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Sadia: uma diversidade de fachada

  • 31 de maio de 2023
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  • Theillyson Lima
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A empresa que têm grade de funcionários diversificada, também é a mesma que não os representa em seus comerciais.

Gabrielle Ramos 

A Sadia foi fundada em 1944, anos depois, inaugurou sedes fora de Santa Catarina e posteriormente passou a comercializar em todo território nacional. Nos anos 70, lançou o peru temperado, produto que se tornou campeão de vendas no Brasil e começou a exportar carnes para outros países. 

Nesse mesmo período, a marca lançou o Lek Trek, que se tornou símbolo e porta-voz da Sadia. O mascote estreou na TV ainda em preto e branco, ao passar dos anos se tornou colorido e até mesmo 3D. Na década de 80, inaugurou o primeiro Serviço de Informação ao Consumidor de uma empresa do ramo alimentício.

Em 2009, a Sadia se uniu à sua concorrente, a Perdigão e passou a ser reconhecida pela sigla BRF (Brasil Foods S.A.). Hoje, a empresa está presente em mais de 150 mil pontos de venda no Brasil, em mais de 140 países e oferece mais de 300 tipos de produtos, sendo a primeira marca a criar congelados que facilitam a vida das pessoas.

Desde a fundação, a Sadia afirma cultivar as relações desde o campo até a mesa dos consumidores, ao garantir produtos com valor nutricional e qualidade. Mas será que isso realmente acontece na prática ou é apenas um discurso que a empresa tenta perpassar em seus comerciais e produtos midiáticos? 

Contexto histórico durante a evolução da empresa

O período em que a Sadia surgiu foi marcado por diversos acontecimentos. Na década de 40, Getúlio Vargas estava como presidente do país, também foi o período que o Brasil estreou na Segunda Guerra Mundial e que a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) foi criada. Mas quem eram as pessoas que viviam nesse Brasil em desenvolvimento?

De acordo com o censo demográfico do Brasil de 1940, o primeiro que foi realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população do país era de aproximadamente 41 milhões de pessoas. Dentre estas, cerca de 26 milhões eram compostas por brancos, 6 milhões por pretos, 240 mil por amarelos, 8 milhões por pardos e 41 mil por cor não declarada. 

Desde esse período e até mesmo desde muito antes, já era possível perceber a grande variedade cultural e racial do Brasil. Apesar disso, nem toda a população era representada nas publicidades da época. Afinal, foi durante a Era Vargas que o American Way of Life (Estilo de vida americano) foi incentivado, ou seja, que “bom” era viver como os norte-americanos, brancos, viviam. 

Campanhas publicitárias antigas

O primeiro comercial televisivo da Sadia estreou nos anos 70 com o slogan “Frango mais veloz do mundo”, no qual apresentava a mulher como dona de casa e responsável por preparar as refeições. Afinal, na época, não era comum dizer que esta também poderia ser uma atividade destinada a homens. Assim, o Lek Tek aparece como “salvador da pátria” ao solucionar a dúvida do que preparar para o jantar.

Em 1984, é lançada uma das campanhas mais conhecidas da marca, na qual um menino branco consegue reconhecer qual é o presunto Sadia de olhos vendados. Nessa mesma década, outro comercial é lançado, mantendo os mesmos “padrões” dos anos 70, mulher dona de casa branca.

Nos anos 90, a temática das produções começa a variar. Contudo, a problemática da falta de diversidade continua. Nesse período, independente do tema apresentado, seja um especial de Natal, apresentação de produtos novos ou comemoração de 50 anos da marca, a representação das famílias nos comerciais eram as mesmas: brancas, casais héteros e mulher dona de casa. 

Foi nesta mesma década que um dos comerciais objetifica a mulher, ao mostrá-la como dona de casa, com roupa curta e dando enfoque nas pernas delas. Também, em 1998, é a primeira vez que um comercial da Sadia mostra pessoas negras, ao representar as regiões do Brasil por causa do slogan “S de Brasil”.  

Campanhas publicitárias atuais

A partir dos anos 2000, a postura da empresa começa a mudar. Além da clássica representação branca, também é possível encontrar pessoas negras e asiáticas nas campanhas publicitárias da época.  Contudo, essa representação continua sendo mínima.

