18 anos… de opinião
- 2 de outubro de 2020
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O início de um sonho, deu tudo certo
Esther Fernandes
Em meados de 2001, alunos do segundo ano de Comunicação Social do Centro Universitário Adventista de São Paulo, campus Engenheiro Coelho, coordenados pelo professor Ruben Holdorf, iniciaram um projeto que alavancaria o curso de Jornalismo da instituição e se perpetuaria durante os próximos 18 anos, atingindo gerações de estudantes. O nome Canal da Imprensa, foi pensado por alunas e segue uma linha de pensamento espontâneo: a construção de um veículo pelo qual a imprensa se expressaria de forma livre, ética e eficaz.
Seguindo a estrutura de imprensa independente, em 21 de agosto de 2002, a primeira edição do Canal da Imprensa foi ao ar com o formato que persistiu durante anos. Em sua linha editorial, redatores produzem edições temáticas onde a análise e a crítica sobre a atuação da mídia brasileira e internacional são as principais propostas. Sob a direção de Fernando Torres e edição especial de Fabiana Siqueira (Bertotti), a primeira edição do recém-nascido Canal da Imprensa foi a relação da censura no Brasil e seus conceitos sobre o controle no século XXI.
Os dezenove produtos realizados indicaram uma linha de pensamento com um propósito claro: trazer um recorte histórico da censura no Brasil, questionar os aspectos da “nova” censura e alimentar o espírito livre dos jornalistas. A começar pelo principal debate, escrito pelo editor-chefe da redação, Fernando Torres, que carrega o título da edição: Brasil 500 anos… de censura. Torres em suas primeiras linhas traça o primeiro registro de domínio no Brasil, vindo por parte da igreja católica portuguesa, e pontua em seus parágrafos uma lista apontando datas e horários de cenários de restrição.
A exposição de dados somados a curta explicação dos acontecimentos e análise dos episódios citados desde o Brasil império até o atual momento (que no caso era julho de 2001), leva ao leitor – através da condução de Torres – a conclusão de que a repressão ainda está em vigor. “Uma doutrina baseada na soberania de poucos e na distribuição limitada de poder”, como ele mesmo comenta sobre a censura da atualidade.
Adentrando de forma profunda e sucinta, Fabiana Bertotti é direta ao desmistificar que a censura no Brasil se concentrou no momento da ditadura. As novas formas de domínio estão ligadas a políticas empresariais e relações de poder. Segundo Bertotti, o comércio midiático direciona sua atenção aos seus favoritos “e não importa que eles sejam intelectualmente vazios ou moralmente nulos. Importa que eles vendam”.
A abordagem do tema em seu estado genérico e direcionado alerta os jovens jornalistas aos perigos da censura institucional e o controle governamental, trazendo recorte histórico e o panorama atual. A primeira edição do Canal da Imprensa serviu de espelho para as seguintes e hoje atinge a marca de 185 edições. O viés que se manteve durante esses 18 anos não é o de formador de opinião do público e sim o de analista das mídias formadoras de opinião. O Canal desde seu primeiro momento até agora cumpre o objetivo de expandir a criatividade dos alunos e refinar o senso crítico.