
Mad Max: retorno ou fim de linha?
- 23 de abril de 2025
- comments
- Theillyson Lima
- Posted in Análises
- 0
Mad Max: Estrada da Fúria mostra que um reboot pode reviver uma franquia, mas que insistir em continuações nem sempre é o melhor caminho.
Gabrielle Ramos
Criar uma fórmula de sucesso nos filmes de Hollywood não é tarefa fácil. Por isso, quando esse resultado é alcançado, a tendência é repeti-lo. É assim que algumas sagas, sequências e franquias surgem. No entanto, essa não é a única alternativa, é a partir disso que remakes e reboots, como o de Mad Max, entram em cena.
Diferente do remake, que preserva os personagens principais e os elementos centrais da história, o reboot reinicia a narrativa do zero. Ou seja, apresenta uma nova abordagem para a trama, mas mantendo a essência do roteiro original.
Essa foi a proposta seguida pelo filme Mad Max: Estrada da Fúria, lançado em 2015, ao ressuscitar a franquia iniciada 46 anos atrás. O primeiro longa da saga estreou em 1979 e marcou o início da história, que ganhou continuações em 1981 e 1985.
Estrada do sucesso
O filme de 1979 foi o responsável por apresentar ao público o mundo colapsado de Mad Max. Dirigido por George Miller e estrelado por Mel Gibson, a trama se passa em um futuro distópico, no qual o óleo se esgotou. Nesse cenário caótico, Max Rockatansky, um ex-policial, busca vingança contra uma gangue de motociclistas que assassinou sua esposa e filho.
Mad Max 2 – A Caçada Continua (1981) dá sequência à jornada de Max pelas estradas devastadas da Austrália, onde ele enfrenta gangues violentas e tenta escapar dos ataques de tribos nômades. A produção se destacou pela execução de cenas de perseguição e explosões sem o uso de efeitos digitais.
Apesar de ser uma produção relativamente antiga, Mad Max 2 foi eleito pela revista Variety, em 2023, como o melhor filme de ação da história do cinema. Na época de seu lançamento, o longa surpreendeu ao arrecadar cerca de R$409,5 milhões nas bilheterias, contrastando com um investimento de apenas R$16,9 milhões.
Em Mad Max: Além da Cúpula do Trovão, Mel Gibson interpreta Max novamente, que é forçado a se tornar um gladiador e acaba sendo abandonado no deserto. No longa, ele contracena com Tina Turner, que interpretou a trilha sonora “We Don’t Need Another Hero”.
Trinta anos após a conclusão da narrativa original, Mad Max: Estrada da Fúria se passa em um futuro pós-apocalíptico, no qual comunidades lutam desesperadamente por água e combustível. Max, agora interpretado por Tom Hardy, é capturado pelos capangas do tirano Immortan Joe, e acaba se unindo à Imperatriz Furiosa, líder de um grupo de mulheres escravizadas pelo vilão em busca de liberdade e redenção.
Qual a fórmula?
Quando uma trama já explorada anteriormente volta às telas, é natural que surja a pergunta: por que fazer de novo? No caso de Mad Max, há diversas respostas possíveis. Afinal, mesmo sem o retorno de Mel Gibson, o renascimento da franquia conquistou o público e a crítica, consolidando-se como um sucesso até hoje.
Ao assistir aos filmes da trilogia original e Mad Max: Estrada da Fúria, fica evidente que embora a trama se passe em um futuro distópico, o lançamento do novo filme em 2015 ampliou drasticamente as possibilidades técnicas. Avanços nos efeitos visuais, como o uso de CGI (computer-generated imagery), tornou o que antes era difícil, ou até impossível, de ser realizado em algo viável.
Dessa forma, o reboot aproveita ao máximo as tecnologias modernas de efeitos visuais, som e cinematografia para entregar cenas de ação ainda mais imersivas aos espectadores. Não à toa, após seu lançamento, o filme recebeu 10 indicações ao Oscar e levou para casa seis estatuetas. Em sua maioria, categorias técnicas, como mixagem de som, edição de som, montagem, efeitos visuais, entre outras.
Além disso, o novo filme também combina elementos visualmente impressionantes com temas relevantes. Isso acontece porque o universo distópico e caótico de Mad Max dialoga com preocupações contemporâneas, como o colapso ambiental, os conflitos por recursos naturais e a decadência das estruturas sociais. São questões que continuam (ou até se tornaram mais) atuais, principalmente entre jovens.
Esse contexto faz com que o filme desperte o interesse de um público mais jovem, que muitas vezes não teve contato com os filmes originais. Eu, por exemplo, quando assisti pela primeira vez, não sabia que se tratava de um reboot. Essa capacidade de conectar novos espectadores é o que fará a franquia permanecer viva.
O resultado disso foi um sucesso. Mad Max: Estrada da Fúria arrecadou US$380,4 milhões em todo o mundo em 2015. Além disso, conquistou a crítica especializada. “Miller nos lembrou que os blockbusters têm todo o potencial não apenas para serem arte, mas também radicalmente visionários – mesmo sendo o quarto da série. Que belo dia, realmente”, destacou o The New York Times.
Retorno ou fim de linha
Diante do enorme sucesso da trama, a franquia ganhou um novo filme em 2024 com o lançamento de Furiosa: Uma Saga Mad Max. A produção funciona como um prelúdio, ao explorar os eventos que antecedem “Estrada da Fúria” e revelar como Furiosa foi capturada, escravizada e os desafios que enfrentou em sua jornada para reencontrar seu lar.
Isso é a prova de que, quando a história é boa, sempre há espaço para render mais, desde que seja bem contada. Apesar disso, do elenco e das críticas favoráveis, “Furiosa” não atingiu as expectativas de bilheteria, tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil.
Esse desempenho modesto levanta a dúvida sobre o possível fim de linha para a franquia Mad Max. Afinal, o segundo filme desde o renascimento da saga não empolgou como o anterior. Mas seria esse um indício claro de esgotamento criativo ou do interesse público?
Talvez. Ainda assim, não se pode ignorar o feito marcante de Estrada da Fúria em 2015 ,um impacto que pode, quem sabe, se repetir com o possível retorno de Tom Hardy no papel principal.
Diante disso, resta a pergunta: ainda vale a pena investir na franquia, ou seria a hora de dar um ponto final nessa estrada?