LIVRO: Medicina para jornalistas, jornalismo para médicos
- 8 de junho de 2015
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- Thamires Mattos
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Daniela Fernandes
A tendência do jornalismo de saúde é seguir os mesmos passos do jornalismo esportivo. Há um tempo atrás, os jogadores profissionais de algum esporte, mas em especial o futebol, eram entrevistados no momento exato do final da partida. No calor da emoção, muitos acabavam sendo óbvios demais e despreparados, causando assim ruído na comunicação.
O tempo passou e os clubes e dirigentes sentiram a necessidade de preparar sua equipe. Os jogadores, então, aprenderam a lidar com os profissionais de comunicação e atingiram o objetivo de comunicar bem. Da mesma forma, médicos e profissionais de saúde não são preparados para conversar com jornalistas, nem jornalistas são preparados para reportar a temática abordada por eles. Eis aqui o motivo para se buscar uma solução!
Um dos primeiros passos que visa a qualificação dessa relação é encontrado no livro A saúde na mídia – Medicina para jornalistas, jornalismo para médicos da Summus Editorial. A autora da obra, Roxana Tabakman, buscou médicos, jornalistas, pacientes e ONG’s a fim de encontrar meios que facilitem um diálogo exitoso entre os setores. A iniciativa surgiu do contexto observado pela escritora, que é percebido pelo crescente número de pessoas que buscam a mídia como substituta da consulta médica. Além disso, há a dificuldade em reportar assuntos densos de forma acessível a diversos públicos, a limitadora escolha da linha editorial dos veículos, a influência da indústria farmacêutica, a cobertura alarmista de certas doenças, entre outros fatores que comprometem a correta disseminação das informações.
O prefácio do livro foi escrito pelo jornalista Alberto Dines e a obra é dividida em oito capítulos que tratam de assuntos, como o espaço da saúde na mídia, a ética da informação médica, os pontos difíceis da relação entre profissionais da área médica e da comunicação, a midiatização da prática do cuidado com a saúde, entre outros. Um dos tópicos tratados é a busca do que é notícia e do que é apelativo. A autora analisa como é lamentável a busca do apelativo, sendo que a qualidade do material é deixada de lado na maior parte das vezes. As notícias sobre dietas são os maiores exemplos. Segundo Roxana, nada é tratado com o rigor imposto à prescrição de um tratamento para obesidade. Em geral, as restrições alimentares oferecem a metade dos nutrientes necessários para o bom funcionamento do organismo. Assim, não apenas o jornalismo é desqualificado, mas também a saúde do leitor ou espectador é colocada em risco.
“Em suma, o boom informativo sobre saúde pode ter efeitos contraproducentes se à quantidade não forem incorporadas doses crescentes de qualidade. Para alguns, melhorar a qualidade é despojar-se de preconceitos e responder às perguntas feitas pelas pessoas. Para outros, é responder com mais rigor a essas perguntas”.
As faculdades de Medicina não ensinam seus alunos a lidar com a mídia. Nem o curso de Jornalismo oferece formação suficiente e preparo para os futuros jornalistas tratarem os assuntos variados do universo da saúde. Por isso, o livro A saúde na mídia – Medicina para jornalistas, jornalismo para médicos é tão importante. O público-alvo acaba sendo estudantes que desejam se preparar e os jornalistas atuantes, além dos estudantes de medicina e os médicos em constante contato com os meio de comunicação. Duas áreas distintas visando a qualidade da informação. Oxalá, o objetivo será alcançado!