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Paparazzi invadindo privacidade

Há respeito sem privacidade?

  • 6 de abril de 2022
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A alta exposição midiática pode causar problemas nas vidas de figuras públicas e desencadear breakdowns.

Helena Cardoso 

Desde seu surgimento, o papel da mídia é noticiar acontecimentos importantes, e, muitas vezes, eles envolvem pessoas conhecidas. No entanto, até que ponto é aceitável comentar sobre a vida de uma personalidade? Como respeita-se a privacidade de uma pessoa considerada “pública”? Sites de fofoca, por exemplo, podem influenciar o surgimento ou intensificar transtornos mentais já existentes em quem é alvo de suas pautas? 

Embora certos acontecimentos sejam claros em sua ética sobre o não noticiar (como é o caso de Bianca Andrade, ou Boca Rosa, que teve sua gravidez exposta pelo jornalista Leo Dias), ainda existem inúmeras situações em meio à “zona neutra”. Enquanto uns acham que a informação é essencial, outros consideram inaceitável a invasão de privacidade envolvida. Na pressão de ter suas vidas remexidas e intrometidas a todo momento, muitos artistas acabam desenvolvendo transtornos que podem levar ao Breakdown (ou o chamado “surto”). 

Privacidade nada privada 

Em 27 de novembro de 2011, o jornal The Guardian publicou uma entrevista com Jarvis Cocker, líder da banda Pulp. Ele, amigo de Amy Winehouse, acusou a mídia de tê-la matado: “Acho que a imprensa matou Amy Winehouse tanto quanto as drogas, porque a mídia envia as pessoas para um lugar onde não há paz. Elas querem tentar escapar e às vezes usam drogas e bebidas para fazer isso”, desabafou. 

Entretanto, Amy não foi a única famosa a enfrentar problemas com drogas. Demi Lovato chegou bem perto da morte por overdose em 2018. Como esperado, a repercussão foi enorme, mas muitos meios de comunicação usaram a história de todos os ângulos possíveis, buscando mais reconhecimento e visualizações. Em desabafo no Twitter no dia 21 de dezembro de 2018, Demi escreve: “[…] parem de escrever sobre a minha recuperação, porque não é da conta de ninguém e isso só diz respeito a mim”, acrescentando em outro tweet que precisa de espaço e tempo para se curar. 

Interesse público?

Porém, se você pensa que essa foi a única vez que Demi se envolveu em polêmicas com a imprensa, está muito enganado. Em 2019, o jornalista Fabio Magnocavallo publicou uma matéria no site Inquisitr chamando Lovato de “cheinha”. Como resposta, recebeu stories que diziam coisas como “eu estou brava porque as pessoas ainda acham que é certo escrever manchetes sobre o formato do corpo de qualquer pessoa. Especialmente sobre uma mulher que sempre foi aberta quanto a suas lutas contra um distúrbio alimentar”. Após perceber a repercussão negativa do artigo, Magnocavallo o excluiu e se desculpou. 

Embora Demi tenha deixado claro desde o início que “ao contrário do que aconteceria no passado, isso [a matéria] não foi um gatilho”, a situação não deixa de ser problemática. Os danos poderiam ser irreversíveis se a manchete se tratasse de outra pessoa. Entretanto, os cuidados que a imprensa deve tomar não se restringem a comentários sobre o corpo de alguém. A mídia deve respeitar a decisão de quem não se sente à vontade para comentar sobre determinados assuntos, especialmente quando eles não acrescentarão em nada para uma notícia. 

Em entrevista com Guru-Murthy para promover o filme “Vingadores: A Era de Ultron”, Robert Downey Jr. (ator que retrata o personagem Tony Stark/Homem de Ferro no longa-metragem) simplesmente levantou e abandonou a conversa. Isso aconteceu após o entrevistador questioná-lo sobre os problemas que enfrentou com álcool e drogas no passado. A tentativa de evoluir a pauta e conseguir momentos emotivos colocou fim a uma entrevista que não tinha esse tema como foco. 

Problemática de questionamentos

Mesmo sem invadir diretamente a vida de uma pessoa, a mídia pode influenciar o pensamento de quem a consome e interferir em assuntos mais delicados. O TMZ, por exemplo, promoveu muitas especulações acerca da separação do rapper Waka Flocka Flame com a empresária Tammy Rivera. Em determinado trecho da matéria sobre o rompimento, podemos ler: “Raq [entrevistadora] perguntou se há alguma chance que eles se resolvam, mas ele [Waka Flocka] não quis entrar no assunto – entenda isso como quiser –, entretanto, disse que não há nada que Tammy possa fazer para que ele a odeie.” Mas é papel da mídia estimular dúvidas e questionamentos que afetam a vida de outras pessoas? Promover essas especulações é prejudicial e pode levar fãs a atacarem os personagens, além de invadirem ainda mais uma vida longe de ser particular.

O surgimento de questionamentos não é incomum, principalmente em notícias mal apuradas. O jornalista Luis Carlos Velez, âncora da rádio RCN, tuitou no último 26 de março que foram encontradas pelo menos dez tipos de substâncias no quarto de Taylor Hawkins e que ele teria morrido de overdose. Depois, voltou atrás e publicou que, embora as autoridades colombianas tenham confirmado a presença desses componentes, o relatório oficial não citava overdose. Embora nesse exemplo específico o baterista já tenha falecido e não tenha sofrido os impactos resultantes diretamente, o ocorrido mostra o descaso em correr atrás das informações corretas. Em casos que o artista ainda está vivo, isso poderia gerar consequências negativas em sua vida e carreira. 

Limites da mídia 

O papel da imprensa é, sim, informar, mas sabendo que uma informação mal apurada ou uma frase escrita de forma incerta pode desencadear Breakdowns em quem se fala sobre. A mídia não pode pensar que a simples existência de uma figura conhecida automaticamente garante o direito de explorar todas as mínimas facetas da vida daquela pessoa. O cuidado deve ser para não confundir interesse público com interesse próprio.

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