
O jornalismo ficou para trás na adultização
- 3 de setembro de 2025
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- Theillyson Lima
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Theillyson Lima
Enquanto o Brasil vive uma época de diversos assuntos políticos intensos, como a taxação dos EUA e o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, outro assunto tomou a atenção durante o mês de agosto. A adultização recebeu todas as pautas possíveis após o vídeo do influenciador Felca, tomando, em alguns cenários, o espaço que era predominantemente da política.
Esse não é um tema novo ou que nunca foi discutido, mas a denúncia foi mais forte e causou mais repercussão. Talvez um dos grandes motivos dessa forte repercussão foi justamente a origem do assunto. Como assim? Não foi o jornalismo que fez a denúncia, foi um influenciador, que fala a língua da internet e que não sofre os mesmos preconceitos que a combalida atividade jornalística sofre.
Aqui está uma das primeiras reflexões que devemos fazer, não sobre o tema, mas sobre a repercussão e sobre o jornalismo em si. Será que perdemos nossa voz ou a capacidade de fazer denúncias importantes para a sociedade? O novo normal é que elas partam dos influenciadores e que depois o jornalismo “aproveite” a onda? Espero, fortemente, que não.
O jornalismo precisa se levantar para fazer esse tipo de denúncia, afinal, quando ela apareceu o mais comum foi ouvir jornalista e profissional de comunicação falando que já sabia que isso acontecia. Se sabia, por que não denunciou? Além disso, é preciso pensar na linguagem e formato, pois é quase certo que o mesmo vídeo, feito no jornalismo, não alcançaria a mesma repercussão.
Voltando ao assunto em si, são muitas as análises que precisam ser feitas. Qual é a culpa das redes? Qual a culpa dos pais? Existe uma lei que é capaz de regulamentar o uso da internet por crianças e adolescentes? Essas são algumas perguntas que podem e devem ser feitas sobre o tema.
Por isso, nesta edição do Canal da Imprensa, vamos analisar a reação do jornalismo, com sites e portais, sobre o tema, a busca por uma regulamentação, as consequências da falta de regras na internet para a vida de crianças e adolescentes, a adultização no esporte, entre outros temas.
Separe um tempo para ler e refletir sobre o tema, além de refletir sobre o real impacto do jornalismo na sociedade atual. Sabemos que precisamos denunciar, investigar, e gerar efeitos positivos ao nosso redor, mas talvez, e eu digo apenas talvez, alguns influenciadores estão mais estratégicos e precisos nesse papel. Reage, jornalismo!