
O reinado da Globo não acabou (ainda)
- 4 de junho de 2025
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- Theillyson Lima
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Mesmo com concorrência crescente, o Grupo Globo segue ditando capítulos da cultura brasileira, seja no entretenimento, esporte ou jornalismo.
Vefiola Shaka
Falar de uma rede de televisão de renome no Brasil é incrivelmente simples, todo brasileiro tem um nome em mente. Sim, é exatamente esse nome que veio à sua mente. Já para uma estrangeira que acaba de mergulhar na cultura brasileira, entender quem é esse protagonista já é uma descoberta. Mas, na verdade, não é uma caça ao tesouro: tudo é incrivelmente claro.
Para aqueles que estão se perguntando do que uma estrangeira tem a ver com este assunto, devo uma explicação. Venho da Albânia, um pequeno país localizado no sudeste da Europa. Toda essa distância só para estudar Jornalismo.
Antes de vir para cá, eu tinha ouvido falar muito sobre comunicação e televisão brasileira em geral, mas não de nomes específicos. Quando comecei a faculdade, comecei a procurar sites de notícias, canais de TV ou plataformas de streaming para usar como fontes para trabalhos de faculdade ou simplesmente por curiosidade pessoal.
Foi nesse instante que me dei conta que o nome Globo estava no meu ouvido há um bom tempo. Para cada pergunta que eu fazia, a resposta era sempre a mesma, quase como um eco nacional: “Tá na Globo”.
Se eu quisesse saber o resultado de um jogo, lá estava o GE, a sigla que parece ter aposentado o futebol de rua e instalado a estatística como forma de torcer. Meus colegas assistiam à Globo como quem consulta um oráculo: shows, eventos, cerimônias, tragédias.
O que me assustava não era a presença da emissora, mas sua familiaridade. Nas aulas, os temas do jornal eram os mesmos que depois viravam debate ou pauta para trabalhar na sala. Mesmo nas conversas simples, a Globo aparecia: uma lembrança de infância, um bordão, uma personagem de novela. E o mais engraçado? Até o “programa de domingo”; esse conceito que já virou gênero próprio passa na Globo.
A Globo é mesmo a protagonista?
Por meio da plataforma de streaming de vídeo sob demanda do Grupo Globo, a Globoplay atingiu 100% de cobertura do simulcast em todo o território nacional de forma gratuita, ampliando ainda mais seu alcance tradicional.
Hoje em dia, seu portal de notícias, o G1, atinge em média mais de 55 milhões de usuários únicos por mês, segundo dados da Comscore. Ele possui redações em todos os estados do Brasil, está presente nas principais redes sociais e oferece versões de aplicativo tanto para iOS quanto para Android. Além disso, o conglomerado registra 190 milhões de consumidores dentro do seu ecossistema multiplataforma.
Mesmo com o avanço de concorrentes e novas formas de consumo, a Globo segue à frente em muitos momentos. Um exemplo recente foi a final da Champions League entre PSG e Inter de Milão, transmitida pelo SBT com grande investimento e narração de Tiago Leifert. Apesar da cobertura ao vivo direto de Munique, a transmissão marcou 9,07 pontos de audiência e acabou ficando atrás do Caldeirão com Mion, que cravou 9,42 pontos no mesmo horário, uma vitória simbólica para quem diz que o reinado da Globo está ameaçado.
Com o passar do tempo, os sinais de mudança são reais. A Globo já não detém exclusividade de tudo como antes. Algumas produções e eventos migraram para plataformas como a Amazon, que possuem capital para adquirir direitos de transmissão e produções exclusivas. A Cazé TV, com seu estilo informal e linguagem próxima ao público jovem, se consolidou como uma alternativa forte, principalmente no futebol. A diferença ainda está no peso da experiência: a Globo faz isso há décadas, com profissionalismo, estrutura, entrevistas exclusivas e um padrão técnico que dita o ritmo do mercado. Quem quer fazer bem, inevitavelmente precisa mirar no nível Globo.
Mais do que uma emissora, a Globo ajudou a definir o que é jornalismo, o que é entretenimento, o que é um apresentador. Determinou qual sotaque seria “neutro” na televisão, influenciou o formato das novelas e estabeleceu até o cenário de como um telejornal deveria parecer. Seu protagonismo vai além da audiência: ele molda o imaginário brasileiro. Não se trata apenas de dados, se trata de influência cultural.
Mas, mesmo com todo esse peso, fica a mais sincera dúvida: até quando esse trono será da Globo?