O Liberal: informação pelo olhar paraense
- 26 de outubro de 2022
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- Theillyson Lima
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O regionalismo nas notícias dentro da plataforma jornalística nortista.
Helena Cardoso
Quem não mora nas regiões Norte e Nordeste do Brasil quase nunca ouve falar sobre os jornais que existem por ali. Ao mesmo tempo, o país inteiro conhece plataformas das regiões sul, sudeste e centro-oeste, como a Folha de São Paulo, o Correio Braziliense e o Estadão.
A diferença de reconhecimento fica ainda mais visível quando percebemos que o Grupo Liberal, um dos maiores de comunicação do Brasil, é restrito ao norte e quase não possui espectadores de fora da região. Se engana quem pensa que isso acontece porque a rede faz apenas transmissões televisivas locais. Na verdade, eles possuem diversos produtos e plataformas, como jornal digital e canal do YouTube.
Fundado em 1946 por Magalhães Barata e adquirido por Romulo Maiorana 20 anos depois, circula por todo o Norte, principalmente no estado do Pará. As notícias veiculadas no jornal digital homônimo são, em sua maioria, regionais, mesmo que existam várias editorias dentro do portal.
Esporte local
A principal pauta do Liberal é o esporte, o que já fica claro ao entrar na página inicial do jornal ou na seção “últimas“, no cabeçalho. Além disso, a editoria de esportes é uma das que mais possui sub-editorias, empatada com a editoria cultura. Das cinco sub-editorias, três são sobre os times de futebol da região (Remo, Paysandu e “lance a lance“, que mostra resultados dos jogos). Apenas com essas informações, já é possível perceber que o foco do jornal é o regional, mas ainda mais comprovações surgem ao “fuçar” um pouquinho o portal.
Regionalismo como informação
Mesmo com notícias de outras partes do país e do mundo, a maioria é sobre o Pará, logo na página inicial. As editorias principais, que podem ser acessadas no rodapé, são divididas em últimas, Belém, Pará, polícia, política, economia, Brasil, esportes, receitas e cultura. Até as que não se relacionam diretamente com o estado, como “política” e “economia”, acabam tendo ligações com a região. Dentro da editoria de cultura, por exemplo, é possível encontrar uma aba só para o Pará.
Na editoria “Polícia”, todas as notícias são do Pará. As únicas exceções são as matérias informativas, como “Golpe do ‘falso leilão’: entenda o que é, como se proteger e denunciar” e “Estelionato: delegado dá dicas de como não cair em golpes“, que foram produzidas após casos como esses serem publicados nessa mesma aba.
Amazônia?
Entre as principais “aleatoriedades” desse site, a editoria “Amazônia” se destaca. Com uma “arte” diferente, em destaque vermelho, a seção não fala sobre a floresta e muito menos sobre meio ambiente. Na verdade, existem notícias sobre diversos temas, especialmente sobre celebridades, como o término de Lexa e MC Guimê, e (que surpresa!) sobre esportes.
Entretanto, o grupo fala sobre a Amazônia (de verdade) em outra plataforma. O canal O Liberal possui o quadro “Amazônia Check”, que faz checagem de notícias sobre a área no YouTube. As últimas, próximas às eleições, mostram o que é verdade e o que é mentira nas falas de Bolsonaro e Lula sobre a floresta tropical.
Play na notícia
O acesso ao canal do Liberal pode ser feito acessando direto pela plataforma ou clicando na aba “LibPlay“, no cabeçalho da página inicial. Dentro da seção, é possível encontrar separação de vídeos e podcasts, com 41 e 29 sub-abas, respectivamente. Os podcasts, que vão desde empreendedorismo até feminilidade e cultura nerd, são muito bem produzidos, com várias opções de temas.
Sem abrangência, sem fama
É difícil dizer se a falta de reconhecimento do jornal fora da região é pelo foco em temas locais ou se ele foca em temas locais por causa da falta de reconhecimento fora da região. De qualquer modo, o veículo possui grande importância onde é veiculado, levando informações confiáveis aos paraenses e sendo um dos portais mais conhecidos no estado.