Qual a função de um bilionário?
- 25 de agosto de 2021
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Grandes empresas bilionárias lucram em cima do trabalho alheio ou isso é um surto do comunismo?
Esther Fernandes
Partindo de um contexto de incertezas políticas, sociais, sanitárias e econômicas, o mundo caminha para uma expectativa de retorno à convencionalidade do “normal”. Após quase dois anos de pandemia, os brasileiros vislumbram um futuro de equilíbrio em meio às crises recentes. Mas, vamos lá, será que o surto de Covid-19 afetou todas as pessoas? Segundo o relatório realizado pela Forbes e publicado pela Oxfam, 73 bilionários da América Latina e Caribe superfaturaram US$ 48,2 bilhões entre o início da pandemia (março de 2020) e junho do mesmo ano.
Desde o começo das medidas de proteção, distanciamento social e ações para evitar o contágio da Covid-19, oito novos bilionários surgiram na América Latina. No mesmo período, estima-se que 40 milhões de trabalhadores perderam seus empregos e entraram na faixa de pobreza. Afinal, por que a pandemia afetou economicamente uns, enquanto outros conseguiram lucrar em cima de um cenário tão caótico? Para entender essas movimentações é preciso compreender qual é a função de um bilionário para a economia.
Dentre os diversos serviços dessa classe social, o que destacamos é o quanto bilionários concentram os monopólios, ou seja, dominam um mercado ou setor. O termo monopólio tem origem grega, monos (único) e polein (vender). No dicionário econômico, monopólio pode ser considerado o oposto de concorrência. Pois, apesar de haver outros serviços no mercado, AQUELE será o principal. É o caso do Google e da Disney, por exemplo.
Entendendo esse conceito, fica fácil perceber porque a existência de muitos ricos é tão prejudicial. O aumento do número de bilionários no mundo está intimamente ligado com o crescimento exponencial das desigualdades sociais. Se apenas uma pessoa detém uma grande parte da riqueza, outro alguém, ou melhor, outros, tiveram que ceder sua renda. Essa equação ficou clara durante a pandemia.
Katia Maia, diretora executiva da Oxfam ressalta que “enquanto a maioria da população se arrisca a ser contaminada para não perder o emprego ou para comprar o alimento da sua família no dia seguinte, os bilionários não têm com o que se preocupar. Eles estão em outro mundo, o dos privilégios e das fortunas que seguem crescendo em meio à, talvez, maior crise econômica, social e de saúde do planeta no último século”, diz.
Empresa do rato e seus aliados
Ainda não ficou clara essa relação entre ricos e a desigualdade social? Vamos exemplificar. A Walt Disney Co, uma das maiores multinacionais do mundo, vem enfrentando processos judiciais de seus colaboradores. Recentemente, a atriz Scarlett Johansson, que estrelou como heroína no último filme da franquia Vingadores, entrou com um processo milionário contra a companhia.
Segundo Johansson, houve quebra de contrato durante o lançamento de “Viúva Negra”. De acordo com a negociação, o lançamento seria exclusivo nos cinemas – de onde vem grande parte do salário da atriz, bilheteria. Entretanto, a empresa realizou a estreia simultaneamente na plataforma de streaming Disney+. Essa “escapulida” rendeu à atriz grande prejuízo, já que ela não possui acesso aos lucros gerados através da plataforma.
Convenhamos que Scarlett Johansson não é o que chamaríamos de classe desfavorecida, porém ela não deixa de fazer parte do proletariado, que troca sua força de trabalho por capital. Esse conceito foi desenvolvido por Karl Marx (1848) e nos ajuda a compreender como grandes produtoras lucram e de onde vem tanto dinheiro. Segundo o estudioso, no modo de produção capitalista, as grandes empresas (ou burgueses) sempre terão vantagens em cima do trabalho realizado pelo proletário. Apesar da cultura meritocrática ser sedutora em nos dizer que podemos crescer e nos tornarmos ricos também, sabemos que a riqueza exorbitante do mundo vem do abuso e exploração dos comuns.