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Internet e o jornalismo sem personalidade

  • 24 de setembro de 2025
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  • Theillyson Lima
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Apesar das transformações, o jornalismo na internet ainda lida com o antigo desafio de inovar sem perder a identidade.

Gabrielle Ramos

Desde a sua origem, o jornalismo não é o mesmo. Foram séculos de mudanças, adaptações e reinvenções para garantir sua sobrevivência. Se o jornalismo impresso tivesse permanecido inalterado até hoje, provavelmente não existiria. Ou, ao menos, não teria a mesma relevância que conquistou ao longo do tempo.

Não surpreende, portanto, que o jornalismo tenha se reinventado e não seja mais o mesmo desde o surgimento da internet. Afinal, a própria internet passou e continua passando por constantes transformações.

Diante disso surge o dilema: o jornalismo deve ser produzido primeiro e depois adaptado para a internet, ou, considerando que a internet é mais do que uma simples ferramenta, precisa ser pensado a partir de suas próprias características, desenvolvendo uma personalidade própria? Esta análise tem como objetivo responder a essa pergunta e refletir sobre suas consequências para a compreensão do que se entende por jornalismo.

Quando tudo era mato

Definir com precisão onde e quando surgiu o jornalismo não é tarefa simples. O que se sabe é que, desde os primórdios da humanidade, relatar acontecimentos ou prever o que estava por vir já fazia parte da vida em sociedade. Mas foi por meio da invenção da prensa de Gutenberg que o jornalismo deu seu primeiro grande salto.

Essa inovação permitiu ampliar, agilizar e baratear a publicação de livros e jornais, o que ajudou a tornar a informação mais acessível. Com o tempo, o jornalismo passou a se profissionalizar e era produzido majoritariamente em formato físico, com o apoio de poucas imagens em preto e branco. Para interagir, o leitor poderia enviar uma carta, um processo limitado e demorado se comparado aos disponíveis atualmente.

Era de ouro dos jornais

Com a chegada do rádio, na década de 1920, a mídia impressa enfrentou pela primeira vez um concorrente direto e poderoso, já que a nova ferramenta permitia ao público ouvir a voz de quem transmitia a notícia. Isso gerou proximidade e inaugurou uma nova forma de consumo, pois os ouvintes podiam, inclusive, interagir com os programas por meio de ligações.

O impacto foi ainda maior com o surgimento da televisão, na década de 1950. A partir desse período, tornou-se possível ver os jornalistas. Essas inovações tecnológicas transformaram não só o formato em que o jornalismo era produzido, mas também sua linguagem, sempre moldada pela necessidade de se adaptar às expectativas do público.

A reinvenção da notícia

A partir da década de 1980, o jornalismo tradicional abriu espaço para o que hoje conhecemos como webjornalismo. Esse movimento só foi possível graças à popularização dos computadores e da internet, que trouxeram uma velocidade de atualização inédita e um custo de produção significativamente mais baixo.

Nos primeiros anos, os jornais impressos passaram a disponibilizar seus textos também em versão online. Foi nesse momento que surgiram os links dentro das matérias, além da incorporação de mais imagens e, posteriormente, de vídeos. Outro aspecto fundamental foi a ampliação da interatividade. Com a possibilidade de comentar nas publicações, o público passou a opinar e dialogar com os conteúdos jornalísticos de forma mais direta.

A questão é que o jornalismo atual já não é o mesmo desde o início da internet, pois a diversidade de recursos e funcionalidades disponíveis é tão ampla que chega a ser difícil catalogá-los por completo. Hoje, o jornalismo online se organiza, de forma geral, em quatro grandes frentes: sites de notícias, conteúdos em vídeo, produções em áudio e formatos voltados às redes sociais.

Sites de notícias

Em relação aos sites, por exemplo, é possível observar que o G1 investe na diversificação de conteúdos em seu portal. As matérias sempre incluem hiperlinks e, ao longo ou ao final dos textos, há indicações de conteúdos complementares sobre o mesmo tema. Também utiliza o portal para replicar conteúdos de outras mídias, principalmente da TV, ao disponibilizar trechos de reportagens seguidos de textos transcritos.

Essas adaptações parecem ser uma forma de transpor conteúdos que existiam antes da internet para o ambiente online. Nesse sentido, fica evidente que nem todo conteúdo é pensado exclusivamente para o ambiente digital.

Em contrapartida, uma das características mais marcantes da produção pensada para a internet é a cobertura em tempo real. Esse tipo de conteúdo explora uma das principais vantagens da web, a agilidade. Apenas por meio dessa ferramenta é possível escrever, publicar e atualizar informações em um intervalo de tempo tão curto.

Além disso, portais como o UOL investem em adaptar a linguagem das matérias para textos mais concisos, por meio da estruturação em tópicos. Isso permite que o leitor vá direto ao ponto de seu interesse, uma característica típica de conteúdos online.

Já O Globo é um jornal que migrou para o ambiente digital. Ao abrir a homepage, a sensação é de estar lendo um jornal físico na tela do computador. Embora utilize recursos digitais, como hiperlinks, o portal não demonstra esforço em produzir conteúdos pensados exclusivamente para a internet, pois mantém um formato tradicional, com textos longos e pouca interatividade.

A expansão do jornalismo em áudio

A internet possibilita que rádios como a Bandeirantes e a CBN, além de manterem suas transmissões tradicionais, também disponibilizem suas programações online em sites próprios ou em plataformas como o YouTube. Essa adaptação amplia o alcance, facilita o consumo pelo público e incorpora recursos inexistentes no rádio convencional, como a exibição da imagem dos apresentadores durante a transmissão das notícias.

