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Alguns jornalistas se antecipam no furo de mortes

Obituários prematuros – barrigadas de morte

  • 2 de junho de 2021
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“O relato sobre minha morte é um exagero” Mark Twain

Adalie Pritchard

Anunciar a morte de um indivíduo antes do seu tempo chegar é, no mínimo, perigoso. O medo de ser enterrado vivo atingiu um pico durante as epidemias de cólera do século 19; visto que não era nada que nunca tivesse acontecido antes, o medo era racional. Inclusive, foram patenteados projetos para criar “caixões de segurança” e assim oferecer ao enterrado uma chance de salvação caso acordasse debaixo da terra. Alguns caixões eram equipados com um sino que o suposto falecido pudesse puxar para avisar que ocorreu um grande erro. 

Jornalistas também têm anunciado a morte antes de tempo. Um dos exemplos mais icônicos foi o caso do escritor americano Mark Twain, que teve a oportunidade de ler sobre sua própria morte duas vezes. Daí a origem da sua citação: “os relatos sobre minha morte são desmedidamente exagerados”. A primeira, em 1898, começou com a visita de um jornalista à casa de Twain para investigar os boatos de que estava “prestes a morrer”. Na realidade era o caso de um primo dele. Em 1907 foi publicado no New York Times que o barco de Twain tinha afundado. Apenas tinha perdido contato, mas virou uma notícia dramática seu aparecimento. 

Da mesma forma, a CNN tem uma reputação de adiantar a notícia de uma morte, mesmo não sendo confirmada. Em 2003 ela divulgou por erro os obituários de sete famosos anunciando que suas mortes tinham acontecido em 2001. Entre eles, o ex-presidente dos Estados Unidos Ronald Reagan, acompanhado de Fidel Castro, Nelson Mandela e o Papa João Paulo II. Os obituários eram rascunhos com trechos reciclados de outros, resultando em uma suposta citação de Fidel Castro: “A vida é uma doce canção, então comece a música”, falado de fato pelo Ronald Reagan. O jornal descrevia Castro como “atleta, salva-vidas, estrela de cinema e presidente”. Até a CNN erra, mas escrever obituários como se fosse a previsão de tempo revela uma imensa falta de consideração do jornalismo. 

Vale relembrar que o compromisso do jornalista não é chamar a atenção do público. O trabalho demanda atenção a detalhes, empatia e honestidade. Escrever a notícia sem primeiro ser confirmada não deve valer o risco de dar informações falsas sobre um tema tão delicado. Mentir sobre uma morte deveria ser crime, pois não é uma transgressão sem vítimas. A tragédia clássica de Romeu e Julieta é um ótimo exemplo disso. Achar que um ser amado morreu pode levar a ações e comportamentos extremos, além de afetar o emocional. Uma morte é coisa da família. Por respeito, deveria ficar entre eles e o hospital, o como e quando o assunto deve ser noticiado. 

Atualmente, com a popularização das redes sociais, os boatos de mortes se propagam com mais facilidade e rapidez. Quando uma celebridade morre, fake news surgem sobre outras mortes, assim como teorias da conspiração. Entre os casos mais conhecidos está a suposta morte do integrante dos Beatles, Paul McCartney. Se propagou uma teoria de que o músico morreu no dia 9 de novembro de 1966, e para salvar os corações dos fãs, foi substituído com um sósia. Os conspiradores procuraram pistas dentro das letras das músicas para confirmar a suspeita.

Uma notícia, ainda mais de falecimento, nunca deveria ser publicada com fins de entretenimento. Toda informação, por pequena ou grande que seja, precisa ser verificada antes da sua publicação. É fácil colocar figuras públicas em um pedestal. Essas mortes deveriam ser tratadas com o mesmo cuidado e respeito que se trataria a de um familiar, pois, ao final, as celebridades também são a família de alguém, apesar do quão distante possa parecer suas realidades da nossa.

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