Uma dose de realidade
- 17 de junho de 2019
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- Thamires Mattos
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O documentário Immunization: A dose of Reality conscientiza sobre a importância das vacinas
Thaina Reis
O documentário Immunization: A dose of Reality (em português: Uma dose de Realidade) conta a história de famílias que vivem com a consequência de terem escolhido não vacinar seus filhos. O arrependimento é maior que o próprio desafio de viver com a sequela de uma picada. O longa metragem retrata uma parte da vida de crianças que vivem em camas de hospitais ao invés de estarem correndo pelo parquinho. Por muitos pontos de vista, médicos, pesquisadores e sobreviventes conscientizam o espectador sobre a importância de tirar vantagem do processo natural de defesa do corpo humano: a imunização.
Aos olhos paternais e maternais, o recebimento de, em média, seis doses de vacinas antes mesmo de completar um ano de idade aparenta ser um método de proteção um tanto quanto cruel. No entanto, a prevenção de uma doença é melhor do que seu tratamento – e é isso que conta uma sobrevivente de meningite. Nem costumamos perceber os vírus – que, antes, disseminaram milhões através de poliomielite, rubéola, sarampo e coqueluche –, e isso é um bom sinal: prova a eficácia das vacinas. Ao mesmo tempo, diminui a motivação de usar um produto que previne algo que você não vê.
O renomado cirurgião britânico Andrew Wakefield propôs, em uma entrevista ao jornal médico-científico The Lancet em 1998, que a combinação da vacina tríplice viral (sarampo, caxumba, rubéola) originava o autismo nas crianças. Para diagnosticar o autismo, os primeiros sinais aparecem entre 12 e 18 meses de idade – a mesma época em que é recomendado tomar os três antivírus. Wakefield baseou seu discurso em suposições e perdeu sua licença para praticar medicina. Mesmo após a publicação de inúmeros artigos e pesquisas que desmentem suas falácias, uma sombra de dúvida já havia sido espalhada. Era tarde demais, e o medo se propagou através da falta de pesquisa. Os falsos rumores e informações fraudulentas viralizaram na internet. A credibilidade das vacinas sofreu um baque.
Por segurança, as vacinas são continuamente monitoradas, e, assim como qualquer outro tipo de medicação, elas podem ter efeitos colaterais. Em geral, esses são de curta duração. Reações adversas são raras.
As doenças não precisam de passaporte, e a falta de informação em um lado do globo pode quebrar uma comunidade que está a quilômetros de distância. A cidade de Nova York declarou estado de emergência em um bairro judeu ortodoxo devido a um surto de sarampo em abril deste ano. A escolha de não vacinar não é individual; é escolher por quem está ao nosso lado. Há quem não possa ser imunizado, como pacientes de quimioterapia ou que estão na fila para um transplante. Ser um portador de vírus é escolher pelo outro também. Já sentiu na pele o risco da sua escolha? Experimente tomar uma dose de realidade e acompanhar a história de pais que enterraram seus bebês recém-nascidos por eles não serem imunes a uma doença que já tem cura.