Survivor: sobrevivência e dependência
- 9 de março de 2020
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- Thamires Mattos
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A garantia de êxito não depende do que somos, mas do que as pessoas pensam que nós somos
Adalie Pritchard
Sobrevivência não depende unicamente do tamanho ou força física de um indivíduo, mas, também, de sua agilidade, inteligência, paciência, entre outas características. Na vida – e no reality show Survivor –, é mais importante ter humildade e uma mentalidade adaptável para aprender, a fim de conseguir superar diferentes tipos de obstáculos.
No reality show, os competidores são desafiados, tanto física como emocionalmente. Colocados em lugares remotos, são responsáveis por prover abrigo, fogo, alimentação e tudo o que for necessário para sua sobrevivência. Também são obrigados a trabalharem junto à desconhecidos. Diferentes personalidades, idades, profissões e passados se confrontam para assegurar conforto físico e avanço no jogo.
Os competidores participam de desafios em busca de recompensas e imunidade contra a eliminação. Logo, são progressivamente eliminados do jogo por seus companheiros até só permanecer um par. Um dos jogadores, escolhido democraticamente pelos eliminados, será denominado o “único sobrevivente”, e receberá o prêmio de um milhão de dólares.
O desconforto destaca a essência do caráter de uma pessoa, o melhor e pior dela, criando muito conflito entre os jogadores. Assim, fica difícil manter a “máscara social” na frente das câmeras, comum em outros reality shows. Esse ambiente primitivo provoca instintos de “homens das cavernas”, visto que são retirados da sociedade moderna. No entanto, as situações e dilemas criados no programa são amostras do que acontece em um dia-a-dia normal.
Por esse motivo, o maior desafio dos participantes não parece ser o físico, embora a pele dos seus corpos fique praticamente colada a seus ossos, e bronzeada pelo sol inescapável. A dificuldade real é lidar com outras pessoas – dentro e fora do programa. Dependemos dos outros para tudo. Quem pensa que é totalmente independente está equivocado. Ganhar este jogo sozinho é quase impossível.
As pessoas são indispensáveis para nossa sobrevivência, mas também são o maior perigo. Survivor me fez rir muitas vezes, e relembrou minha infância. Logo na primeira temporada, descobre-se que, caso alguém minta sobre alianças, pode avançar mais rápido no jogo. Desse momento em frente, a desconfiança sempre habitou a mente dos participantes.
Existe uma tendência no programa de procurar um líder a fim de tomar as decisões importantes para a tribo. O resto se alinha atrás dele, confiando e acreditando nas suas promessas de que suas habilidades os levaram até o final.
Fato é que o programa não apenas investiga suas habilidades de sobrevivência, mas evidencia as necessidades de interação social ainda que em uma fração pequena da sociedade. É por isso que parece que a garantia de êxito não depende do que somos, tanto no programa como na realidade, mas do que as pessoas pensam que nós somos.