Antz: a revolução dos insetos
- 7 de outubro de 2021
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Questionamentos e inseguranças de uma formiga que mudou (ou não) a estrutura de um formigueiro
Esther Fernandes
Ao contrário das clássicas animações infantis, FormiguinhaZ, não começa com “era uma vez…” Em vez disso, o telespectador se depara aos primeiros minutos do filme com a crise existencial de uma formiguinha operária, em uma sessão de terapia. Fobia social, pensamento acelerado, ansiedade, complexo de abandono, negligência parental e insatisfação no trabalho são algumas patologias indicadas por Z, o protagonista da história. A trágica conclusão ao final da sessão é de que sim, ele é um ser insignificante diante do grande sistema da colônia.
O filme “Antz” foi lançado em 1999, pelo estúdio Dreamworks, no mesmo ano de lançamento do filme “Vida de inseto” da Disney. O fracasso da produção da Disney abriu as portas para Dreamwork para ultrapassar o poder da indústria do rato. Apesar de apresentarem o mesmo contexto de insetos, Antz agradou crianças e adultos, pela sua temática contraditória e sarcasmo do protagonista.
Antz (título original, traduzido no Brasil para FormiguinhaZ) conta a história de Z, uma formiga operária, que ao contrário da maioria do formigueiro, questiona sua existência e reivindica seu desejo em poder escolher o próprio caminho. A organização da colônia é estruturada em soldados, operários e realeza, esquema base de todo formigueiro. Além do operário, a princesa Bala também demonstra insatisfação em fazer parte de um complexo sistema determinista.
Apesar da impossibilidade de mudança de carreira, Z arma um plano e troca de lugar com um amigo soldado, para poder experimentar novas perspectivas e se aproximar da princesa, por quem ele é apaixonado. Essa troca, apesar de aparentar ser inofensiva, desestrutura os planos do General, que previa destruir todo o formigueiro e começar uma nova colônia, mais forte e desenvolvida.
Determinismo natural
Ao longo de toda história, conceitos filosóficos norteiam a cadeia de pensarmos de Z, que compartilha com o telespectador, caracterizando sua conversa interna, sua consciência. As ideias deterministas são as que mais entram em choque ao longo da trama. Essa linha de pensamento propõe que existem padrões de construção no mundo que desencadeiam uma série de relações de causa e efeito. Aspectos como genética e meio religioso são alguns exemplos de pontos que determinam um indivíduo.
No filme, o momento do nascimento determina a que grupo você pertence e onde passará o resto de sua vida. No formigueiro não há perspectiva de mudança, melhoria ou transformação. Todo esforço realizado é em prol do sistema de colônia. As razões que levam Z a questionar seu meio são desconhecidas, mas estabelece um ponto de revolução de toda ordem estabelecida.
A grande questão não é acerca de quem nasceu soldado ou operário, mas sim de quem ESCOLHEU ser o que é. Isso fica evidente no final, quando após derrotar o General e casar com a princesa, Z faz uma reflexão sobre o que aconteceu com sua vida depois da aventura “Eu finalmente acho que encontrei o meu lugar, e sabe o que é mais? Ele é exatamente o mesmo que era no começo mas a diferença é que dessa vez fui eu que escolhi”.