Representação da deficiência em Como Eu Era Antes de Você
- 3 de abril de 2024
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- Theillyson Lima
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Uma análise sobre como o filme aborda a deficiência, destacando suas características e desafios, enquanto levanta questões cruciais sobre autonomia, inclusão e o papel do cinema na mudança de percepções sociais.
Diogo Cruz
O cinema tem a capacidade de ultrapassar barreiras e desafiar o olhar do público. Um exemplo claro disso é o filme “Como Eu Era Antes de Você”, lançado em 2016. A produção trouxe à tela uma narrativa emocionante sobre amor, liberdade e as complexidades da vida. Apesar disso, a análise da forma como o filme representa a deficiência deve ser feita com sensibilidade pela forma como os personagens são retratados.
“Como Eu Era Antes de Você” é um filme que narra a história de Will Traynor, um jovem bem-sucedido que se torna tetraplégico após um acidente. Ele contrata Louisa Clark como sua cuidadora, e os dois desenvolvem uma relação complexa e emotiva. Ao longo da trama, os personagens lidam com questões de identidade, autonomia e qualidade de vida, culminando em uma reflexão sobre escolhas e o significado da felicidade. A relação entre os dois personagens principais é o ponto central do enredo, mas é a representação da deficiência de Will que causa debates e reflexões.
Em primeira análise é necessário reconhecer que deficiência não é uniforme. Cada pessoa que convive com uma deficiência tem uma experiência única, com desafios, conquistas e características únicas. Mesmo assim, muitas vezes o cinema tende a retratar as pessoas com deficiência de maneira estereotipada. O que as reduz a estereótipos e estigmas de inspiração ou vitimização. Ainda assim, o filme em análise aborda essa temática de maneira mais complexa.
Representação em Como Eu Era Antes de Você
Will Traynor, interpretado por Sam Claflin, é um personagem multifacetado que enfrenta sua nova realidade com uma mistura de raiva, frustração e humor. Ele não é retratado como uma fonte de inspiração constante, mas sim como um indivíduo com desejos, ambições e limitações físicas. Sua personalidade é rica em camadas, o que o torna mais humano e autêntico.
Apesar disso, é importante reconhecer que “Como Eu Era Antes de Você” não está isento de críticas relacionadas a sua representação da deficiência. Sob uma perspectiva, o filme cai na armadilha da narrativa do “salvador”, em que Louisa é vista como a única esperança de Will para redescobrir a felicidade e o propósito na vida. Essa dinâmica pode ser problemática, já que coloca o bem-estar emocional do personagem em cima dos ombros de outra pessoa em vez de ressaltar sua sensação de autonomia.
Há quem critique a decisão do roteiro em relação ao desfecho da história, que não abordarei para evitar spoilers. Por causa desse desfecho, a maneira como a trama se desenrola reforça uma narrativa prejudicial sobre a qualidade de vida das pessoas com deficiência e suas perspectivas futuras. Esta é uma questão complexa e controversa, que destaca a responsabilidade dos cineastas em retratar a deficiência de forma autêntica e respeitosa. Isso pode trazer um olhar mais humano para a obra.
É fundamental entender que a representação da deficiência no cinema não é apenas uma questão estética, mas uma questão de justiça social e inclusão. Os filmes podem moldar percepções e influenciar atitudes em relação às pessoas com deficiência, tanto positiva quanto negativamente. Com isso, é essencial que as representações sejam sensíveis, precisas e empoderadoras.
Debate sobre deficiência no Cinema
Em última análise, o filme Como Eu Era Antes de Você oferece uma visão distorcida da deficiência de Will. A obra oscila com aspectos tanto positivos quanto problemáticos em sua abordagem. Embora o filme tenha sido elogiado por sua representação complexa dos personagens principais, também enfrentou críticas válidas por sua narrativa e desfecho.
Contudo, é importante reconhecer que o debate em torno da representação da deficiência no cinema é contínuo. Obras que utilizam isso cooperam para a continuação do diálogo sobre a forma como essas deficiências precisam ser representadas.
Filmes que representam pessoas com deficiência desempenham um papel fundamental na promoção da inclusão e na ampliação da conscientização sobre as experiências desses indivíduos na sociedade. Obras como essas oferecem uma oportunidade de mostrar a diversidade e a complexidade das vidas das pessoas com deficiência, desafiando estereótipos e preconceitos. Ao apresentar personagens com deficiência, ainda mais como protagonistas de suas próprias histórias, esses filmes contribuem para a construção de uma cultura mais inclusiva e empática. Eles oferecem modelos positivos e inspiradores para pessoas com e sem deficiência, mostrando que é possível superar desafios e alcançar realizações significativas, independentemente das limitações físicas ou cognitivas.