dois extremos deve ser encontrado . Afinal, quando há excesso de proximidade há ausência de credibilidade. 

Se a linguagem do jornalismo for igual à dos influenciadores, será apenas mais uma voz entre tantas por aí, não haverá nada que o diferencie e o coloque num lugar de autoridade e responsabilidade. Dessa forma o jornalismo deve buscar demonstrar por meio de sua imagem e não apenas de sua fala, seu compromisso com a informação.

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