Versace: a sangrenta história por trás da marca de luxo
- 23 de agosto de 2022
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Segunda temporada de American Crime Story narra o famoso assassinato de Gianni Versace.
Bruna Moledo
Se me fosse pedido para citar que elementos o nome Versace traz à mente, minha resposta seria: luxo, grife, roupas e, com certeza, dinheiro. Mas, nem em meus maiores devaneios, as palavra assassinato e morte fariam parte do raciocínio. Infelizmente, os termos têm sim lugar nessa lista. A marca mundialmente famosa no ramo da moda, carrega consigo uma bagagem sangrenta. Me refiro aqui ao dramático homicídio de Gianni Versace, o homem que junto de sua irmã, Donatella, foi o fundador do império que carrega seu nome.
O acontecimento sombrio até hoje não possui respostas claras, mas sem dúvidas, ainda provoca sentimentos ruins no peito de todos aqueles que admiravam o estilista, já internacionalmente aclamado pela mídia no ano de sua morte.
O fatídico dia
Na manhã do dia 15 de Julho de 1997, sangue manchou os degraus de uma famosa mansão em Miami. Gianni Versace, um dos influentes príncipes do mundo da moda, havia sido baleado em frente à sua casa enquanto retornava de uma caminhada matinal. Sem aviso prévio e com dois tiros na cabeça, o ícone fashion sucumbiu. Na frente daquilo que hoje é a Casa Casuarina, um hotel de luxo com 17 quartos, foi formada uma multidão de curiosos atraídos pelo som de ambulâncias e carros de polícia. Posteriormente, nesse mesmo lugar, um memorial não oficial foi formado. Flores e velas decoravam a paisagem transformada pelo luto.
A história desse assassinato, até então relativamente confusa para os leigos, tem suas bordas clareadas na 2ª temporada da série American Crime Story, disponível no Star+. Nela, pode-se entender um pouco mais a respeito da interessante vida e morte do famoso estilista que fez história, e trouxe uma influência nunca antes vista para o mundo da moda. E mais do que isso, o programa é também uma exposição da vida de Andrew Cunanan. Aquele que foi responsável não somente pela morte de Gianni, mas também de outros quatro homens em um período de apenas quatro meses.
Quem era Andrew Cunanan?
O assassino era um jovem de boné e roupas simples, que logo após efetuar os disparos saiu andando da cena do crime. Seu nome? Andrew Cunanan, um homem sem nenhuma conexão aparente com Versace, segundo depoimento da família da vítima. Nascido na Califórnia, Cunanan era filho de Mary Anne Schillaci, uma dona de casa com descendência italiana-americana, e Modesto Cunanan, nascido nas Filipinas. Com uma vida dentro do comum não dava indícios de sua personalidade criminosa, mas em sua trajetória ficam evidentes características narcisistas. Na escola foi eleito “o mais provável de ser lembrado”, profecia que, de forma distorcida, se cumpriu anos depois.
Ao ingressar na Universidade da Califórnia não se destacou como aluno e logo abandonou a instituição. Começou a ser sustentado por homens mais velhos e ricos, de quem ganhava presentes e agrados para sustentar seus gostos luxuosos, e se tornou viciado em substâncias nocivas como cocaína e metanfetamina. No programa de televisão, é retratado como um camaleão mentiroso e capaz de manipular o ambiente e as pessoas com quem entrava em contato. Buscava a ascensão social acima de tudo e todos. O que, diferentemente do testemunho dos Versace, teria levado seu caminho a se cruzar com o de Gianni, já que seus ciclos de conhecidos eram ligeiramente conectados.
Uma trilha de sangue
Antes do assassinato Andrew já se encontrava na lista de mais procurados do FBI. Era o suspeito principal em uma investigação a respeito da morte de 4 homens. A primeira vítima foi Jeffrey Trail, com quem tinha uma relação de amizade desde 1991. A irmã de Trail deu uma entrevista ao New York Times explicando um pouco sobre os sentimentos obsessivos de Cunanan em relação a seu irmão. O assassinato foi brutal, realizado com um martelo.
David Madison foi o segundo a ser morto. Também era um amigo íntimo de Andrew e segundo relatos de amigos, o “amor de sua vida”. Seu corpo foi encontrado na margem de um lago com marcas de tiros.
Outras mortes logo seguiram as primeiras em um inacreditável curto espaço de tempo. Lee Miglin, um homem mais velho e de grande riqueza, possuía um perfil comum aos dos homens que costumavam sustentar e mimar o jovem assassino. A família e esposa de Lee negaram que o homem tivesse qualquer conexão com Cunanan, no entanto, a casa em que o corpo foi encontrado não mostrava nenhum sinal de entrada forçada.
A última e única morte que consideraram ter acontecido sem nenhuma motivação pessoal, foi a de William Reese, supostamente assassinado unicamente por sua caminhonete, encontrada depois perto da cena do crime de Versace.
Um julgamento que nunca aconteceu
Logo após o homicídio do famoso estilista, iniciou-se uma caça à Andrew Cunanan. Aproximadamente mil agentes estavam espalhados por todo o país, dando auxílio e suporte durante a perseguição. No entanto, a investigação que certamente teria levado a um julgamento histórico não durou muito. Quando a polícia adentrou uma casa de barcos que teria sido invadida pelo assassino, o encontrou já morto. O caso foi anunciado como suicídio e a arma utilizada foi a mesma que matou Gianni Versace. Nenhuma nota ou bilhete pôde ser encontrado.
Sem nenhum tipo de julgamento e ou maiores explicações, a morte de Gianni Versace continua, de certa forma, sendo um mistério. Sua ligação com Andrew Cunanan, ou a falta dela, nunca foi realmente explicada. Apesar de tudo, a justiça ainda que trêmula e vacilante, foi realizada, já que de certa forma o homicida pagou por seus crimes. Teve sua vida e existência apagadas pela história, enquanto Versace, o império da moda, continua inabalável.