Leo Dias e a fama pelas polêmicas
- 1 de novembro de 2023
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- Theillyson Lima
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Como o jornalista de fofocas se mantém em alta mesmo coberto de erros e ataques.
Helena Cardoso
Qual o primeiro nome que vem à sua cabeça ao pensar em jornalismo de fofoca? Conhecido pelas diversas polêmicas com os famosos, Leo Dias começou sua carreira em 1997 e já passou por grandes veículos e portais, como a revista Contigo!, o Jornal Extra (local onde ganhou sua primeira coluna), UOL, Fofocalizando e Metrópoles. Agora, sem vínculo fixo com nenhum jornal desde maio deste ano, possui seu próprio portal, no qual continua a veicular notícias de celebridades.
Ainda que possua um alcance extremamente alto, com mais de 13 milhões de seguidores no Instagram e mais de 70 milhões de visualizações em vídeos publicados em seu canal do YouTube nos últimos meses, a fama não é necessariamente boa. Na verdade, o nome do jornalista sempre está atrelado a polêmicas que incluem de tudo, desde brigas com famosos até casos sérios de falta de ética profissional.
Alguns casos
Entre as polêmicas que cerceiam o jornalista está sua condenação à prisão em 2022. Após a publicação de uma matéria que insinuava que Gilberto Leifert, pai de Tiago Leifert, influenciou investigação de Gusttavo Lima, o ex-globo moveu uma ação e conseguiu com que Leo Dias fosse condenado pela Justiça do Rio de Janeiro a um ano e três meses de prisão ou a prestação de serviços à comunidade.
Mais recentemente, o jornalista foi um dos pivôs dos ataques que Bruna Guerin recebeu após ter sido acusada de separar Sandy e Lucas Lima. Mesmo com nenhuma traição sendo confirmada, o colunista ainda quis falar sobre como a atitude de Lucas foi horrível e atacou a forma com que ele se portava com a colega de trabalho.
Polêmica Klara Castanho
Um dos casos mais conhecidos, porém, é o vazamento de informações confidenciais sobre a gravidez de Klara Castanho. Após engravidar em decorrência de um estupro, a atriz da Globo colocou o bebê para adoção. Entretanto, o que era para ser um processo sigiloso se tornou um caso de repercussão nacional. Ainda no hospital, uma das enfermeiras que participou do parto vazou a informação para Leo Dias que, em seguida, ligou para Klara.
No telefonema, a atriz respondeu às perguntas do jornalista, mas pediu que ele não publicasse o caso. E assim foi, até o dia em que participou do The Noite. Na ocasião, Danilo Gentili perguntou qual era a história que ele estava “doido para revelar”, mas nunca tinha contado. Leo Dias, então, disse que não falaria por se tratar de um caso muito denso, mas contou que tinha a ver com uma atriz conhecida e mais uma pessoa. Além disso, chegou a afirmar que ela teria um “carma grande” por ter feito uma “maldade”.
Depois disso, começaram a surgir diversas especulações sobre quem seria a tal atriz, até que dias depois tudo foi revelado. Antonia Fontenelle publicou um vídeo em seu canal afirmando que recebeu informações de Leo Dias de que a atriz teria 21 anos, além de outros detalhes. Com isso, os internautas rapidamente ligaram o caso à Klara, que logo começou a ser atacada nas redes sociais.
Com a onda de hates, a jovem decidiu publicar uma carta aberta em seu Instagram, relatando as diversas violências que viveu desde o início do caso até a exposição. Ainda assim, mesmo depois de lançada a carta, Leo Dias publicou duas matérias no Metrópoles sobre o caso, que continham informações sobre o sexo do bebê e a hora do parto (informações essas confidenciais e que deveriam ser mantidas em sigilo de justiça).
Ainda que as matérias tenham sido excluídas pouco mais de duas horas depois, Leo Dias não fugiu dos ataques. Diversos artistas repudiaram a atitude do jornalista e muitos outros deixaram de segui-lo nas redes sociais. Por isso, depois de divulgar uma nota de retratação – algo tão comum em sua carreira quanto escrever colunas -, ele saiu do país para “cuidar de sua saúde mental”, logo após contribuir para destruir a de outra pessoa.
Além das celebridades, o próprio Metrópoles se pronunciou sobre o ocorrido: “não há justificativa que sustente o argumento do interesse público [um dos grandes princípios do jornalismo] em conhecer detalhes sobre uma história em que os únicos interessados são a vítima e seus familiares. E, neste caso, a Justiça e o Ministério Público, que intercederam para ajudar Klara no processo de adoção da criança”, publicou.
Teoria x prática
O questionamento de muitas pessoas sobre se Leo Dias deve realmente ser considerado um profissional do jornalismo pode ser sanado em uma rápida conferida no Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros. No artigo 11 e tópico III do documento está escrito que “o jornalista não pode divulgar informações obtidas de maneira inadequada”, algo que claramente aconteceu no caso de Klara. Foi por esse motivo que a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) abriu uma denúncia contra o colunista. Em pronunciamento, a organização afirmou que encaminharia a denúncia à Comissão de Ética do Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal.
Entretanto, essa não foi a única vez que Leo Dias feriu algum ponto do código de ética. Divulgação de informações falsas, fora do interesse público, falta de responsabilidade social e desrespeito à intimidade, privacidade, honra e imagem do cidadão são apenas alguns dos princípios frequentemente quebrados pelo colunista.
Princípio jornalístico, mas só um
O colunista, porém, se aproveita do código para coisas que lhe são úteis. A apuração (quando convém) é feita de forma completa por Leo Dias. Entretanto, fica difícil saber se isso é mérito dele ou das pessoas que o enviam fofocas repletas de detalhes para alimentar a curiosidade do público ou difamar alguém.
As histórias ricas em detalhes (alguns até desnecessários) são o que provavelmente atrai seu público de milhões de pessoas. Mesmo com todos os ataques, Leo Dias continua se fortalecendo. A cada polêmica que estoura, os seguidores caem e as críticas aumentam, mas é só surgir mais uma “fofoquinha inofensiva” que os números voltam a subir. As pessoas parecem esquecer dos erros do jornalista mesmo que, dois meses antes, o tenham “cancelado” e “ignorado” sua existência.
Jornalista ou apenas fofoqueiro?
Ser jornalista de formação não é o mesmo que ser jornalista de profissão. Não adianta ser formado em Jornalismo e escrever para portais de notícias se constantemente faz violações do código de ética, afinal, trabalhar com fofocas não te isenta de seguir os princípios sob os quais jurou na formatura. Dessa forma, Leo Dias se torna o claro exemplo do que não fazer, já que jornalismo antiético não é jornalismo, é sensacionalismo.