MINISSÉRIE: Os pilares da terra
- 5 de setembro de 2015
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- Thamires Mattos
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Thamires Mattos
O poder que a Igreja tinha sobre as pessoas durante a Idade Média é estudado em livros de história, mas deixa de ter e ser sentido por muitos de nós. A minissérie “Os Pilares da Terra” (2010) faz com que a história se torne “palpável”. Baseada no romance homônimo lançado em 1989 por Ken Follett, cada capítulo é recheado com a quantidade certa de intrigas, romance, obsessão pelo poder, ganância e guerras épicas. Pode parecer releitura de alguma outra produção cinematográfica, mas a combinação desses elementos garante um retrato fiel da realidade inglesa durante um período chamado de “A Anarquia” pelos historiadores.
Com a morte do herdeiro legítimo ao trono da Inglaterra devido ao naufrágio do White Ship, a linha de sucessão real foi posta em dúvida. A filha do rei Henrique I, Matilde, tinha o apoio do pai para ascender ao trono. No entanto, por ser mulher, suas vantagens políticas diminuíam e o apoio popular caía. Após a morte de Henrique I, seu sobrinho Estêvão de Blois tomou o poder. Ele e Matilde iniciaram uma guerra pela coroa que duraria de 1139 a 1153, criando caos para a população devido à instabilidade no poder.
É nesse cenário que Tom Builder, um mestre de obras, chega à cidade fictícia de Kingsbridge. No local, há um priorado que irá precisar de reformas e sofre com as regras impostas pelo Bispo Waleran, aliado de Estêvão – que havia tomado o trono. Construir uma catedral em Kingsbridge é o sonho de Tom e do priorado. Com a Inglaterra em crise, os fundos monetários são baixos e a corrupção é alta. Para alcançar seu objetivo, Prior Phillip, os monges e habitantes da cidade combatem os dogmas da época e tentam construir uma convivência mais honesta e igualitária . Já para Waleran, qualquer traço de pensamento crítico na mente de um indivíduo é sinal de pecado mortal e destinação para a forca.
O elenco tem nomes conhecidos: Eddie Redmayne, vencedor do Oscar de melhor ator em 2015, interpreta Jack Jackson, um dos protagonistas da trama. Ele é filho de uma ex-noviça que é tida como bruxa (Natalia Wörner) e do único sobrevivente do White Ship. Apaixonado por Aliena (Hayley Atwell) luta com Alfred Builder (Liam Garrigan) pelo amor da jovem. Sam Claflin dá vida ao irmão de Aliena, Richard. Os dois são herdeiros legítimos do Condado de Shiring, ao qual Kingsbridge pertence. Os vilões da trama são o Bispo Waleran (Ian McShane) e a família Hamleigh, composta pela mãe estrategista Regan (Sarah Parish), o pai ambicioso Percy (Robert Bathurst) e pelo filho controlador William (David Oakes). Tom Builder é interpretado por Rufus Sewell e Phillip por Matthew Macfadyen, já aclamado pelos críticos por suas atuações em Anna Karenina (2012) e Orgulho e Preconceito (2005).
Mais do que mostrar uma Igreja composta por dogmas, a minissérie apresenta um mundo semelhante com o nosso. Afinal, por mais que o tempo passe e a concepção religiosa de uma determinada sociedade mude, ambição, estratégias para alcançar o poder de forma desonesta e justificações inúteis perante um Deus que afirma salvar só pela graça ainda fazem parte dos pilares da terra.