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Elitismo cultural e comunidades marginalizadas

  • 14 de setembro de 2022
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As massas tem mal gosto?

Adalie Pritchard

É comum ouvir alguém dizer que não consome algum produto pelo único motivo de que “todo mundo o consome”. Uma coisa boa, se for rara, aumenta de valor. Talvez por isso as pessoas se encarregam de ser “gatekeepers” de produtos culturais. A arte tida na mais alta estima é a cultura da elite, resultado de uma educação de qualidade. 

A forma mais aceitável de reforçar as diferenças entre classes sociais é pela educação, que pode se manifestar como arrogância intelectual. A diferença entre inteligência e educação é borrosa na nossa cultura, e, por tanto, são confundidas na fala. Dessa forma, a “inteligência” é utilizada para diferenciar indivíduos de “alta classe” das massas. Assim, seus gostos culturais e logros acadêmicos são atribuídos a sua suposta inteligência e não sua situação econômica. 

No entanto, a capacidade cognitiva e o talento são distribuídos equitativamente pela população, embora nem todos que possuam essas qualidades tenham as ferramentas para desenvolvê-las. Porém, quando a inteligência e o talento tem uma face diferente, muitas vezes é rejeitada. 

O sociólogo Rogério de Souza Filho discute na sua tese de doutorado da Unicamp, o legado intelectual do rapper Mano Brown e a importância do movimento hip hop na transformação da vida de jovens. Ele discute que o rap, como uma linguagem artística, oferece uma visão crítica do mundo e da visibilidade social a jovens em comunidades de periferia e pode até resgatá-los da criminalidade. Em síntese, o autor propõe que os valores estéticos baseados apenas na produção de livros e obras artísticas da “alta cultura” não podem servir de único referencial na nossa cultura. 

Lamentavelmente, produtos artísticos produzidos em comunidades de periferia, como é o caso da música de Mano Brown, são rejeitados pelo seu formato. O gênero musical é jogado fora, junto com a sabedoria que ele pode conter, e  é jogado fora junto com o gênero musical. A possibilidade do intelecto estar em um formato de fácil consumo e aberto para todos deixa alguns desconfortáveis, pois tira a exclusividade que os fazem sentirem superiores. 

Em contrapartida, podemos observar que o mesmo fenômeno acontece ao contrário. “Virou chique ser pobre”, sempre que você não for pobre de verdade. Marcas de roupa luxuosas como a Balenciaga começaram a vender roupas com aspecto velho a centenas de dólares. Kanye West vendeu uma coleção Yeezy que fetichizava moradores de rua. Em parceria com a GAP, as roupas da coleção eram exibidas dentro de sacolas de lixo dentro das lojas, oferecendo aos compradores uma “experiência” diferente. 

Esse tipo de apropriação cultural está entre os piores, ao meu ver. É tornar a pobreza uma oportunidade de negócio e romantizar as maiores lutas das comunidades marginalizadas. Como se não fosse suficiente, as virtudes que surgem desses meios são puxadas para baixo. 

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