O mundo selvagem visto da “Conexão Animal”
- 25 de novembro de 2019
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- Thamires Mattos
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O dinamismo da série Zoobomafoo ao apresentar os aspectos de cada animal é a chave para atrair e ensinar o telespectador
Isabella Anunciação
“Chris e Matt foram à floresta e acharam um bicho estranho à beça: um pequeno lêmure a saltitar, na mata a brincar”. Para quem assistiu Zoobomafoo na infância, duvido muito que o restante dessa música não esteja na sua cabeça agora. É bem provável que você tenha sido tomado por uma sensação nostálgica. Além do mais, foi um dos programas infantis de maior sucesso no início dos anos 2000 no Brasil e em todo o mundo.
Criada pelos irmãos Chris e Martin Kratt, Zoboomafoo é uma série de televisão infantil estadunidense-canadense que foi exibida em mais de 16 países em quase todos os continentes. Originalmente, a primeira exibição foi pela PBS – rede de televisão americana de caráter educativo-cultural – de 25 de janeiro de 1999 a 21 de novembro de 2001, e, no Canadá, pela TVO – estação de televisão e organização de mídia educacional canadense. Já no Brasil, foi exibida inicialmente pela Rede Record. Mais tarde, foi para a TV Brasil e a TV Cultura.
Zoboomafoo é o nome do principal animal da série: ele é um lêmure sifaka-de-coquerel – primata estrepsirrino da família Indriidae. No programa, ele é interpretado por um animal de verdade nos segmentos live-action – termo cinematográfico utilizado para definir os trabalhos que são realizados por atores reais, ao contrário das animações –, e, em outros momentos, por fantoches.
A série teve 2 temporadas, totalizando 65 episódios. A maioria deles começam com a chegada dos irmãos Kratt na “Conexão Animal”, o principal cenário no qual o programa acontece e onde eles recebem e se divertem com animais selvagens. Geralmente, os Kratt vieram de uma “grande aventura” e trazem curiosidades sobre o mundo animal da suposta viagem. Logo em seguida, chamam o Zoboo – apelido do protagonista – pela janela, e é típico do personagem conversar só depois de estar alimentado. Após ter comido algum lanche da “máquina de gostosuras”, ele arrota, exclamando: “Desculpem!”. Depois, gira em torno de uma plataforma giratória, gritando: “Zoboomafoo-oo-oo-oo!”. Neste ponto, já é interpretado pelo fantoche.
O segmento central do episódio ocorre quando Zoboo descreve um bicho que viu enquanto viajava para a Conexão Animal. Esse momento é acompanhado pela canção: “Quem pode ser esse animal que acabei de ver? Essa charada vamos resolver!”. Se você leu essa frase cantando, definitivamente Zoboomafoo fez parte da sua infância. Brincadeiras à parte, ao analisar a estrutura do programa, pude observar que as características do bicho retratado por Zoboo são desenvolvidas durante a programação, por meio de dinâmicas e curiosidades. Além de ensinarem sobre aspectos particulares desse animal, que os visita no cenário, eles discorrem sobre espécies semelhantes. Um exemplo é o episódio “Óculos especiais”, em que a onça preta foi o animal primário, e, no desenrolar do programa, a audiência é instruída sobre sua habilidade de se camuflar, caçar, e, principalmente sobre sua visão aguçada. Para complementar, falaram sobre o Cameleão, a Anta, Leões e Gavião-de-cauda-vermelha. Todos eles possuem atributos semelhantes aos da Onça preta.
A base das imagens do programa é no segmento live-action. Contudo, pelo menos uma vez a cada episódio segmentos animados utilizando claymation – técnica de animação baseada em modelos de plasticina, barro ou material similar – aparecem. Essa quebra acontece quando Zoboomafoo conta histórias sobre seus melhores amigos na Zoboolândia.
Posterior a essa cena, Zoboo, Chris e Martin sempre recebem de uma ave a carta de uma criança (Jackie, na primeira temporada), ensinando como cuidar e ajudar os animais. Em geral, surge uma dúvida que estimula Chris e Martin a viajarem para conhecer de perto criaturas relacionadas ao tema. Nessa parte, também há uma música introdutória – “Eles vão abrir o armário porque vão viajar, no armário estão as coisas que eles vão precisar […]”. É de praxe as coisas do armário caírem em cima deles. Isso é proposital, pois é uma das formas de deixar o programa cômico.
É notório que o programa segue uma ordem de pensamento e ações bem segmentadas. Além dessa disposição, pode-se observar uma constância nos bordões utilizados por Zoboomafoo, como: “Mangatsika!” – Uma palavra malgaxe que significa “Legal!” – “Eu pretendia fazer isso!”, “Eu estou satisfeito!” Ou “Hey! Hoo! Hubba hubba!”.
“Esse animal nosso amigo é, desde o bumbum até o dedão do pé […] E para terminar cantem comigo: faça de um animal o seu amigo!” é a canção que marca o final de cada episódio. Sem dúvida, Zoboomafoo é um programa muito educativo. Rico em valores, ele usa da diversão e informação para ensinar às crianças a importância de cuidar dos animais e do meio ambiente. Não é à toa que o programa recebeu um Emmy pela Direção Extraordinária em Série Infantil em 2001. O dinamismo na maneira de apresentar os aspectos de cada animal é a chave para atrair e ensinar o telespectador. Por fim, antes dos créditos finais, as crianças mostram e contam sobre os animais de estimação que têm. Essa é uma ótima conjunção para ter representatividade.