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Existe jornalismo fora da bolha

  • 24 de setembro de 2025
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  • Theillyson Lima
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Se a sociedade muda constantemente, a linguagem jornalística não deve ficar estagnada.

Raíssa Oliveira

O tempo passa e as coisas mudam. Palavras novas entram no dicionário, novas tecnologias são criadas e implementadas e novas tendências surgem no mercado. O mundo não é igual há 100 anos, definitivamente, nem igual mês passado, então por que o jornalismo deve ser?

O jornalismo já muda constantemente, se adaptando às necessidades de toda a população, caso contrário, estaríamos sem notícias para consumir pelo rádio ou televisão, por exemplo. Com o avanço da sociedade e das redes sociais, é natural que muitas coisas mudem junto, como linguagem, consumo e relações pessoais que acabam sendo moldadas às novidades.

Para algumas pessoas apegadas ao tradicionalismo e que possuem medo que a novidade rompa com os seus ideais, parece loucura mudar algo que já está consolidado. Entretanto, o que pode soar como loucura em um primeiro momento de transição, tem o potencial de trazer resultados benéficos para o jornalismo, sociedade, e mudar hábitos de consumo com o passar dos anos, assim como já aconteceu anteriormente em toda a história da imprensa. 

O papel do jornalismo é se adaptar às demandas das pessoas e falar a língua delas, porque precisa traduzir o mundo para determinados grupos. O porém é que existem muitos grupos e cada um possui uma necessidade personalizada. A partir disso, os conteúdos jornalísticos precisam ser fragmentados em muitos nichos para atingir o alcance favorável e satisfatório, mudando o vocabulário, formatos, duração dos conteúdos e textos, a fim de abranger toda a segmentação de público, conversar com todo mundo e servir socialmente de forma prática.

Cada um faz o seu horário nobre

O rádio é um belo exemplo disso quando, ao invés da predominância de vozes imponentes na programação tradicional de rádio, se tem o aumento exponencial de podcasts e formatos mais descontraídos para veicular as notícias, em que o público consome conteúdos na hora em que bem deseja. O estudo da Kantar IBOPE Media divulgado em 2023 afirma que 90% dos brasileiros consomem algum formato de áudio, seja rádio, streaming ou podcast e que, pela flexibilidade do rádio, os conteúdos são ouvidos em várias plataformas digitais, sendo que 39% dos consumidores escutam os conteúdos das emissoras pelo YouTube, 25% pelas redes sociais e 22% por meio de podcasts, ou seja, muitos formatos para grupos diferentes.

Isso não significa que o rádio tradicional precisa parar de existir, até porque muitas pessoas gostam e consomem de forma clássica. O que significa é que não são todos que preferem o formato tradicional de rádio e é importante produzir mais de uma alternativa, para que todos tenham acesso à informação de qualidade na maneira que faz sentido para cada indivíduo. Atitudes simples, como disponibilizar o programa ao vivo em veículos de streaming, facilitam muito o consumo por públicos diversificados, auxiliando em um alcance maior do conteúdo.        

Além disso, quando se trata do consumo de notícias, as pessoas estão migrando muito para a internet e redes sociais, além da mídia tradicional. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada no ano passado, observa mudanças significativas no consumo de mídia e tecnologia no Brasil, com uma queda no uso de TV por assinatura e um crescimento no uso de serviços de streaming. 

Ainda nesse sentido, o relatório da Comscore sobre comportamento dos consumidores e o impacto das plataformas digitais revelou que o Brasil está entre os quatro mercados digitais do mundo, registrando 131 milhões de visitantes únicos em dezembro de 2023. WhatsApp, TikTok, Facebook e o Instagram seguem como as plataformas mais consumidas no Brasil e   75% dos latinos consomem notícias no TikTok, sendo a principal plataforma de informação. Se a maioria da população está na internet, faz sentido manter algo de maneira tradicional apenas em veículos consolidados se nem está dando retorno ou ajudando o quanto devia?

