Zé Carioca, o espelho do brasileiro
- 16 de março de 2022
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A distorcida visão através da representatividade de um desenho dedicado aos brasileiros
Laura Rezzuto
Uns amam, e já outros, veem uma representatividade desnecessária. O Zé Carioca foi um personagem criado em 1941, pelos estúdios Disney nos Estados Unidos. O protagonista deste cartoon é um papagaio astuto e preguiçoso, que surgiu com a intenção de representar e simultaneamente homenagear a nação brasileira.
O surgimento deste cartoon, até então dedicado ao Brasil, teve origem durante a II Guerra Mundial, quando os Estados Unidos iniciou um movimento conhecido como “Política de boa vizinhança”, com o propósito de intensificar os seus laços com os outros países da América do Sul. Para coadjuvar nessa aproximação, o país contratou Walt Disney para criar personagens latino-americanos que se relacionassem com os seus, norte-americanos, e desta forma, conquistassem cada país representado.
Há quem diga que ficou extremamente ofendido por ser caracterizado por uma figura egoísta, desonesta, mulherenga e que não consegue articular a palavra “trabalho”. Eu não me surpreendo, mas para outros, Zé foi motivo de orgulho, podendo ser considerado até mascote dos jogos olímpicos da época e ser indicado três vezes ao Oscar.
Zé Carioca foi um personagem produzido pelas finalidades erradas, porém, foi um trabalho que existiu por um pouco mais de 80 anos, então, acho que requer atenção, já que a sua criação exigiu muito investimento, principalmente. Seus criadores visitaram Belém e por último, o Rio de Janeiro, que deu a alma e a naturalidade carioca para o personagem, além de conhecerem o presidente Getúlio Vargas.
Desde o primeiro quadrinho, o personagem brasileiro tem seu caráter pervertido: ele frequenta um local caro e analisa como fará para não pagar a conta. Sempre tentando tirar proveito com mentiras descaradas. Ele mora no lixão, mas se passa por rico, principalmente quando o assunto é conquistar mulheres. Em todo o tempo está atrás de algum negócio que ele consiga lucrar de maneira fácil.
Por mais que o programa deixe qualquer um em estado de êxtase e alegria, as circunstâncias não devem ser ignoradas. O lado tão evidente e negativo está presente em grande parte desta obra tão assistida por nós, os próprios brasileiros representados. Portanto, não se trata da necessidade de moralismo, mas, se Zé é uma imagem do Brasil vista do exterior, essa imagem precisa de melhor cuidado.