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  • 9 de março de 2020
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  • Thamires Mattos
  • Posted in Sessão Cultural
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Black Mirror desperta olhares de estranheza sobre o mundo

Esther Fernandes

A frequência que você se contempla no espelho é a mesma de suas conferidas no “espelho preto”? A tradução literal da série britânica Black Mirror se refere ao reflexo das telas digitais: smartphones, tablets, computadores, entre outras. Com episódios autônomos, já são cinco temporadas e mais de 20 histórias diferentes que conversam entre si. Cada episódio traz um reflexo real e assustador de como anda a sociedade.

A cada capítulo, o telespectador é apresentado a uma realidade “estranha” e de situações hostis. A fantasia provoca as faces da realidade, o consumo exagerado da tecnologia e as suas consequências. Black Mirror consegue ser ao mesmo tempo absurdo e admissível. Cada episódio retratado, por mais perturbador que pareça, é verossímil.

A “Sociedade do Espetáculo” descrita por Guy Debord é frequentemente apresentada em Black Mirror por diferentes ângulos. O segundo episódio da segunda temporada (White Bear) abre um debate sobre a espetacularização da violência. A trama inicia com uma mulher desorientada, que acorda sem saber onde está e tampouco quem é. Ela sai de casa em busca de informações, mas a única coisa que recebe são notificações de celular. O meio em que ela vive foi atingido por um “sinal” que causou em todos uma espécie de sede sensacionalista. Homens, mulheres e crianças não são capazes de mais nada; apenas filmam seus entornos com celulares. Um dos principais conceitos apresentados por Debord é de que “o mundo real se converte em simples imagens, estas simples imagens tornam-se seres reais e motivações eficientes típicas de um comportamento hipnótico”.

A partir daqui, o texto possui spoilers. Prossiga com cuidado!

Durante todo o episódio, a protagonista é perseguida por um grupo de caçadores que querem matá-la. O plot twist ocorre quando paredes se abrem e ela descobre que faz parte de um reality show transmitido ao vivo. A protagonista é, na verdade, uma criminosa, e todo esse cenário faz parte de sua punição; um eterno júri popular que distorce e associa o “olho por olho, dente por dente”. Isso também se conecta com as ideias de Michel Foucault em “Vigiar e punir”.

Em Fifteen Million Merits, segundo episódio da primeira temporada, a série explora de forma reflexiva a compreensão de Debord sobre a imagem: “o espetáculo não é um conjunto de imagens, mas uma relação social entre pessoas, medida por imagens”. Do mundo retratado ser cheio de tecnologias de ponta, a estrutura de pirâmide social é extrema, e a grande massa vende sua força física, pedalando em troca de “méritos” (uma espécie de moeda virtual).

As relações pessoais são escassas e quase todo contato é mediado por telas digitais. A grande busca do protagonista, Bing, é alcançar em meio a essa robótica rotina, algo que seja “bom, verdadeiro e gratuito”. O telespectador é levado junto ao protagonista à frustrante conclusão de que qualquer vestígio de verdade é, na realidade, vendável. Black Mirror desperta olhares de estranheza sobre o mundo. A série abre debates sobre anomalias sociais que sofremos, e, mesmo assim, tentamos esconder com um véu.

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  • black mirror
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  • Fifteen Million Merits
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