Dibradoras: cultura esportiva feita por mulheres
- 27 de abril de 2022
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Para algumas pessoas o esporte feminino não tem audiência hoje em dia e ninguém quer ver mulher falando de futebol. Mas nos últimos anos, o Dibradoras mostrou coragem ao provar o contrário disso.
Camylla Silva
“Mulher não joga futebol”. “Esporte é coisa de homem”. Você já ouviu uma dessas frases? É só ligar a TV que você só vê homens jogando, narrando, apresentando, comentando, fazendo tudo que envolve esporte. Com o objetivo de mudar um pouco essa realidade, a jornalista especializada em futebol feminino, Roberta Nina e a comentarista da Globo Renata Mendonça, tiveram a ideia de criar o “Dibradoras”.
A certeza de que lugar da mulher também é no esporte, levou as Dibras começarem a princípio com um discreto blog, sobre a inclusão das mulheres no mundo do esporte, que diferente dos outros veículos de notícias esportivas, em que os homens tomam as frentes da comunicação, no Dibradoras tudo ia ser feito por elas, comentado por elas e seria sobre elas.
O podcast
O projeto se expandiu. E além de estar no Uol e na Folha, o Dibradoras tomou o espaço do dia a dia do público no Spotify, entrevistando mais de 100 mulheres nos podcasts semanais (e quinzenais em tempos de pandemia) da Central 3 e principais notícias do mundo esportivo feminino no B9.
Nos episódios são abordados assuntos como: perfis das atletas, competições esportivas, placar dos jogos, informações sobre o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e muito mais. Sempre com convidadas especiais e pautas ligadas ao noticiário recente do futebol feminino, o compromisso das Dibras é driblar o monótono e tocar no urgente, sem deixar faltar a conversa leve e descontraída.
#042: A violência contra a mulher que o esporte tenta silenciar
São inúmeros os exemplos para notar que as mulheres não são bem-vindas no mundo do futebol. Analisando um dos podcasts, Angélica Souza uma das apresentadoras, discute justamente como a cultura machista do futebol aprova essas atitudes violentas e trágicas com as mulheres e como esses acontecimentos são tão frequentes.
Como expressão social, o futebol tem refletido valores e movimentos culturais, morais e socioeconômicos de grupos onde são praticados e assistidos. Como vivemos em uma realidade machista que fortalece o estupro, torcedores e jogadores estão induzidos nessa lógica. Denúncias envolvendo jogadores famosos, técnicos de times, jogadoras vítimas de desonra, jornalistas e comentaristas banidas nas redes sociais, etc.
Lugar de mulher também é no esporte
A presença da mulher no esporte nem sempre foi um fato importante, marcante e determinante, ainda dividindo um espaço de forma democrática com os homens. O processo para a inserção é marcado por muita coragem e luta, gerando acontecimentos de muita exigência por direitos iguais e indicando, de modo natural, grandes líderes que entraram para a história, não só das olimpíadas, mas da atividade física, do esporte e da luta feminina.
Infelizmente, 70% da verba que financiava o Dibradoras foi perdida depois da pandemia, e por esse motivo, a equipe teve que diminuir a frequência dos posts no blog e também dos podcasts. Mas para continuar a produção de conteúdos e ampliar as vozes das mulheres, as Dibras lançaram uma campanha no Catarse para divulgar o projeto e arrecadar ajuda de quem puder colaborar.
É ousado trazer as mulheres para os holofotes do esporte, né? Afinal, para algumas pessoas o esporte feminino não tem audiência hoje em dia e ninguém quer ver mulher falando de futebol.
Mas diferente da mídia tradicional esportiva, que tem 97% da sua cobertura focada nos esportes masculinos, o Dibradoras faz 100% da cobertura focada no envolvimento das mulheres no esporte. Tendo como foco a necessidade de sempre contar história delas para que outras meninas e mulheres possam influenciar e aprender o quanto antes, que lugar de mulher também é nos estádios de futebol, nas quadras, tatames, nas bancadas, nas arenas, enfim, no esporte.