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Uma compadecida história de resistência

  • 12 de maio de 2021
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O Auto da Compadecida é um clássico cinematográfico que explica o Brasil e critica a sociedade  

Esther Fernandes 

Quem espera uma clássica obra de vilões e mocinhos será enganado pelos aparentes estereótipos de O Auto da Compadecida. A peça, escrita em 1955 por Ariano Suassuna, ganhou sua versão para o cinema em 2000, com direção de Guel Arraes. O autor paraibano não poupa elementos do imaginário nordestino para compor o cenário da trama e abusa da construção de personagens típicos e, por que não, folclóricos para construir a narrativa. O clero corrupto, o valentão da cidade, o coronel, a mocinha e o espertão. Todas essas figuras encantam e introduzem o enredo.

O longa conta histórias entrelaçadas dos personagens e como cada um deles busca satisfazer suas próprias vontades. João Grilo, o protagonista da obra, é um pobre “safado e amarelo” que utiliza de sua esperteza para se safar de confusões criadas por ele mesmo e para tirar vantagem em qualquer situação que lhe pareça oportuna. O filme explora partes riquíssimas da cultura brasileira ao mesmo tempo que critica a sociedade e a maneira com que ela se comporta. 

Em um primeiro momento, vemos mentiras e trapaças de João Grilo. Apesar de as ações serem socialmente erradas, o público é levado a torcer e contribuir para que João e seu amigo se dêem bem em cima das fraudes. Atropelando a paz local e a rotina corriqueira do vilarejo, Severino, perigoso cangaceiro, procurado pela polícia, chega à cidade com seu bando para dizimar a população. O motivo? Enquanto se disfarçava de mendigo e suplicava esmola pela cidade, ninguém se compadeceu. 

A luta do anti-herói 

Ao transportar a história para outra esfera de cenário, o julgamento final, questões éticas e morais são colocadas à mesa e é nesse momento que toda construção narrativa de cada um dos personagens vem à tona. Vilão e herói se contrapõem diante do tribunal celestial e a Compadecida se dispõe a defender os pecados tanto de João Grilo quanto de Severino.  

Apesar de esperarmos o  desenvolvimento da história de um vilão e mocinho e que, à primeira vista, Severino e João Grilo cumpram esses papéis, ambos são um espelho do mesmo personagem. No momento que Severino recebe a dádiva de um lugar no paraíso mesmo sendo autor de crimes bárbaros e matança de milhares de pessoas, percebe-se o quanto sua miséria é o motor de sua marginalidade. 

O mesmo acontece com João Grilo. A segunda chance concedida pela Compadecida ao charlatão leva em consideração sua trajetória de fome, pobreza e desprezo. O anti-heroísmo de João e a antítese de Severino configuram, em uma esfera maior, não apenas o mesmo personagem, mas a personificação do sofrimento e resistência.

 As façanhas realizadas em troca da sobrevivência e a violência por vingança são justificadas pela Compadecida como arma do pobre, seu único recurso contra sua triste condição humana. Assim como em “Bacurau”, o Auto da Compadecida traz o senso de resistência e oposição. A figura nordestina é associada ao sofrimento e à miséria, mas também é, e não deixará de ser, símbolo de fé e coragem.

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