Segundo o Censo Demográfico de 2000, a população brasileira era composta por 53,7% de brancos, 38,5% de pardos, 6,2% de pretos, 0,4% de indígenas e 0,7% sem declaração. Nesse período, cerca de metade da população, quando somadas, não é branca. Então, por que a representação das raças e etnias nos comerciais da Sadia era tão desigual? 

A partir de 2010, a situação começa a melhorar. Pois negros, pardos e asiáticos aparecem mais frequentemente nos comerciais; mulheres são representadas de maneiras váriadas, como no esporte e pessoas com tatuagens aparecem. Entretanto, mais uma vez, o único modelo de família apresentado pela marca é o casal hétero.

Ao representar as famílias assim, não apenas os LGBTQIA+ ficam de fora, mas também as mães ou pais solo e adotivos. Além disso, em questões relacionadas à cor, a maioria dos comerciais mostra famílias negras e brancas de maneira separada. É apenas em 2017, que um casal (pelo menos aparentemente) é formado por uma pessoa branca e outra negra.

Em 2018, a Sadia lança um comercial que mostra o processo da produção de seus produtos, desde a criação nas granjas, a fabricação nas indústrias até a mesa do consumidor. Apesar da proposta ser interessante, durante esse processo, apenas uma pessoa negra aparece, que é uma mulher que está trabalhando na fábrica. Mas por que não mostrar uma pessoa negra consumindo os produtos também?

No ano seguinte, um suposto casal LGBTQIA+  é representado pela primeira vez. Digo “suposto”, pois a interação amorosa entre as duas mulheres não fica tão clara quanto a dos outros casais héteros apresentados no mesmo comercial. Mas em relação ao aspecto racial, o comercial abrange diversas etnias presentes no país.

Apesar da marca não se empenhar tanto em demonstrar a diversidade do país, ela se preocupa em afirmar a qualidade nutricional dos produtos. Pois sempre mostra pessoas magras em seus comerciais, para não dar a entender que os seus produtos engordam. Além disso, também restringe a publicidade dirigida a crianças apenas para as que falam sobre produtos nutricionalmente equilibrados. 

Onde está a diversidade?

Ao analisar as campanhas publicitárias da Sadia, é possível perceber as inúmeras problemáticas existentes, desde as antigas até as mais atuais. Afinal, apesar de algumas posturas terem sido mudadas com o passar do tempo; como o machismo e objetificação da mulher, outras continuam praticamente intactas. Dentre elas estão o racismo, a homofobia e a xenofobia.

Mas é claro que nenhuma dessas questões fica tão explícita nos produtos publicitários, pois caso isso acontecesse, essa marca já teria sido “cancelada” a muito tempo. É por isso que a marca tenta incluir os assuntos que estão em pauta na atualidade, a fim de minimizar ou até mesmo mascarar o posicionamento oficial da empresa. Contudo, em alguns tópicos essa inclusão não existe ou é insuficiente. 

Dentre os temas analisados, o que possui maior impacto é, justamente, o da representação da população brasileira nos comerciais. Pois o Brasil é um país miscigenado, sendo assim, fica contraditório não apresentar essa enorme diversidade nos produtos publicitários. Afinal, não há apenas famílias brancas no país, não é mesmo?

Outro fato que agrava ainda mais essa questão, é a não representação equivalente dos trabalhadores nos comerciais. Pois as fábricas da BRF possuem a maior parte da grade de funcionários composta por haitianos No ano passado, por exemplo, aproximadamente 5 mil estrangeiros, em sua maioria haitianos e venezuelanos, atuavam em mais de 20 unidades da BRF no Brasil. 

Mas além de contratações, a companhia também organiza campanhas para arrecadação de alimentos, roupas, brinquedos, dentre outros itens para os refugiados, com objetivo de integrá-los mais facilmente na comunidade local. Contudo, essa mesma empresa, que afirma ser tão diversa em suas contratações, ao incluir migrantes e refugiados no quadro de funcionários, também despreza eles, ao maltratá-los em suas instalações e ao não representá-los em seus comerciais. 

Esta é uma diversidade de fachada, que só “existe” da porta pra fora. 

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