O mágico de Oz: uma reflexão além do tempo
- 7 de outubro de 2021
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Em busca da inteligência, do coração e da coragem dos homens
Ana Clara Silveira
Ainda que tenha sido lançado em 1939, a história da pequena Dorothy Gale continua sendo reconhecida entre crianças, jovens e adultos. O conto fantástico “O mágico de Oz” começa em uma fazenda no Kansas. Aos 11 anos, Dorothy mora com seus tios e seu cachorro, Totó. Após a passagem de um ciclone, a menina tenta resgatar seu bicho de estimação e fica para trás, enquanto seus tios correm até o porão.
O evento a leva até à terra de Oz. A partir disso, Dorothy começa uma busca incansável pelo retorno para casa. No caminho, encontra três novos personagens. O primeiro é o espantalho sem cérebro; depois, o homem de lata sem coração; por fim, o leão covarde que busca ser o rei dos animais. Junto com seus amigos, ela vai até a terra governada pelo mágico de Oz na esperança de que ele a indique como voltar. A história envolve ainda bruxas e anões, mas o ponto é outro.
Não é o que parece
O mágico de Oz parecia uma cabeça gigante flutuando no ar, mas para a surpresa de todos, era apenas uma projeção. O mágico estava por trás de uma cortina, enquanto modulava sua voz para assustar Dorothy e sua equipe. Depois dessa descoberta, finalmente, o mágico confessa que não era tão poderoso assim. Viera de um circo em um balão e as pessoas daquela cidade acreditaram que ele teria poderes porque fora enviado dos céus.
Daqui surge a primeira lição: nem tudo é o que parece. Mas, voltando a história, percebe-se que o senhor não tinha más intenções e até se prontificou a ajudar a todos. Ao espantalho, dá um punhado de sementes como cérebro, enquanto o homem de lata ganha um coração de tecido e o leão bebe uma fórmula de ouro para obter coragem. Nenhum deles ganhou exatamente o que pediu, mas sentiram-se tão bem quanto se tivessem recebido.
Lições por trás da cortina
Esse longa-metragem foi inspirado no livro de L. Frank Baum, escrito no ano de 1900. Mesmo um centenário depois de publicado, ainda tem ensinamentos perenes para esta geração. Tanto a literatura como sua adaptação audiovisual provocam uma série de reações emocionais. A princípio, o público se inquieta com as desventuras da menina longe de casa e, aos poucos, a temática começa a se aproximar de uma busca pelo sucesso pessoal de cada um dos personagens.
Mais do que isso, a principal lição é sobre a jornada e o que se apreende dela. Ao final da trama, Dorothy descobre que poderia ter retornado para casa a qualquer momento se tivesse batido os sapatos. Foi necessário trilhar outros caminhos até que descobrisse que o poder estava em si. A coragem, determinação e sabedoria dos seus amigos também veio a partir das vivências, não da premiação final.
Contrapontos e intertextualidade
Os paradoxos tendem a instigar a curiosidade dos espectadores. Os opostos entre ignorância e sabedoria, covardia ou coragem, costumam criar conexões com o público pela identificação com as histórias. Mesmo sendo uma literatura criada em primeiro plano para o público infanto-juvenil, tem aceitação entre os adultos que enxergam lições para a própria falta de protagonismo ou insucesso em diversas áreas da vida.
Essa influência dos ideais do filme “O mágico de Oz” se prova contínua a partir do uso dos elementos dessa história em outras produções. Isso é visto principalmente entre aqueles que assistiram na infância e agora se veem na fase adulta. A intertextualidade se aplica a propagandas, séries, curtas, mangás e outras ferramentas da comunicação. Em cada um desses produtos, o retorno a história provoca algum tipo de sensação e identificação do público. A temática do mágico de Oz segue sendo lida e ouvida em diversos discursos e deve permanecer ecoando em outras gerações.