Mudanças marcantes

Algumas mudanças podem ser vistas quando se trata de inovações nos meios jornalísticos. Márcia Dantas é uma figura muito emblemática do que representa um jornalismo moderno. Ela era âncora do SBT Brasil, principal jornal da emissora, e publicava diariamente em suas redes sociais vídeos dos bastidores, com dancinhas e músicas, que descontruíam a imagem perfeita que muitas vezes temos dos apresentadores, de voz imponente e dicção impecável. 

A partir disso, ganhou um público engajado e fiel na internet, muito por conta do sentimento de proximidade com a jornalista, imagem de gente como a gente, e real. Porém, foi demitida no início deste ano sem motivo específico. A demissão não foi bem aceita pelos internautas, que questionaram o porquê nas redes, com suspeitas de que sua postura na internet tenha influenciado na decisão da emissora. Com a demissão, ela abriu o próprio portal de notícias e empreendeu até ser contratada novamente, mostrando um pouco do que é um jornalismo atual que se molda em diversos formatos, linguagens e necessidades, sendo mais flexível. Caso o motivo do seu desligamento tenha sido realmente a sua postura nas redes sociais, fica o questionamento se faz sentido preservar o tradicionalismo e perder o grande público.

Ainda falando sobre bancadas de jornais tradicionais, o William Bonner já foi uma mudança progressista quando assumiu o lugar de Cid Moreira, que já possuía uma grande presença e credibilidade no jornalismo brasileiro. Hoje em dia a história se repete e tirar o Bonner do Jornal Nacional é como se fosse um crime contra o jornalismo para as pessoas adversas às mudanças necessárias dentro da comunicação. E é nesse contexto que surge o César Tralli para assumir a bancada do Jornal Nacional, escolhido justamente por conseguir equilibrar a sua autoridade com proximidade ao telespectador e dialogar com vários grupos e gerações, capaz de unir a tradição do jornalismo da Globo e o novo ciclo de renovação da atualidade. 

Além desses casos, o esporte também sempre muda, de forma informal e atualizada, mas nem sempre é recebido de maneira agradável pelos telespectadores. O Globo Esporte foi o precursor de muitas mudanças no jornalismo, com o Tiago Leifert de principal protagonista. Ele aproximou o entretenimento do jornalismo esportivo e fez história, mesmo com críticas se isso deveria mesmo ser acrescentado aos conteúdos jornalísticos da televisão brasileira.

O que antes era controverso, hoje virou regra e inspira novas mudanças, como participação e contratação de youtubers, influenciadores digitais e jornalistas informais para a grade dos programas esportivos na Globo, como Fred, contratado após sucesso no Desimpedidos, um canal esportivo popular do YouTube. A forma de transmissão de jogos também mudou com o surgimento da Cazé TV, adotando uma estética mais próxima e acessível aos torcedores e movimentando o mercado, já que a Globo precisou se moldar com a produção do GE TV.        

O jornalismo é reflexo da sociedade

Esses exemplos viabilizam o entendimento sobre como os formatos e veículos influenciam no engajamento e distribuição dos conteúdos e como são necessários para acessibilidade, mas, além disso, como o vocabulário influencia em como a informação é transmitida. E isso acaba sendo o básico do jornalismo: saber falar a língua das pessoas, ainda que isso fira o seu ego como detentor das normas de um português perfeito e adequado para a sua bolha.

A linguagem, seja visual, oral ou escrita, tem se moldado ao consumo de diferentes grupos, com coloquialidade, regionalismo e sotaques, deixando aquela fala toda engessada de lado e, como isso é rico culturalmente e aproxima ainda mais as pessoas da informação central. Ainda que nenhuma mudança seja recebida de maneira agradável por todos, elas acabam sendo necessárias para alguém e, se é importante para alguém, deve ser para o jornalista.

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