Um exemplo de conteúdo desenvolvido especificamente para a internet é o podcast. Publicados em diversas plataformas, podem variar em estilo, desde diários de notícias a bate-papos, comentários ou conteúdos investigativos. O G1 e The News são exemplos que publicam as principais notícias do dia em formato de áudio, a diferença está no público-alvo e na abordagem. O UOL e o G1 também adaptam outros conteúdos para o formato de podcast, como os melhores momentos do programa “Posse de Bola” e do Jornal Nacional, respectivamente.

Da TV às plataformas de streaming

A mesma lógica se aplica aos vídeos. Inicialmente, o primeiro passo foi migrar para a internet os mesmos conteúdos que já existiam na TV. Diversos canais de jornais no YouTube, como Band, SBT, Record e outros, transmitem sua programação ao vivo ou disponibilizam cortes com os melhores momentos posteriormente. Essa ferramenta também abriu espaço para portais que não tinham relação direta com a TV produzirem conteúdos semelhantes, como é o caso da BBC e da CNN.

Posteriormente, começaram a surgir conteúdos pensados especificamente para a internet. É o caso do Globoplay, que passou a criar produções próprias, exclusivas da plataforma, incluindo conteúdos jornalísticos. Além disso, uma variedade de conteúdos antes voltados para TV ou cinema passou a integrar o catálogo de diferentes serviços de streaming, como é o caso da série documental sobre o podcast “A Mulher da Casa Abandonada“, realizada pelo jornalista Chico Felitti. 

Ou seja, a internet permitiu que esses vídeos não precisassem necessariamente ser transmitidos na TV, podendo ser hospedados em plataformas que oferecem maior interatividade. Um exemplo disso são programas transmitidos via lives, nos quais os espectadores podem comentar em tempo real, interagir e até ter seus comentários lidos durante a transmissão.

Na maioria desses casos, os conteúdos já existiam anteriormente, mas, ao migrar para a internet, sofreram transformações em linguagem e formato. A web permitiu que programas tradicionalmente sérios se tornassem mais interativos e descontraídos, como ocorre nos esportivos. Além disso, esses conteúdos não precisam seguir horários fixos, podendo ser consumidos a qualquer momento por públicos específicos.

Redes jornalísticas

Quando se trata de inovação genuína e de conteúdos totalmente originais, é impossível não citar as redes sociais. Apesar do grande potencial dessas plataformas, ainda é difícil encontrar materiais que não sejam apenas replicações de produtos existentes ou adaptações de formatos já consolidados em outras mídias.

O Instagram do G1, por exemplo, divulga matérias por meio de imagens pouco chamativas, replica vídeos curtos, mas nem sempre autorais e utiliza os stories para direcionar o público a conteúdos disponíveis no site ou em outras plataformas. Já o Jornal O Globo apresenta uma situação ainda mais limitada, pois a maior parte de seu conteúdo é composta por imagens e textos, com poucos vídeos, que são os recursos que realmente engajam nas redes sociais.

Além dos portais, há jornalistas que produzem conteúdo próprio, como Fernanda Gentil. Ela replica cortes ou trechos de suas falas em programas ou podcasts, divulga esses materiais, mas também se esforça na criação de conteúdos originais voltados para suas redes.

De maneira geral, esses portais e jornalistas utilizam o Instagram principalmente como canal de encaminhamento, enquanto a produção autoral voltada especificamente para a rede é rara.

No TikTok, essa personalização consegue ser mais frequente. Apesar de muitos conteúdos ainda replicarem o estilo do Instagram, é possível encontrar produções autorais, como as da jornalista Silvana Miro, que destrincha notícias de forma curta e didática.

Há também jornalistas menos conhecidos, estudantes ou mesmo pessoas de outras áreas que produzem conteúdo jornalístico explicando notícias ou assuntos do momento de maneira simples, descontraída e característica desta rede social. Muitos desses conteúdos parecem mais curiosidades do que jornalismo, mas conseguem captar a atenção do público de maneira efetiva.

Em todos esses casos uma característica marcante em relação às outras mídias é a interatividade. Nas redes sociais, o público pode opinar, compartilhar e participar ativamente da repercussão e produção das notícias, algo que, muitas vezes, também contribui para a disseminação de fake news.

Outro ponto é que as redes tornam o consumo de notícias não linear. Dessa forma, não há mais uma ordem fixa de início, pois cada usuário pode traçar seu próprio caminho e selecionar o conteúdo que deseja consumir na ordem e momento que quiser.

Novos formatos, velhos desafios

O ponto central em relação ao jornalismo e a internet é que muitos recursos surgiram e evoluíram ao longo do tempo, os quais podem ser extremamente benéficos para a produção jornalística se forem bem utilizados. Por isso, é essencial que o jornalismo não apenas se adapte às novas possibilidades, mas também crie conteúdos inéditos, que não existam em outros formatos.

Adaptar conteúdos não é negativo, pelo contrário, amplia o alcance, ao considerar que grande parte das pessoas está conectada à internet. Entretanto, assim como ocorreu com o surgimento do rádio e da TV, hoje é necessário criar conteúdos pensados especificamente para o jornalismo digital, ou seja, desenvolver linguagens e formatos exclusivos, que ultrapassem a mera adaptação.

Isso porque em algum momento, possivelmente próximo, o público pode se cansar de conteúdos apenas adaptados, deixando de consumi-los, pois não refletem mais seus hábitos e sua linguagem. Dessa forma, é fundamental se adaptar aos novos formatos sem perder suas características essenciais, garantindo que as pessoas continuem bem informadas e conectadas ao jornalismo, mesmo que por meios diferentes dos tradicionais.

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