YouTube: a televisão moderna
- 18 de maio de 2022
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Com baixos custos e grande alcance, YouTube tem se tornado uma opção atraente para quem quer fazer jornalismo.
Camilly Inacio
Entre as diversas mudanças causadas pela tecnologia, está a migração do jornalismo para o mundo digital. O papel de informar as pessoas era atribuído principalmente aos meios de comunicação tradicionais, como jornais impressos, televisão e rádio. No entanto, a internet tem se tornado uma grande ferramenta para a produção e divulgação de tais conteúdos. Entre as redes que mais se destacam, está o YouTube, que conta com mais de 2 bilhões de usuários.
O YouTube foi lançado em 2005 e é uma plataforma mundialmente conhecida que permite a criação e consumo de conteúdos de streaming de vídeos, precisando apenas de uma conexão na internet. É a maior plataforma de vídeos do mundo, sendo responsável por 37% do tráfego mundial de internet móvel, de acordo com a pesquisa The Mobile Internet Phenomena Report, realizada pela Sandvine.
Existe notícia no YouTube?
A palavra “YouTube” é composta de duas palavras em inglês: “you”, que significa “você”, e “tube”, que vêm de uma gíria muito próxima de “televisão” (especificamente, televisão de tubo). Em outras palavras, será uma “televisão feita por você”. A plataforma se tornou uma nova “televisão”, em que os vídeos podem ser assistidos apenas com uma conexão à internet.
O YouTube abriga uma enorme variedade de conteúdos audiovisuais, como filmes, documentários, videoclipes, tutoriais de maquiagem e beleza, receitas caseiras, notícias e vídeos amadores do dia a dia. Além disso, a plataforma possui um grande público global e pode fortalecer o relacionamento dos criadores de conteúdo com diversos públicos através de conteúdo que incentiva o engajamento.
A rede também possui ferramentas que facilitam o trabalho – especialmente o jornalístico. Entre elas, está a facilidade para anexar links que levem a outros sites, bem como a possibilidade da realização de transmissões ao vivo. Recentemente, foi lançado o YouTube Shorts, que se trata de um espaço de vídeos curtos que podem ser vistos de forma rápida e prática, entre outras funções existentes no site.
Com o avanço da internet, as pessoas começaram a passar mais tempo na frente de celulares e computadores. Todavia, isso trouxe uma facilidade para o acesso à informação. Atualmente, 71% dos internautas brasileiros se informam através das redes sociais, de acordo com um estudo sobre impactos do grande fluxo de informações na vida digital realizado pela Kaspersky, em parceria com a empresa de pesquisa Corpa.
Da TV ao YouTube
Trabalhar na rede social mais utilizada no Brasil se tornou uma opção para muitos jornalistas. Por meio da popularização da aquisição de informações através de redes como o YouTube, diversos jornalistas deixaram as mídias convencionais para produzir conteúdos informacionais no meio digital.
Quando se fala em um jornal de televisão, o custo é muito alto para que se obtenha uma produção de qualidade. Com a migração digital e o crescimento do YouTube, as pessoas podem ter um alcance muito maior com um custo de produção bem pequeno, além da possibilidade de gerar renda através de seus canais na rede social.
A lista de jornalistas que decidiram investir em canais no YouTube é extensa. Alguns começaram durante a pandemia em meio a impossibilidade de trabalhar fora de casa neste período; outros estão há alguns anos no Youtube, como Mara Luquet, que criou um dos maiores canais de jornalismo da plataforma: o My News, um canal independente de jornalismo, fundado em 2018. O jornal visa levar informações bem apuradas e fazer análises de qualidade para o público.
Outra pessoa que, hoje, se dedica à produção de conteúdo para a internet é Vera Magalhães, jornalista de política no Estadão, BR Político e apresentadora do Roda Viva. Criou seu canal em 2020, com lives semanais sobre política e outros assuntos da atualidade. Nathália Arcuri, ex-repórter do SBT e Record, também se consagrou com um canal sobre finanças chamado “Me Poupe”. Gabriela Prioli, Marco Antonio Villa, Leda Nagle, Maira Lemos e Patrick Santos são alguns outros exemplos.
Canais de informação no YouTube
Além do jornalismo independente realizado no YouTube, nos últimos anos, os veículos de comunicação passaram a investir no mundo digital para poder alcançar o maior número de pessoas. Alguns canais passaram a transmitir suas programações em seus canais oficiais, e outros passaram a produzir programas e conteúdos especiais para a plataforma.
Em reação ao crescimento de audiência proporcionado pela internet, atualmente, estão presentes no YouTube alguns dos canais de informação mais famosos e confiáveis do Brasil e do mundo, como The New York Times, Reuters, The Washington Post, The Guardian, G1, SBT News, O Globo, CNN, BBC, entre outros.
A importância do jornalismo para o próprio YouTube se manifesta de muitas formas. Por exemplo, hoje o programa possui uma “página” chamada YouTube Official Blog, onde são publicadas as notícias oficiais da plataforma, e recentemente foi lançada uma campanha em apoio ao jornalismo no combate à desinformação do YouTube Brasil junto com o International Center for Journalists (ICFJ).
Fake News
Contudo, ao analisar essa capacidade, novos problemas são encontrados, alguns estão relacionados a grande quantidade de notícias falsas ou sensacionalistas que podem ser publicados na internet. No YouTube, existem algumas diretrizes que orientam o criador de conteúdo o que pode ou não ser publicado, mas muitos burlam esses sistemas para que os vídeos não sejam bloqueados.
Nesta análise, pode-se então perceber que, embora o YouTube possua um enorme potencial para a distribuição de conteúdos jornalísticos, é preciso ter cuidado ao navegá-lo. Fontes não confiáveis estão constantemente presentes, e é preciso redobrar a atenção.