Agro é tudo?
- 10 de maio de 2023
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- Theillyson Lima
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Como o agro (negócio) é representado em diferentes veículos de mídia.
Bruno Sousa
“Agro é tech, agro é pop, agro é tudo”. Garanto que você já assistiu essa campanha publicitária na Rede Globo, e talvez tenha compartilhado com os amigos ou até feito alguma gracinha com esse bordão. Mas o questionamento que fica é: será que o agro é representado dessa forma mesmo? Quando falamos em agronegócio os primeiros pensamentos que temos são: gado, fazenda, plantações, trator e outras inúmeras referências sobre esse assunto.
Porém, não é somente sobre essas questões que o agronegócio se relaciona. Nesta análise vamos abordar como essa editoria tem sido apresentada pela mídia, tendo como base os portais do G1, Folha de São Paulo e Estadão. As publicações analisadas foram feitas entre os dias 24 a 30 de abril, quando pude levantar vários pontos que foram noticiados.
Cadê a editoria?
Como dizem: “Se o agro não planta, a cidade não janta”. Apesar do ditado, ao que tudo indica, a editoria de agronegócio não é encontrada em um lugar específico do portal, como uma aba. Me surge o questionamento: por que não? Levando em conta que o setor é tão forte e movimenta a economia do país, as pautas deveriam ganhar mais projeção dentro da mídia.
Dentro dos portais analisados, apenas um deles trouxe uma editoria separada, enquanto os outros fizeram a veiculação dentro de abas como economia e política, associando-as por meio de ganchos com um viés que tirava o foco da agricultura.
Pensando na questão de alcance entre um leitor atento e desatento, isso acaba gerando um problema para eles. Um consumidor atento analisa o conteúdo que está sendo absorvido e até pesquisa a fim de se aprofundar na notícia, fora o envolvimento emocional, que desperta a empatia com os personagens ou situações descritas no texto.
Já um leitor desatento encontra diversas dificuldades como: compreensão limitada do conteúdo, maior probabilidade de erros de interpretação, podendo interpretar erroneamente informações no texto ou perder o contexto necessário para entender o significado das palavras, e a perda de detalhes.
Análise portais
Vários pontos específicos e corriqueiros foram encontrados e que, de certa forma, os portais deveriam trabalhar de forma mais conjunta para uma melhor cobertura. Além da falta de editoria em diversos portais, também identifiquei pouca factualidade, muito entretenimento e pouca clareza nas informações. Me coloquei na situação de um pequeno produtor com pouco estudo, tentando interpretar informações tão complexas.
Segundo Teresa Vendramini, ex-presidente da Sociedade Rural Brasileira, “o jornalismo especializado em agro é um agente de transformação, capaz de disseminar conhecimento e informação de qualidade para a sociedade, contribuindo para a valorização do produtor rural e para o fortalecimento da agricultura brasileira.”
Em assuntos relacionados à agricultura e ao setor agropecuário, é possível desempenhar um, papel importante na transformação da sociedade, uma vez que pode disseminar informações precisas e de qualidade sobre o tema para a população em geral.
Essa disseminação de conhecimento pode contribuir para a valorização dos produtores rurais e para o fortalecimento da agricultura brasileira como um todo. Em outras palavras, o jornalismo especializado em agro pode ajudar a melhorar a percepção e o entendimento do público em relação ao setor agrícola e seu impacto na economia e na sociedade brasileira.
Folha de São Paulo
Durante os sete dias de análise, o portal publicou 13 matérias e trouxe coberturas dos principais acontecimentos do agro, um exemplo disso foi o Agrishow, uma feira internacional de tecnologia agrícola realizada em Ribeirão Preto, sendo considerada a segunda maior feira do tipo no mundo e a maior da América Latina.
Ao longo dos dias eram postadas notícias com um certa frequência, exceto o dia 25 e 27 que não havia publicações. A página nesse período trouxe temas sobre: desmatamento, crescimento da economia, avanço da tecnologia no campo, sustentabilidade e frisou bastante a questão política no Agrishow em apresentar o certo desconforto do ministro da agricultura Carlos Fávero com a presença do ex-presidente Jair Bolsonaro no evento.
A Folha retratou bem a questão política e fez uma boa cobertura sobre o assunto, além de abordar bastantes assuntos factuais. Um ponto a ser pautado é que na Folha não foi possível encontrar uma aba com a editoria Agro, por ser um dos veículos mais cheio de conteúdo neste dias em que estava em análise, senti esse déficit e seria bom se eles pensassem em colocar uma aba só para o Agro.
Estadão
O portal Estadão infelizmente durante esse período de análise, a página publicou apenas 1 matéria sobre o agronegócio. Mesmo com um dos eventos mais importantes para agronomia acontecendo, o portal não retratou aos seus leitores a respeito. A editoria de Agro do veículo está associada à economia, portanto que a editoria de Agro se encontra da aba de economia.
Sendo assim, o Estadão não apresentou uma cobertura precisa, atual e de relevância. A pauta publicada no dia 25, abordou sobre a economia do agro envolvendo política, que enfatizou casos isolados do Distrito Federal. As pautas estavam mescladas com economia e havia mais ênfase nessa área. Sabemos que cada site tem sua política de trabalho e que viéses serão usados para alcançar os seus leitores. Porém, o portal poderia trabalhar mais em cima disso.
Portanto, o Estadão precisa reformular o conceito de informação sobre esse setor e realizar uma cobertura mais ativa, factual e que noticie o leitor. Olhando por esse lado até é possível entender do porque não possuir uma editoria própria já que as pautas são bem regulares.
G1
Quando falamos do G1, quem não se recorda dos fins das manhãs do programa da Fátima Bernardes e aos fins de tarde depois da Sessão da Tarde, do G1 em um minuto? É, talvez você tenha se lembrado. O portal está a todo tempo descarregando milhares de informações e na editoria Agro não foi diferente.
Inclusive a página possui uma aba somente com essa editoria, algo que causa uma satisfação para um leitor, além de ser fácil para se guiar. Entre os dias 24 a 30 a página publicou 16 matérias sobre o agronegócio, sendo que somente no dia 29 não houve publicação. O portal durante esses dias trouxe assuntos factuais, curiosidade, questões sociais, tutoriais, economia e falou superficialmente do Agrishow.
Com base nisso, é perceptível que o G1 tem um potencial muito grande de informações. Porém, ele trabalha muito com pautas voltadas a situações cotidianas, um exemplo foi no dia 28 que tem a seguinte manchete “Como tirar o cheiro de alho das mãos e onde guardar a cebola”. Ta! É interessante. Mas tinha coisas mais interessantes acontecendo, que deveriam ter sido pautadas, como eu já citei aqui o Agrishow, que deveria ter sido mais pautado na editoria
O agro e a comunicação
Após realizar essa análise sobre o papel do jornalismo no setor agropecuário, é possível concluir que esse segmento desempenha um papel fundamental na produção e disseminação de informações relevantes para produtores rurais, empresas do agronegócio e consumidores finais. Porém, os portais deveriam se aprimorar mais e realizar uma cobertura ampla e completa desse setor.
O jornalismo especializado em agronegócio tem uma importante função em diversos temas que se atribui a editoria como produção, tecnologia, mercado e políticas públicas, fornecendo informações precisas e atualizadas que permitem ao setor tomar decisões estratégicas e melhorar a qualidade e competitividade dos produtos agrícolas.