“Luca”, um conto homosexual?
- 7 de outubro de 2021
- comments
- ABJ Notícias
- Posted in Análises
- 0
A narrativa do filme da Pixar levantou várias teorias nas mídias sociais sobre referências LGBTQIA+, mas, qual será a verdade?
Giovanni Manzolli
“Luca” é o 24° longa-metragem Disney Pixar. O filme retrata a história de Luca Paguro, um garoto de 13 anos que vive um verão inesquecível na cidade de Portorosso, na Riviera Italiana. Ao conhecer Alberto Scorfano, Luca se diverte comendo muito macarrão e dando roles de Vespa (Scooter) pela cidade litorânea. Entretanto, um segredo muito importante pode colocar a vida dos dois em risco, se revelado: eles são monstros marinhos. O filme foi lançado e disponibilizado apenas na plataforma do Disney+. “Luca” só foi aos cinemas em países que não dispõem dos serviços de streaming da Disney.
A história infantil levantou grandes debates nas mídias sociais. Entre as opiniões de internautas de diversos países existe uma grande especulação em torno das relações da obra da Pixar com o mundo LGBTQIA+. Para começar a lista, uma clara proposta da narrativa de “Luca” é falar sobre como lidar com as diferenças. O pai da personagem Giulia, que começa a história como um grande caçador de monstros marinhos, tem uma casa cheia de redes de pesca e arpões. Ele passa a se apegar aos garotos. Quando os jovens revelam seu segredo, o homem muda suas convicções e os aceita como são. Isso mostra que, pela convivência, é possível superar as diferenças.
Outro argumento das redes é a comparação que tem sido feita entre as histórias de “Luca” e do filme “Me Chame Pelo Seu Nome”, do diretor Luca Guadagnino. Ambos retratam a trajetória de dois rapazes que se aproximam e vivem um momento de amadurecimento em cidades da Riviera italiana. Os personagens de “Me Chame Pelo Seu Nome” vivem, de fato, um romance homoafetivo. Obviamente que o fato de o protagonista do filme da pixar e o diretor italiano terem o mesmo nome, só levanta mais suspeitas por parte dos cinéfilos de plantão. Mas é preciso lembrar que Luca é um nome muito popular na Itália.
Continuando a lista de evidências LGBT, o conflito que Luca e Alberto enfrentam com sua identidade é muito semelhante ao que pessoas homossexuais enfrentam ao se assumirem como tal. Os meninos buscam esconder o fato de serem monstros marinhos para evitar manifestações hostis por parte da sociedade. Muitos acham que isso é apenas uma alegoria sobre a sexualidade dos adolescentes.
Coincidentemente, “Luca” foi lançado em junho, que é o mês internacional do orgulho LGBTQIA+. Isso alimentou a opinião de muita gente que acha que Luca e Alberto vivem uma relação gay.
Por fim, nos créditos do filme há a seguinte frase: “aos amigos que nos salvaram e nos ajudaram a achar nosso caminho”. A citação acendeu, mais uma vez, a luz de alerta para um enfoque queer no filme.
Apesar de todos os argumentos levantados pelo público, a Pixar nega a inserção do contexto homosexual no filme. Portanto a obra repleta de teorias que viralizaram nas redes sociais, não passa de uma história de amizade entre dois garotos-monstros no litoral da Itália. Não faltam evidências que deem base às teorias, contudo, a versão oficial dos criadores da obra não corrobora com as interpretações feitas por parte do público.