Toda sociedade democrática defende e preserva a imprensa livre
- 2 de outubro de 2020
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O gaúcho Luis Fernando Assunção, professor e pesquisador de jornalismo na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (Utad), mora em Portugal desde 2018. Enquanto lecionava no Centro Universitário Adventista de São Paulo, foi por um período editor-chefe do Canal da Imprensa. O convidamos para relatar a importância de existir uma revista de crítica midiática e como foi sua gestão durante os anos de 2012 a 2015:
“O Canal da Imprensa é um instrumento que deveria ensinar e conscientizar os leitores da importância de saber entender o que a mídia escreve e divulga”.
Thaina Reis
Toda sociedade democrática defende e preserva a imprensa livre. Mas mesmo em sociedades pretensamente democráticas, a mídia precisa de alguma forma de acompanhamento crítico. Esse é o papel dos observatórios. Manter sempre um senso crítico diante de possíveis deslizes – ou não – da imprensa e ajudar a sociedade a entender como é feito o jornalismo, como as notícias precisam ser lidas, alertar para interesses políticos e/ou econômicos que possam interferir na pureza da notícia, etc. E isso partindo do ambiente acadêmico, onde teoricamente a pesquisa é valorizada e incentivada, dá uma chancela ainda mais importante para a crítica midiática, já que ela deve sempre utilizar parâmetros científicos e embasados em pesquisas para desenvolver determinadas análises.
O Canal da Imprensa significa, não apenas para mim ou para algum professor em específico, uma importante forma de manter o senso crítico diante da “leitura da mídia”, ou seja, um instrumento que deveria ensinar e conscientizar os leitores da importância de saber entender o que a mídia escreve e divulga. Aliás, esse é o objetivo de todos os observatórios midiáticos existentes no mundo. É claro que ao longo do tempo o Canal acabou abandonando um pouco essa premissa, mas isso não significa que tenha perdido sua relevância.
A nossa proposta na ABJ e no Canal sempre foi dar voz à necessidade de valorizar a crítica midiática, repassando os conhecimentos para os alunos para que estes, primeiramente, entendessem a importância da tarefa. E, por consequência, conseguissem também elaborar uma análise que pudesse fazer com que os leitores entendessem melhor o funcionamento da mídia. Também a troca de artigos e análises com pesquisadores de outras universidades e de outras áreas que não a comunicação ou jornalismo foi um dos pontos que sempre discutimos e incentivamos, até para valorizar a necessidade da transdisciplinaridade aos trabalhos e às análises.
Creio que todos os professores que passaram pelo projeto puderam deixar um pouco de sua experiência. Até pelas diferentes nuances de atuação desses professores, o projeto acabou incorporando em sua trajetória novos olhares e novos parâmetros para a crítica midiática. Cada um de nós deu um pouquinho de si para desenvolver e fazer crescer o Canal. E, obviamente, quem ganha com isso são os alunos que têm a oportunidade de participar de um projeto que vai ser muito importante para sua carreira profissional, no futuro.