A fórmula do sucesso das Kardashians
- 9 de março de 2020
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- Thamires Mattos
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Imagens de intriga e riqueza de uma família mantém seu império financeiro em pé
Rebeca Queiroz
Em outubro de 2007, estreava na televisão norte-americana o reality show “Keeping Up With The Kardashians”, que mostra a rotina da família Kardashian. Com uma condição financeira alta, a vida de Kim, Kourtney, Khloé, Rob, Kendall, Kylie e Caitlin Jenner foi, de certa forma, mais uma entrada ao caixa do clã. O reality já está no ar há treze anos. Nesse tempo, muitos acontecimentos tumultuosos e chiques foram mostrados: três casamentos luxuosos, três divórcios conturbados, o nascimento de onze crianças, depressões, problemas com o corpo, procedimentos cirúrgicos e muitas viagens para destinos caríssimos e afrodisíacos.
A ideia para o reality surgiu após o vazamento de uma sex tape protagonizada por Kim – a segunda filha do clã – e do rapper Ray J em 2006. Em um movimento rápido feito pela matriarca e empresária das filhas, Kris Jenner, a família ganhou os holofotes. O programa ganhou até spin-offs, como Koutney and Khloé Take Miami e Kourtney and Kim Take New York.
As irmãs Kardashian já eram famosas antes da exposição no reality show. No entanto, as socialites se tornaram verdadeiras empresárias com o passar dos anos. Entre suas empreitadas, estão campanhas publicitárias, coleções de roupas, linhas de maquiagem, sapatos, trabalhos como modelos, livros, aparições públicas e em talk shows. Tudo isso é feito para que não sejam esquecidas. Suas imagens mantém o “império Kardashian” de pé.
O reality da família Kardashian recebe críticas negativas desde sua estreia. Diversas alfinetadas são direcionadas ao reforço do conceito de simplesmente “ser famoso por ser famoso”, além da manipulação de certos eventos da vida familiar, falta de criticidade e busca pela relevância sem muitas barreiras éticas ou morais. O estilo de vida das irmãs sempre foi muito julgado, e a maneira como qualquer acontecimento em suas vidas se dá é uma forma de entretenimento. Isso faz com que elas sejam percebidas como fúteis e superficiais aos olhos do grande público.
As câmeras do reality sempre estão ligadas mostrando o cotidiano das irmãs, porém, em duas ocasiões, ficaram apagadas. Um desses momentos foi o assalto sofrido por Kim Kardashian em Paris. O caso foi muito comentado pelos grandes tabloides a nível internacional.
Kim se retirou das mídias sociais e não deu entrevista para nenhuma revista ou tabloide comentando o ocorrido. O caso repercutiu por muito tempo, e, somente alguns meses mais tarde, Kim contou o que aconteceu devidamente. As revelações ocorreram na première de uma das temporadas de KUWTK. A jogada de marketing foi sensacional. Existe lugar melhor para contar sua tragédia do que no próprio reality show?
É perceptível a influência consumista e a alienação política que é passada pela família Kardashian. Um grande público acompanha seu cotidiano e quer viver como elas, porém, seus estilos de vida podem ser considerados utópicos. Nem tudo o que é apresentado ao público é real; muitas cenas são fortemente editadas. Essa falsa ilusão de proximidade com o público remete um certo achismo em relação a quanto conhecemos, realmente, tais celebridades.
O “show Kardashian” é estritamente manipulado de forma a apresentar e vender a imagem de tudo o que é feito pela família. Todo o impacto do clã na cultura de massa é perceptível. Seus cotidianos viraram um lifestyle que dificilmente será reproduzido pelos telespectadores, pois a maioria dessas pessoas não tem remotamente a possibilidade financeira para manter certos hábitos. Vender a imagem é a principal estratégia delas. Por consequência, isso funciona – e muito bem – em nossa sociedade hipermidiática.