Muda-se a forma, o essencial permanece
- 9 de março de 2020
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- Thamires Mattos
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A Globo aprendeu a jogar e reconquistou o espaço perdido do BBB
Gabriel Buss
Após anos com quedas de audiência, o Big Brother Brasil (BBB) chegou repaginado em sua 20° edição. Com participantes convidados (Grupo Camarote) e inscritos (Grupo Pipoca) houve diversas transformações no programa.
Com 20 participantes em seu início, a edição de mesmo número será a maior de todas: 94 dias de confinamento foram projetados. A Rede Globo, emissora que produz o reality, tem visto a audiência bater recordes dia após dia. A inteligência e “sacada” que Boninho – um dos sócios da TV –, e diretores do programa tiveram de convidar famosos para o confinamento é vista como certeira por analistas de programas.
Além desta mudança, a casa onde ficam hospedados os participantes possui cômodos com decorações que remetem às edições passadas. Além disso, é a primeira vez que existem celulares na casa. Os brothers e sisters podem tirar fotos, fazer pequenos vídeos e saber o que os demais jogadores estão compartilhando dentro do confinamento. Os líderes contam com “superpoderes” e fazem curadoria de festas. Em tudo, há a disposição da emissora em formatar o reality de acordo com as transformações que o mundo enfrenta.
Com tantas mudanças, a Globo ainda conseguiu trazer grandes marcas para dentro do programa, através das festas, provas, e, claro: da publicidade pura e simples. A guinada de audiência já traz números consolidados e bem altos: foram 130 milhões de votos no 5° paredão da edição. É um recorde. Enquanto o BBB é exibido, as redes sociais são bombardeadas com hashtags relacionados ao programa. No Twitter, o BBB está quase sempre entre os assuntos mais comentados. Se há algo que não podemos discordar é que a emissora fez um excelente trabalho em reconfigurar o programa. Logo, colhe-se de imediato o resultado de tanto esforço em dar um novo visual ao reality show mais conhecido do país.
Mas, como diz o ditado popular, “nem tudo são flores”. O programa enfrenta várias críticas, a começar pelo apresentador, Tiago Leifert. A desaprovação vai de sua fala demasiadamente rápida até a nostalgia pela apresentação de Pedro Bial. Vale ressaltar que Leifert ficou anos na equipe de conteúdo esportivo da Globo. Nessa área, a rapidez com as palavras é fundamental e comum. Tiago procura conquistar o público e busca ser autêntico no programa, mas comparações são inevitáveis. Infelizmente, o público sempre acaba comparando os apresentadores. Bial tinha suas qualidades e defeitos no programa, Leifert também as possui.
Mas não para por aí: a edição tem acusações de assédio, racismo, agressão e até apologia à zoofilia. Isso não surpreende muito àqueles que acompanham o reality desde a primeira edição no Brasil, e sabem que estas polêmicas e acusações sempre acontecem. A Globo adota uma postura cautelosa em 2020, e chama os participantes envolvidos em algum episódio suspeito para o confessionário. Críticos dizem que a emissora deveria ser mais rígida, e, em alguns casos expulsar participantes por certos comportamentos. Entretanto, a direção busca diálogo e advertências. O alerta é que medidas duras serão tomadas caso o mau comportamento persistir.
Mesmo com toda reconfiguração, há algo que não muda: a atitude exclusiva de cada um que faz o jogo. As escolhas dos/as participantes são feitas propositalmente. É importante para a direção ter etnias diferentes e pessoas que pensam de modo diverso para que cada um demonstre quem realmente é. O pesquisador Mário Pereira Gomes, declara que “reality shows são uma ótima forma de estudar o comportamento humano in natura”. De fato: não há possibilidade dentro de um confinamento de esconder, plenamente, quem cada um é.
A edição 20 do BBB tem, além disso, seus bônus: extremamente politizada, traz à tona discussões sobre direitos da mulher, racismo e minorias sociais. Isso é algo que os produtores do programa não conseguem controlar. A direção planejou colocar pessoas opostas, mas não podia saber o que viria como consequência. Agora, sabe.