“Aqui se faz, aqui se paga!”
- 29 de março de 2021
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Entenda porquê os “canceladores” das redes sociais não podem ser considerados “vilões”
Carlos Daniel Barbosa
Na era digital as mídias sociais se tornaram cada vez mais em um ambiente controlador. É como mexer em um vespeiro com a ingenuidade de sair ileso. Quem fala o que quer, é sentenciado a uma espécie de guilhotina moral: o cancelamento. Da mesma maneira que Robespierre teve a cabeça decepada por causa dos seus pensamentos divergentes no século XVIII, os artistas e blogueiros que possuem outra visão sobre as pautas atuais são condenados e punidos rapidamente. Com alguns cliques, corta-se o mal pela raiz, ou melhor, nas redes sociais.
O posicionamento diante das causas sociais, por exemplo, racismo, homofobia e feminismo passou a ser indispensável. Não existem apenas criadores de conteúdos para as plataformas digitais, há um formador de opinião atrás de cada smartphone e computador. Quando se trata de um perfil público, estamos falando de um único emissor midiático e milhões de receptores – é aqui que existe a linha tênue entre entretenimento e o papel social.
Dessa forma, saber o momento de argumentar é fundamental. Em um país com ampla diversidade cultural como o Brasil, lidamos com a pluralidade de pensamentos, todavia, o problema não é a quantidade, mas a falta de empatia das pessoas no tratamento desses assuntos. Para se ter uma ideia, anos de conscientização racial no Brasil são perdidos quando vemos no noticiário que um jovem negro foi asfixiado até a morte; quando uma pessoa homossexual é espancada apenas por ser “diferente”; ou quando uma mulher tem seus direitos violados por causa do seu gênero. Quem observa esses fatos a sangue frio e não intervém, é cúmplice da criminalidade.
Em 2017, a série Thirteen Reasons Why sofreu boicote na Nova Zelândia e nos Estados Unidos, pois o público entendeu que o enredo do programa era impróprio para os adolescentes. Os principal ponto levantado pelos pais foi sobre existir a exposição de temas como suicídio, sexo e violência e isso afetaria psicologicamente os jovens . No Brasil, houve uma investigação junto ao Ministério Público da Paraíba solicitando o fim da veiculação do seriado no país, mas não foi aceita. A rejeição de conteúdo exposta pelo público se relaciona com a cultura da sociedade, ou seja, a maneira que as pessoas lidam com determinados temas. Os norte-americanos, por exemplo, decidiram “cancelar” a exposição no país devido a inúmeros casos de violência e distúrbios mentais de alunos nos colégios como forma de precaução. Já no Brasil, prezou-se pela prevenção.
Embora o emissor dos ataques seja visto como vilão, não se pode afirmar que ele esteja totalmente errado. O “cancelador”, como é destacado na internet, exprime os pontos aceitos pela massa e, portanto, descreve o comportamento “ideal” a ser seguido – sendo justificado como uma lição para os demais internautas. A importância em analisar esse contexto é garantir que a sociedade evolua, por meio de exemplos, para não cometer os mesmos erros. Ao “cancelado” cabe rever os seus atos e se desculpar publicamente.