Valores fabulosos
- 9 de março de 2020
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- Thamires Mattos
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Queer Eye apresenta valores indispensáveis à sociedade atual
Rebeca Queiroz
Queer Eye é um reality show lançado pela Netflix em fevereiro de 2018. Se trata de um reboot de Queer Eye for the Straight Guy, que estreou em 2003 em uma emissora de TV norte-americana. Na nova versão da série, acompanhamos os novos cinco fabulosos, que são os apresentadores do programa e atuam em certas áreas: Bobby Berk cuida de design e arquitetura; Antoni Porowski é responsável por comida e bebidas; Jonathan Van Ness é o especialista em cuidados com o corpo e cabelo; Tan France é o estilista; e Karamo Brown, o guru de cultura, completa o quinteto. Todos eles são assumidamente gays e usam suas especialidades para transformar a vida de homens e mulheres, geralmente heterossexuais, a cada episódio. O reality conta “casos da semana” que são muito interessantes e vão muito além da parte superficial de seus “heróis” e “heroínas”, participantes que topam o desafio de se submeterem a transformações internas e externas.
Os cinco apresentadores são carismáticos, eufóricos e adoráveis. Eles comandam toda a trajetória de transformação de vida do/a participante, e ajudam os/as mesmos/as a mudarem diferentes partes de suas vidas de modo interessante. A proposta é simples em conceito e agradável ao telespectador: ao final de uma semana, cada participante deve se tornar uma versão melhor de si mesmo/a.
Risadas e lágrimas são marcas registradas do programa, afinal, ele tenta passar uma parte da realidade de cada participante. A visão de mundo de cada participante é apresentada. Elas variam de apoiadores do presidente Donald Trump à ativistas e artistas. Os cinco fabulosos e seus heróis e heroínas aprendem a compreender e lidar com a realidade um do outro. Lições valiosas podem ser tiradas a cada episódio. Em geral, cada um acaba focando em alguma das áreas de especialidade dos fabulosos, por mais que todas sejam utilizadas e mostradas sempre.
Um exemplo é o episódio “Repaginada Total”, que apresenta a história de um programador americano-indiano. Ele sofria com a autoestima baixa, e vivia em uma casa antiga com seu cachorro. O local estava sempre desarrumado e sujo. Há mais de dez anos, o participante não recebia visitas, por mais que seu trabalho exigisse certa sociabilidade. Seu mais novo projeto seria lançado em uma festa no seu apartamento, com a presença de diversos convidados e convidadas.
Os cinco apresentadores ajudaram significativamente sua vida em todos os sentidos; mudaram o visual do seu apartamento de maneira drástica, além de fazerem sugestões quanto aos cuidados pessoais do “herói”. É quase impossível relacionar o homem do início do episódio com o homem que aparece no final.
É perceptível que toda transformação feita por fora e/ou por dentro afeta de maneira profunda o estado emocional e a maneira de agir do/a participante. Realmente, o reality traz à tona suas melhores versões em vários aspectos, e isso fica claro na reação dos familiares e amigos do/a participante após a transformação.
Queer Eye não é um reality show qualquer, que simplesmente quer mostrar o cotidiano para saciar o voyeurismo do/a telespectador/a. O programa traz discussões e valores relevantes, e que agregam tanto na vida de quem participa quanto na de quem assiste o programa.
Humor, dança, drama, emoção: tudo isso e mais um pouco é mostrado no reality com histórias comoventes e marcantes. A fórmula do programa acerta em cheio na dose das técnicas de reality shows, e é altamente viciante. É impossível parar de assistir aos cinco fabulosos e suas lições de vida.