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A frieza da mídia

  • 2 de setembro de 2019
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  • Thamires Mattos
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A mídia esquece que estamos lidando com sentimentos de pessoas, lutando para encontrar um motivo para viver após experiências tristes e traumáticas

Giancarllo Batistoti
O que dizer de um dos casos mais marcantes para o Brasil? Na noite de 29 março de 2008, o país se espantou e uma mãe chorou. Nos dias seguintes, a morte da pequena Isabella Nardoni era o assunto mais comentado pela imprensa. Muitos choraram junto à mãe; o ódio pelo acontecido consumiu vários; a indignação é sentida e lembrada até hoje. A polícia chegou a conclusão de que o pai e a madrasta, Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, teriam torturado e arremessado a criança do apartamento onde viviam. O casal foi condenado por homicídio doloso qualificado.

A versão de Alexandre e Anna Jatobá sobre o ocorrido foi um tanto confusa. Na história deles, um terceiro suspeito teria entrado no apartamento, e, aparentemente sem motivo, torturou e matou Isabella. Sem um álibi ou provas (nas câmeras, o suposto terceiro não aparece), a história foi tida como mentirosa. No entanto, o crime nunca foi confessado.

A cobertura da mídia brasileira em casos polêmicos normalmente tende a ser sensacionalista, e nesse caso não foi diferente. Reportagens apelaram para o emocional do receptor. A mídia esquece que estamos lidando com sentimentos de pessoas, lutando para encontrar um motivo para viver após experiências tristes e traumáticas. Não são reportagens, não é nosso “ganha pão”, são seres humanos!

Um ponto positivo em relação à cobertura midiática foi a busca pela imparcialidade. Mesmo com o ódio tomando conta de todos, foram realizadas entrevistas com os “possíveis assassinos”, mostrando o outro lado do ocorrido. Isso deu uma oportunidade, para quem acompanhava o caso, de decidir quem havia sido culpado pela morte da menina Isabella.

Em 2018, dez anos após o caso, que parecia ter acabado, foi desenterrado pela TV Record, Rede Globo e Rádio Bandeirantes. Foram realizadas entrevistas com Ana Carolina Oliveira, mãe de Isabella. Com um conteúdo totalmente desnecessário, elas pareciam comemorar a morte da criança: “como você está hoje?”, ou “sua filha teria 15 anos hoje em dia, como seria se estivesse viva?”. Estas perguntas não mostram informações relevantes para o público sobre o que aconteceu. Trazem apenas lembranças traumáticas para a mãe, afinal, qual mãe gostaria de relembrar o assassinato de seu/sua filho/a?

 

A mídia brasileira se mostrou, mais uma vez, imatura. Sedentos por audiência, os meios de comunicação fazem o que for necessário pra consegui-la, ignorando sentimentos humanos e a ética jornalística. O pior do ser humano é revelado em casos como esse; tanto o criador de conteúdo quanto o consumidor são passivos de condenação. Podemos comparar a frieza dos assassinos com a da mídia. Eles matam com armas ou com as próprias mãos; jornalistas matam com palavras.

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