Infodemia: a pandemia da informação
- 14 de abril de 2020
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- Thamires Mattos
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O planeta parou. A Covid-19 chegou para mudar o mundo. Mas, além do vírus, outro problema voltou a se mostrar forte em nossa rotina: o pânico midiático.
Gabriel Buss
Não há como negar: vivemos um momento histórico. Um vírus que parecia ser uma dificuldade da China se tornou problema mundial. Em apenas três meses, se converteu em uma pandemia. Àqueles que não sabem o significado, pandemia é uma enfermidade epidêmica amplamente disseminada.
Uma das melhores formas de advertir e deixar a população consciente é a informação. A dificuldade, no entanto, é que hoje há uma “chuva de informação”, ou desinformação, como preferirem. Todos nós que consumimos notícias e conteúdos em geral ficamos, com razão, perdidos em meio a tantas coisas.
Hoje a população se informa não apenas por mídias tradicionais, mas também pelas redes sociais. Um dos maiores vilões é o WhatsApp, que serve de mensageiro de infodemias enormes; muita desinformação (as famosas fake News) é encaminhada. Aqui, quero destacar um problema que é uma complicação: o pânico midiático que acontece e é feito por mídias tradicionais, sejam jornais impressos, televisão, rádio, sites de notícias, entre outros.
Existe um proverbio popular muito conhecido: “Muito ajuda quem não atrapalha”. No intuito de ajudar e auxiliar a população, muitos meios de comunicação têm atrapalhado ao invés de contribuir. Vamos a um exemplo para deixar claro o que acontece. O portal UOL publicou recentemente, como pontuou um artigo do Observatório da Imprensa, uma matéria com o seguinte título: “Indiano se enforca com suspeita de coronavírus; OMS alerta contra pânico”. Se tratava de Bala Krishna, de 50 anos. O caso, que era considerado suspeito de Covid-19, foi descartado após a morte. Não se tratava da doença pandêmica.
Ao ler um título como esse, existem precedentes para dúvida. Há um nítido pânico ou medo produzido em quem já está aflito com tudo que vivemos. Esse é só um caso, mas não está isolado. Infelizmente, eles se espalham por fontes tradicionais e “confiáveis” de informação. Ao mesmo tempo que não reproduzem mentiras, deixam o público confuso ou cheio de medo, já que possuem tom sensacionalista.
A Organização Mundial da Saúde têm emitido notas e feito coletivas de imprensa a fim de reiterar que a informação é um bem precioso e que não há motivo para pânico generalizado durante a pandemia do novo coronavírus. No entanto, está cada vez mais complexo e difícil o combate a duas coisas: desinformações propagadas nas redes sociais (às vezes, até por chefes de Estado) e as desinformações disseminadas pela imprensa global, que inclui tabloides que acabam não contribuindo nesse momento tão delicado do planeta.
Vale ressaltar que existem muitos veículos da imprensa que tem feito um excelente trabalho. A cobertura dos fatos e da disseminação do vírus pode ser árdua, mas, existe. Infelizmente, há outros que acabam espalhando um medo maior que o necessário nas comunidades.
No Brasil, ainda temos uma dificuldade extra. Mais da metade de nossa população não teve acesso a uma educação de qualidade, ou seja, muitos não possuem um conhecimento básico para distinguir fatos básicos sobre a doença. Em contraste, a maioria tem TV em casa, acesso a notícias nos portais e também às redes sociais. A imersão nesse consumo tende a causar pânico; são muitas notícias assustadoras por si mesmas (sem contar o sensacionalismo) e manchetes feitas para assustar o público.
O que mais precisamos nessa fase tão tensa da história da humanidade é de solidariedade. Que isso sirva para compartilharmos alimentos, dinheiro e o que mais for preciso materialmente; mas, que não esqueçamos do conhecimento. É muito importante que todos aqueles que possuem o mínimo de consciência e podem fazer sua parte nessa luta que é de todos o façam! Só haverá combate à desinformação e ao pânico midiático se unirmos forças para compartilhar o conhecimento que temos e que pode fazer grande diferença na vida de milhões de brasileiros.